Uma heresia de segunda

Escultura:Couple. Povos Sakalava. MET


Os muito medíocres criaram, em seu deturpado imaginário, que devemos nos arrepender de alguma ação pretérita que, pela força do querer ou não, tenhamos cometido. Nesse mesmo imaginário estamos todos sujeitos ao erro e, por esse  erro cometido, mais dia ou menos dia, devemos ser e permanecer contritamente arrependidos.

Esquecem, muito fácil, das delícias de certos erros e da necessidade de outros. Dependendo do ponto de vista e da elucidação correta de todos os fatos, não há erro. Apenas meras escolhas a serem tomadas em um mar de caos de um dado momento. 

Expressar tamanha heresia só tem um sentido: o da luz. Em uma sociedade que escolhe a religião como arma e refúgio e que, sob esses mesmos aspectos, adoece paulatinamente sem que nenhum Deus a socorra, é impressionante como Marias Madalenas modernas revisitem o conceito de arrependimento quando as convém; como homens escolham um modelo que não abale sua ardente ignorância e como, desde cedo ou no crepúsculo da existência, os indivíduos escolham o caminho mais fácil - o da gritaria, do julgamento da liberdade alheia e da servidão.

Essa sociedade medíocre está com medo dos abalos que seus prédios sofrem porque, sempre que convém, esquecem que nada dura para sempre, nem mesmo os Deuses inventados a cada esquina.

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