Trabalhador Brasileiro II

O trabalhador brasileiro não tem um dia de sossego.
Quando não está em funções que lhe exigem abdicação de sua personalidade, de seu posicionamento e identidade, encontra-se em dilemas sociais provocados por uma demagogia.
Ameaças de demissão constantes se não obedecer cegamente a ordens, por vezes antiéticas (beirando a ilegalidade) de gerentes e supervisores; e um sem fim de humilhações cotidianas que faz do brasileiro contemporâneo um negro africano ou um índio nativo, escravizados e destituídos de suas identidades e quereres. Se é intolerável a ideia de escravização de outros povos e de objetificação do ser humano em um passado não tão distante, o que dizer do mesmo movimento, sob a aceitação legal e cultural do descendentes miscigenados desses mesmos povos, ocorrendo hoje, neste exato momento?
Na volta para casa depois de um dia de trabalho em que a gerente ordena o saque de clientes de forma clara e indubitável é possível encontrar outros trabalhadores que sofrem abusos morais em lojas de shoppings; que são perseguidos por não possuírem a robustez de máquinas; que são pressionados além do limite humanamente possível para bater metas irreais estabelecidas por gestores inescrupulosos. O que todos tem em comum são empregos cuja fachada é de bem-estar (para o cliente) e de opressão cultural nos bastidores.
O trabalhador brasileiro é quem arca com os prejuízos físicos, econômicos e morais de empresas omissas e chefes cruéis. E, no fim, uma demissão sempre o aguarda. E o ciclo recomeça, em outra empresa para uns, na mesma para o próximo da fila.

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