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Mostrando postagens com o rótulo Chuva

Pedras nos bolsos

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Foto: Hiilili Kokko (figura de Katsina). The Met. .. Fez pouco sol e a chuva pegou os transeuntes de surpresa. Eu estava em casa, andando para lá e para cá, com pesos nos bolsos e me afogando em minha realidade. Apenas sufocando com ar. As nuvens, de repente, pesaram ainda mais e a luz diminuiu. Fora ficou igual a dentro. E nenhuma música foi ouvida. E tive que remexer em recentes  machucados, olhar para sangramentos e inflamações e tratar, não por cuidado, mas por necessidade social. Ninguém vai entender. Nunca vai entender. Nem mesmo quando, um dia qualquer, eu tiver ido para além-disso-aqui. Não há palavras. Não há momentos. Não há estados. Só o estar com o nariz na tensão superficial que é esses dias. E o que eu quero não importa, raios e trovões serão um alívio e um dilúvio será menos que o esperado.  Quantas vezes o mundo acabou desde 2012?

Céu abaixo

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Quem mora no agreste, quase sertão, alagoano sabe que quando faz sol é possível esquentar água para fazer chá ou café (depende da preferência) no asfalto. Em novembro a ventania é capaz de destelhar casas e o inverno é mutante - tem ano que parece verão e tem ano que é muito molhado e frio. Esse é um destes. Se brincar com a preguiça e o friozinho vai acabar recebendo uma peça pregada pelo relógio.  Em Palmeira dos Índios você vai encontrar duas situações bem distintas: a) quem mora próximo ao centro, ou seja,  na serra, vai sentir, óbvio, mais frio e a água vai ser passageira; b) já quem mora mais distante do centro, ou seja, no pé da serra, vai sentir o quanto a água causa transtorno e lama. Quem mora nos  lotes de casas populares do Minha Casa Minha Vida que o diga! A única característica que une os habitantes é tão-somente a necessidade de praguejar o clima e esperar que aquele tal político cumpra sua promessa e vá calçar a rua. As doces ilusões do povo pass...

Inquietação pelo motel

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Estava voltando do conjunto Eduardo Gomes, olhando pela janela do ônibus o resultado de uma tarde e uma noite de chuvas intensas, refletindo sobre a solidão de milhões de pessoas, que às vezes cabe dentro de uma só e às vezes não cabe em lugar algum, quando o ônibus para em um ponto sem qualquer indicação, como parecer ser muito frequente no conjunto. Levanto a vista com a mesma animação que um cachorro acordando e dou de cara com um motel esfarrapado, bem chulo.  Foto: Linha 031, Aju-S. Cristóvão Quem, em juízo perfeito, teve a ideia nada genial de colocar um ponto de ônibus em frente a um motel? Isso ninguém há de saber. O que fica claro, no entanto, é que é o pior lugar do mundo para os clientes do motel que queiram discrição e agilidade na entrada/saída. Para o proprietário, deve ser bom visto que os pobres que não tiverem automóvel próprio podem esperar umas duas horas, em média, para um mero sexo rápido e depois passar pela humilhação de esperar mais duas horas à port...

água estranha

Tem dia que amanhece nublado. Abafado. E não chove. E tem dia que chove, tornando o meio-dia tarde, a luz vacilante. Nesse dia que chove o asfalto fica encharcado, motoristas engraçados tentam molhar os pedestres e as nuvens não costumam perdoar ninguém. Isso todos já sabem. Entretanto, com tantos atrasos, tantas olhadas ao relógio, ninguém presta atenção a quem não tem onde se abrigar da água, seja um guarda-chuva, seja por opção ou destino. Esse monte de ninguém não ama nem sabe o que realmente fazer. E quem se molha, no dia que chove, talvez saiba menos ainda e tenha esquecido o significado desse verbo - amar - mas só em ter água estranha na pele, uma gripe à noite e a falta de pressa dos molhados já é um passo em direção ao abismo das reviravoltas, que só acontecem em dias de chuva.

Mudança destrutiva

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Foto: Palmeira dos Índios - AL. Rafael Rodrigo Marajá Aceitar as mudanças é necessário. Tolerar mudanças ruins é escolha. Em Palmeira dos Índios as praças, que já não passam por uma reforma há anos, começaram a ser destruídas pelo Governo Municipal para 'oferecer qualidade de vida'. No entanto, considere: a) o prazo para entrega das obras não é respeitado; b) os projetos não contemplam a arborização dos espaços públicos; c) O conceito empregado em cada praça não valoriza a história municipal. E como poderia ser melhor? Se os vereadores eleitos fossem cobrados, se os moradores de cada bairro afetado reivindicasse o cumprimento dos prazos e um projeto decente, submetido à aprovação popular, se a fiscalização fosse acirrada - isso tudo se o povo não tivesse vendido seu voto por  uma viagem de ambulância ou qualquer cinquenta reais. Enquanto isso as ruas da cidade não são reformadas, a verdadeira qualidade de vida dos munícipes e dos visitantes, em qualquer rua ...

De vez em chuva

Vez em quando a chuva cai de repente e a falta de um guarda-chuva causa o maior transtorno. É correria para a próxima marquise, é um desespero para não molhar o cabelo, a roupa, o celular. É o furdúncio que toma conta das pessoas e dos automóveis, todos procurando livra-se das inocentes gotas de água. Nesses momentos em que não há o que fazer e que não existe uma luta previamente ganha contra a chuva que cai do imenso céu antes azul, deveríamos aproveitar as gotas que lavam nossos rostos e levam, de volta às nuvens, nossas sujeiras e nossas formas primitivas de expressão, nossas desgraças e graças exageradas, nossos amores hereditários e nossas causas mais que justas – sempre justas, não é? Deveríamos não correr, mas ficar parados sob as nuvens cinza que nos faz o favor de demonstrar que a humanidade está sempre submissa aos desejos da natureza e, para esta, seremos eternamente parte de sua composição real. É quando o favor de banhar-nos se concretiza que é possível perceber...

Chuva ensolarada

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Colina do Santo Antonio. Aracaju - SE. Foto de  César Oliveira Existe quem prefira o céu aberto, radicalmente dominado pelo sol. E poucos gostam da chuva que ora traz o frio ora traz o calor para junto de quem vê o dia e não apenas as obrigações. No entanto, a maior beleza não está no sol ou na chuva plenos, mas na chuva seguida de sol, frio, tímido, a secar as gotas de água penduradas em telhados e folhas de árvores. Nesse encanto de estado em que nem tudo está claro, nem tudo frio; nem tudo seco, nem tudo molhado, pode-se ver o vento ralo escorrendo entre os galhos das árvores, de folhas largas e perfume inebriante, em uma manhã qualquer. Vento que traz a tranquilidade de um início longo de fim desconhecido. A chuva pode representar, para alguns, a tristeza recolhida cujas lágrimas assemelham-se às gotas caindo do alto das nuvens. O sol, pode igualmente representar a alegria e toda a dinâmica da vida. Porém, se olhar para a chuva seguida do sol terá o sentido real pe...