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Mostrando postagens com o rótulo Job

Item de massa necessitada

 Somos condicionados a desprezar o descanso em prol de uma rotina atarefada e desnecessária. Sem questionar o que, efetivamente, precisamos e sem nos entender no contexto social, sempre pessoal e particular, vamos consumindo filmes por osmose, música ditada pelo "gosto popular", itens pessoais em alta na moda do momento. Acabamos nos tornando apenas mais um integrante no vasto mundo da produção em massa cuja única particularidade é escolher um tom de cinza.  É madrugada e a maioria dorme com o peso de ter que acordar bem cedo, daqui a pouco, pegar algum alimento e partir para o ponto de ônibus ou metrô para ir a empregos que pagam mal, são psicologicamente agressivos e que não satisfazem os desejos mais básicos, segundo a pirâmide de Maslow. Alguns, principalmente os chefes, hão de dizer que é melhor do que nada. Será? E é melhor para quem? Pagamos um preço muito alto pela rebeldia de viver do modo que se quer e precisa. E um preço ainda mais alto por sobreviver do modo que o...

O drama de todas as manhãs

Todas as manhãs é um recomeço e há sempre o que observar.  E se você trabalha para a iniciativa privada precisa compreender que todas as manhãs é sempre a mesma ladainha: reduzir custos, enxugar a folha de pessoal... Todas as manhãs você precisa lidar com o estrelismo de uns, o amadorismo de outros e com o medo de todos sobre aquele assunto - a demissão. Ficar impassível frente a tantas emoções, que nem são tão conflitantes assim, é ter a plena certeza da lama por onde anda, do próprio valor e das possibilidades que podem aparecer quando o terremoto do querer natural e explicadamente ganancioso do proprietário do capital abala as estruturas matinais. Todos os dias é o mesmo drama.  O problema mesmo é quando você se coloca na situação de mendigar um trabalho que mais se parece com um grilhão do que com um meio de vida ou de objetivos.  É sempre bom lembrar, em meio ao drama real de todas as manhãs, que você é maior que um trabalho, que uma empresa ou uma carreira. Se você...

Trabalhador Brasileiro II

O trabalhador brasileiro não tem um dia de sossego. Quando não está em funções que lhe exigem abdicação de sua personalidade, de seu posicionamento e identidade, encontra-se em dilemas sociais provocados por uma demagogia. Ameaças de demissão constantes se não obedecer cegamente a ordens, por vezes antiéticas (beirando a ilegalidade) de gerentes e supervisores; e um sem fim de humilhações cotidianas que faz do brasileiro contemporâneo um negro africano ou um índio nativo, escravizados e destituídos de suas identidades e quereres. Se é intolerável a ideia de escravização de outros povos e de objetificação do ser humano em um passado não tão distante, o que dizer do mesmo movimento, sob a aceitação legal e cultural do descendentes miscigenados desses mesmos povos, ocorrendo hoje, neste exato momento? Na volta para casa depois de um dia de trabalho em que a gerente ordena o saque de clientes de forma clara e indubitável é possível encontrar outros trabalhadores que sofrem abusos morais...

Trabalhador Brasileiro I

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O trabalhador brasileiro continua sendo o capacho que esconde a sujeira das elites e serve-lhe de massageador de egos. E parece que a situação do humilhado trabalhador brasileiro anda ruim (quer dizer, pior do que já era) nesses tempos de vírus faxineira. As vagas de trabalho que tanto iludem o desempregado deixaram de pedir anos de experiência e o mero inglês. Agora você precisa amar as pessoas, ter veículo próprio, morar ao lado da empresa, ser feliz e ter sonhos. Em troca o candidato poderá receber como benefício um salário questionável e a oportunidade de trabalhar 44 horas semanais e ser contratado como pessoa jurídica. O cenário é deprimente e brinca com a inteligência do mais ignorante candidato. Ser feliz? Amar as pessoas? Detectar e resolver problemas que a gerência sequer é capaz de compreender? Aceitar assédio e humilhações de empregadores que sequer sabem o português mais básico e que exigem do candidato um intelecto superior para desempenhar funções robót...

Crônica de uma vida insuficiente X

A educação, como Paulo Freire muito bem defendeu, precisa ser transformadora e provocar, no transformado, a ousadia de defender seus princípios, que se desenvolvem ao longo da vida. Essa transformação, concretizada em pequenas ações diárias, aterroriza a Casa Grande por dar à Senzala a voz e a audácia de não ser menos que humano. Em um país em que empregos são armas e grilhões sob o usufruto de medíocres tudo é justificado, banalizado. Trabalho escravo, humilhações, cárceres ilegais, trabalho infantil, assédio - nosso cotidiano é de terror psicológico. Quando a Casa Grande perceber que a Senzala adquire consciência, ainda que demorada, de sua própria força e capacidade já será tarde. Porque esse país é de gente pobre, sofrida, massacrada. Sob a tinta das paredes dos palácios do varejo e da indústria está o sangue do explorado e a vida comprada com o refugo dos senhores feudais modernos. Ainda há pobre humilhando pobre por razões de branqueamento. Ainda há inseguros e opressores em...