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Mostrando postagens com o rótulo Henri Matisse

Bicha feia, pobre, burra e do interior

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Arte: Reclining Male Nude. 1907. Henri Matisse. MET. Quando se é bicha de interior há um mundo estabilizado em que existem aqueles que não toleram e nem suporta os atos homossexuais e escandalosos, que a maioria dos gays do interior costumam cometer, e aqueles que fingem que não estão vendo a não-tão-bela-flor desabrochando entre pelos e pernas masculinas. Fugindo do preconceito controlado, esses gays buscam refúgio na capital, especificamente na universidade, pública ou particular, onde podem fingir que estudam cursos como teatro, música, pedagogia... Com ilusões debaixo do braço, um rosto bexiguento provocado pela acne e uma sede por sexo e álcool, esses pobres, magros e indecentes seres creem terem o mundo a seus pés e todos os outros indivíduos como seus serviçais quando na realidade bicha pobre, feia e burra do interior não consegue nada além de sexo pago ou do estigma proveniente do coitadismo de gênero. A universidade está lotada de gays desse tipo, que são repudiado...

O deus-monstro

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Young Sailor II. Henri Matisse. Met. Se você olhar com atenção, com bastante atenção, vai acabar descobrindo o monstro que habita em você e que confraterniza com o deus interior que carrega. O monstro e o deus beijam-se todas as manhãs, discutem sobre a inocência ou a culpa dos afetos e desafetos, destroem e constroem sonhos e ilusões. Digladiam-se. Amam-se. E o torna um ser deplorável, abjeto e cruel algumas vezes, enquanto que em outras o torna o anjo que habita no mais alto céu. Não é uma questão de escolha e a psicologia adora estudar e observar isso nas pessoas. As igrejas, habitadas por monstros de dentes afiados, tentam convertê-los em santos glorificados capazes de habitar nos altares limpos de tantos edifícios - sem sucesso, pelo que se pode avaliar. Você é um deus, um demônio, um humano, uma ilusão. Você é o problema e a solução. A decisão, o que mais importa nessa "jornada da vida", é se você quer realmente conhecer a si mesmo. A decisão é: tem ...

23:49 - Chamado*

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Quadro: Reflection in the Mirror. Henri Matisse. 1923.  Um chamado no portão desperta os sentidos mais inconsciente de ouvidos desatentos no fundo das ondas sonoras do medroso clamor noturno. Poupam-se os demais sentidos da surpresa desmedida feita no entardecer cedo de qualquer hora em que a vontade bate e o desejo salta aos olhos como selvagens feras buscando sua presa mais fácil e abundante. Busca em perigosos terrenos matar essa vontade e no estrangular da voz em desespero surge a imagem vulnerável de outra criatura inabitada que seu desejo pode satisfazer na travessia do mato com o rio. Sem medo ou pudor aterroriza o silêncio reinante e de sua garganta ruge sua vontade mais que apressada em fazer-se tutora de seu alvo em movimento. Desalinha o pensamento em atordoante soneto febril de querer sem limite e do finito querido arranja-lhe as maneiras de superar os obstáculos postos em seu caminho. Aproxima-se de sua presa com o sorriso escorrendo entre dentes e apertos des...

Da ciência e da rua

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Fonte: The Marabout. Henri Matisse. 1912 Durante a ditadura o governo misturou bandidos sem instrução com presos políticos, muito bem instruídos e organizados. E o resultado foi o crime organizado.  É das entranhas da Ditadura Militar que surgiram o Comando Vermelho e o Primeiro Comando da Capital - é só olhar os lemas e slogans primevos que veremos rastros daquela época. O mesmo processo de unificação do conhecimento das ruas com o conhecimento científico pode ser visto hoje, em alguns indivíduos. Da rua aprende-se a não ter medo, não importa do quê; aprende-se a enfrentar os golias, as drogas e a prostituição; aprende-se a sujar para não ser sujado, de sangue e de lama. É na rua que se forja o bandido interior. Das salas de aula aprende-se a usar o português, as ciências e a arte da sutileza; nas carteiras escolares alfabetiza-se o bandido interior e cria-se o refinado. Juntos, tem-se o corrupto, o mafioso, o traficante de alto escalão,  E é por isso que ...

Vermes Coroados

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Pintura: The Arm. Henri Matisse. 1938. Não temos honra. Ou se temos, não a empregamos devidamente. Por uma aberração social consideramos normal sermos, como diria meu amigo Newton, "filhos da puta" com os outros e conosco. Não é anormal estarmos entre víboras, aprendendo também a ser uma, e creditando ao outro toda a carga de ações antissociais.  Achincalhamos a ética, pisamos sobre amizades, destruímos amores e pervertemos a ordem dos fatos, das falas e da vida apenas para que o sucesso seja nossa constante atemporal. E, se procedemos frequentemente assim, passamos a acreditar que o anormal é ser consciente dos próprios atos, direitos e deveres, e das respectivas consequências. Transformamo-nos, portanto, em agentes do nosso próprio desassossego. C.S. Lewis, em A abolição do homem, escreveu Caçoamos da honra e nos chocamos ao encontrar traidores entre nós.   E parece-me que, quanto mais o indivíduo tenta restringir-se à sua própria significância, pedindo ...

Amor telefônico

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Pintura: Street at Biskra. Henri Matisse. 1906. Pegou o telefone, pressionou a teclinha verde. Esperou. Esperou. Bip. Bip. Bip. A imagem na telinha exibia: "Chamando..." O número discado está desligado ou fora da área de cobertura. A voz da operadora encerrando o sonho de uma tarde de outono. Bip. Bip. Bip. Após o sinal deixe seu recado sem pagar nada por isso. A voz da operadora tornou-se boazinha e agora não cobra nada para quem deixa mensagens de voz (só cobra para quem recebe) Largou o telefone sobre a cama e muitos sonos depois, muitas gorduras acumuladas adiante, Bip. Bip. Bip.                                Após o sinal deixe seu recado sem pagar nada por isso. Bip. Bip. Bip.                              Após o sinal deixe seu recado sem pagar nada por isso. Bip. Bip. Bi...

Papel e Tinta

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Pintura: Greek Torso  with Flowers. Henri Matisse. 1919. O amor vira letra desenhada em papel vulgar que, depois de dobrado, perde a forma e o tom. Esse papel deixa  nos dedos as marcas dos poemas lidos, das prosas fantasiadas, das paixões anteriores. No envelope, com a folha de papel , embarcam também rostos desconhecidos, beijos de outros tempos, tardes telegrafadas, miragens diversas. Até chegar aos olhos do destino muita água passa sob a ponte - muita água suja também. O amor, em letras de tinta azul, fica sob pilhas de livros, guardando o perfume de outros tempos, as recordações de outras, os sentimentos de passadas eras. E lá, escondido, deixa os anos passar com a mesma calma e paciência co que fez presentes infantis, efêmeras lembranças. E quem dirá, muitos anos depois, quando esse amor estiver de frente ao pelotão de fuzilamento da memória, que um dia viveu os tempos de paz? E assim a tinta vai escorrendo entre empalidecimento do tempo, do amor não apro...

O deus particular

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Pintura: Kathy with a Yellow Dress. Henri Matisse, 1951 O amor é egoísta. É intrínseco a quem o sente. É fabuloso. É mentiroso e magnânimo em suas manifestações. Dizem que precisamos do outro para amar - e isso é, por si só, uma mentira. No fundo, e de forma inadmissível, necessitamos apenas da representação física do outro. Precisamos apenas de um rosto que traduza o sentimento e de um corpo que ocupe um espaço, em algum lugar.  Todo o resto é bônus ou ônus. Quando se ama alguém todos os erros são perdoáveis, todas as faltas são justificáveis e todas as expressões humanamente possíveis são tratadas como pequenos incômodos de nosso deus particular. Porque quando se ama alguém este se torna apenas e tão-somente um deus particular capaz de mover as ilhas do pacífico, eliminar as doenças e sofrimentos do (seu) mundo e realizar milagres. Para esse deus chora-se, contra ele ira-se, a favor dele tornamo-nos Tersito. Em seu altar deixa-se a alma, as roupas do próprio corpo, ...

Não se engane, Brasil

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Pintura: Portrait of Lydia Delectorskaya. Henri Matisse. 1947 Não se engane os estrangeiros - o Brasil segue sendo o mesmo por baixo do circo armado por alguns grupos de comunicação e por alguns facções criminosas que habitam e disputam o poder no Planalto Central. No nordeste os casos de microcefalia continuam aumentando e os benefícios prometidos por governo e oposição estão com efeito retardado.  No norte, o sempre esquecido norte, movimentos sem terra continuam obstruindo as principais vias, como ocorre próximo a Canaã dos Carajás. O Sul vive os dramas da alta do dólar sobre a produção agrícola e o sudeste agoniza com a falta de saneamento básico que provoca as enchentes e alagamentos nos principais centros urbanos. O centro-oeste, bem, essa região acompanha a moda mais próxima. E enquanto telejornais tornam "normais e legais" a quebra do sigilo das telecomunicações da Comandante-em-Chefe da República Federativa do Brasil e alguns cidadãos, no livre exercíci...

Crise Moral

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The Circus (Jazz). Henri Matisse. 1943 Desde o populismo varguista o Brasil aceitou, como muita resiliência, a crise moral que se instalou nas instituições republicanas. No período ditatorial a crise foi suprimida pela necessidade de liberdade, a mais buscada era a de expressão, e pela natural justificativa  do sistema de governo instalado nos grandes centros urbanos. O problema das saídas tangentes para a repressão da ditadura foi a exclusão dos pobres das estatísticas de saúde, educação e desenvolvimento humano. Durante muito tempo os pobres e miseráveis eram apenas a escória de uma sociedade que não sustentava os próprios medos e limitações. Quando o país deixou a Ditadura para trás e iniciou seu processo de redemocratização a mídia que sobreviveu ao regime autoritário seguiu seu rumo, não sem continuar a manipulação das massas, e assim a primeira eleição presidencial, na aurora da década de 1990, foi eivada dos vírus manipulativos desenvolvidos na Ditadura. Enquanto o...

Idiossincrasia religiosa

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Quadro: Portrait of Olga Merson. Henri Matisse, 1911. Para o homem comum, que infelizmente ocupa a base da pirâmide social, todos os problemas físicos (sociais, econômicos e estruturais) e abstratos (morais e religiosos) são produtos das ações de deuses, ou de um Deus, sobre a vida ridícula deste mesmo homem. E isso explicaria o desemprego, a febre tifoide, a peste negra, as depressões econômicas, a corrupção e os assassinatos. O que o homem comum não admite, por ignorância ou extrema corrupção moral, é que as próprias ações são as únicas que podem resultar em prejuízos ou glórias durante sua não tão breve estadia na Terra. Se um homem, no auge de sua irresponsabilidade, transa com diversas mulheres e sem proteção é natural que esse homem e suas parceiras sejam portadores de doenças sexualmente transmissíveis e que cada mulher tenha, ao menos, um bastardo. Esses bastardos, sem a devida educação, poderão repetir os erros dos genitores acrescendo mais doenças e bastardos à estr...