Postagens

Mostrando postagens com o rótulo Aniversário

A conservada dos conservadores

Imagem
Prestes a completar dezoito anos, a família planeja dar-lhe um notebook. Muito louvável o pensamento de que a " menina " de um aparelho para estudar - inclusive para o enem. A família faz-lhe os seus gostos - comida vegana, transporte urbano por Uber , tolerância a um namoro de benefícios questionáveis e manhas que não cabem em uma ordinária descrição são o piso sobre o qual edificam um comportamento autodestrutivo, em vários aspectos. Agora esqueceram que a mocinha perde-se entre a casa e a escola e é encontrada horas depois na casa do namorado (e só o pai nem sonha com isso), não tem disposição para estudar nem o abc do ensino médio e a própria casa não sabe o dia que foi varrida. Mas a bichinha merece um notebook para estudar, durante o dia, porque durante  a noite ela vai estudar virtualmente o que já está cansada de estudar no namoradinho mais velho. E o que isso tem de mais? Na verdade, nada, não fosse o fato de o referido núcleo familiar não se arvorasse...

A maldição da vela

Quando as velas do bolo, sempre colorido e bem açucarado, são acesas, rostos esticados em sorrisos estranhos começam a cantar clichês e a desejar "muitos anos de vida". O indivíduo assopra, espalhando saliva por  todo o bolo e os rostos alegram-se a afirmar que o reacendimento automático Dias velas significa "mais anos de vida". E uma fixação em "muitos anos de vida", como se isso fosse algo bom, que representa uma bençãos contínuas de uma divindade responsável pelos "muitos anos de vida". Uma vida longa como as de muitos Severinos descritos por João Cabral de Melo Neto é uma vía crucis que não se abrevia de nenhum modo, submetendo o triste vivente ao castigo de pecados e procrastinações sequer cometidos. Uma vida que não merece ser longa. Por outro lado, uma vida curta, cheia de aprendizado e crescimento, temperada com uma felicidade real, merece ser do tamanho que é. Porque a vida não pode ser esticada para além do humanamente possíve...

Parecença escriturária

Imagem
Comendo uma fatia do bolo de aniversário de um desconhecido, às 3h47, sob a luz fraca da minha cozinha, eu pensava sobre a dificuldade de expressar, seja em poucas linhas ou difíceis palavras, nosso sentimento ou singelo estado de ânimo para alguém que seja íntima ou que precise de palavras amáveis e afáveis. Em minha última leitura, O gato sou eu , do Fernando Sabino, ele expressava, em um de seus textos, a dificuldade de escrever uma nota de pesar; e ainda justifica revelando que o Gabriel García Márquez sofria de igual problema. Não sei se é apenas uma característica de célebres escritores ou um item intrínseco aos que são capazes de escrever sobre tudo e todos, revelando amor e ódio em linhas de aparências íntimas. E qualquer um é capaz disto, como uma vez enfatizou Neruda. O fato é que em congratulações para aniversário, quando não sei se felicito ou lamento a velhice alheia, ou em velório, quando nada há a dizer, ou ainda em outros momentos quando parece que um sorriso nã...

Feliz Aniversário, Dressa!

Imagem
Marajá e Andressa Há pessoas que não merecem nosso bem mais precioso, o tempo. Que são tão ingratas que mereciam ser depositadas em um baú e lançadas no mar. E que, mesmo assim, insistimos em  ser amigos e suportar quase tudo.  Mas há pessoas, também, que são verdadeiras pedras raras e que, sem elas, o mundo seria um pré-purgatório. São poucas, são raras e sequer podem ser tachadas de especiais, pois esse rótulo foi vulgarizado pelos outros tipos de pessoas. Conheci, anos atrás, um desses tipos raros. Cabelo cor da luz do sol no verão, pele clara, jeito de pessoa divertida, aparência de metida, com um coração do tamanho de um caminhão de X-Calabresa. Sua vida poderia ser descrita como uma festa cheia de paredões que de vez em quando param para reabastecer. Conheci. De forma impressionante, estamos há anos nos aguentando. Temos poucas histórias e pouco tempo junto, mas o que temos é uma verdadeira caixa de pandora: quem quiser abrir, cuidado! Nem todos aguentam tan...