Crônica de uma vida insuficiente X

A educação, como Paulo Freire muito bem defendeu, precisa ser transformadora e provocar, no transformado, a ousadia de defender seus princípios, que se desenvolvem ao longo da vida. Essa transformação, concretizada em pequenas ações diárias, aterroriza a Casa Grande por dar à Senzala a voz e a audácia de não ser menos que humano.
Em um país em que empregos são armas e grilhões sob o usufruto de medíocres tudo é justificado, banalizado. Trabalho escravo, humilhações, cárceres ilegais, trabalho infantil, assédio - nosso cotidiano é de terror psicológico.
Quando a Casa Grande perceber que a Senzala adquire consciência, ainda que demorada, de sua própria força e capacidade já será tarde. Porque esse país é de gente pobre, sofrida, massacrada. Sob a tinta das paredes dos palácios do varejo e da indústria está o sangue do explorado e a vida comprada com o refugo dos senhores feudais modernos.
Ainda há pobre humilhando pobre por razões de branqueamento.
Ainda há inseguros e opressores em cargos de liderança oprimindo e coagindo impunemente.
Ainda há a falta de uma educação transformadora.
Ainda há, por mais fraca que seja, a esperança de uma mudança.

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