Postagens

Mostrando postagens de novembro, 2018

O deus-monstro

Imagem
Young Sailor II. Henri Matisse. Met. Se você olhar com atenção, com bastante atenção, vai acabar descobrindo o monstro que habita em você e que confraterniza com o deus interior que carrega. O monstro e o deus beijam-se todas as manhãs, discutem sobre a inocência ou a culpa dos afetos e desafetos, destroem e constroem sonhos e ilusões. Digladiam-se. Amam-se. E o torna um ser deplorável, abjeto e cruel algumas vezes, enquanto que em outras o torna o anjo que habita no mais alto céu. Não é uma questão de escolha e a psicologia adora estudar e observar isso nas pessoas. As igrejas, habitadas por monstros de dentes afiados, tentam convertê-los em santos glorificados capazes de habitar nos altares limpos de tantos edifícios - sem sucesso, pelo que se pode avaliar. Você é um deus, um demônio, um humano, uma ilusão. Você é o problema e a solução. A decisão, o que mais importa nessa "jornada da vida", é se você quer realmente conhecer a si mesmo. A decisão é: tem ...

As leis do interior

Em cidades interioranas a classe média são os pobres concursados ou que possuem lojas no centro comercial da cidade e que se segregaram dos iguais apenas pelo esnobismo.  Essa classe média possui todas as características e hábitos dos pobres sem que se assuma a pobreza mascarada de riqueza porque no interior leis sociais próprias regem o preconceito sobre o pobre e o "rico" e o equilíbrio dos eventos sociais. É por isso que acreditam que ir à capital é o ápice midiático. E casar uma filha com alguém da capital? O sétimo céu para os silvícolas. No governo petista esses pobres ascendentes adquiriram o status de classe média e o costume com as novas "facilidades" fez com que Jair Bolsonaro, que ameaça esse status, fosse esmagadoramente eleito. A "classe média" que jamais compra nada à vista e não valoriza a cultura é o exemplo que ilustra o ostracismo e o atraso do interior de estados como Alagoas - uma decadência que anuncia o retrocesso.

O ballet hilário

Imagem
Foto: arquivo pessoal. Os eventos natalinos na terra indígena da mesorregião alagoana estão surgindo revelando acontecimentos hilários e desastrosos nas mais diversas apresentações. Na apresentação da noite passada, no  Ginásio do Centro Educacional Cristo Redentor, o ballet à Palmeira dos Índios foi uma dessincronia tolerável, considerando a idade das bailarinas, e uma decepção logística claramente oriunda da improvisação e da "comprometimento" com o sucesso organizacional. À parte a vergonha alheia, a "família tradicional" teve a oportunidade de prestigiar crianças e adolescentes em plena superação física e natalina.  Como ja já tocará nas rádios, "então é natal e o que você fez (...)"  será uma série de risos, se prestigiou esses eventos natalinos palmeiríndios, ou de mesmice, se nada fez de diferente além de esperar pelos shows da Globo. *Fotos e vídeos do arquivo pessoal.

Paladar oriental

Imagem
Foto: arquivo pessoal A ideia surgiu assistindo os desenhos animados na TV aberta e ficou. Persistiu e resistiu aos anos e às vicissitudes da infância e aos dramas da puberdade. E quando finalmente pode ser expressado ainda passava as reprises de A Usurpadora.  Foi assim que a comida japonesa tornou-se uma fixação - um sonho de consumo - no imaginário de quem fantasiou e acrescentou sabores e cores, até, de uma forma obscenamente deliciosos. De repente, nas vielas da terra indígena, surgiu quem oferecesse comida japonesa a preços nada amigáveis. O shopping instalado em Arapiraca, com vídeos repetitivos, também instigava o desejo e a dúvida - será que presta mesmo? Dia sim, noites não, lá estava a ideia e o contato do delivery.  Ligou, perguntou, assustou-se com o preço e pediu. A espera. A demora. A dúvida. Quentinha, a bandeja foi entregue, paga e aberta como quem abre o Santo Graal da gastronomia fantástica.  Comeu. E foi a experiência mais desag...

Novíssimo rico

Imagem
Quando você passa uma parte considerável da vida abaixo da linha da pobreza e, de repente, vira um novo rico a primeira coisa que se faz é experimentar a vida dos velhos ricos.  Você veste o que eles vestem e não gosta, pelo desconforto, pela breguice ou simplesmente porque, uma vez que se é rico, dá para ditar a própria moda. Você frequenta os lugares que eles frequentam e vê que é um desperdício de tempo e dinheiro visitar lugares inférteis - em sua maioria. E, por último e não menos importante, você come o que eles comem e percebe que a comida dos velhos ricos é uma porcaria cara que só serve para tirar fotos para as redes sociais - é plástica, supérflua e pouco saudável. Como novo rico, passado o impacto do montante na conta e superado o trauma de pobre - que só pensa em dívidas e em fugir dos credores - chega-se à fase de criar o próprio conceito de "rico" (que é, também, ter dinheiro, estilo e convicção sobre os próprios gostos). Ser um novo rico é óti...

Um tic de agonia

Imagem
Óleo sobre tela: The Potato Peeler. Van Gogh. O mundo dos espertinhos vê vantagem em errar no troco, em gritar e chorar para conseguir o que almeja e em ignorar quando outrem decide acabar de vez com o sofrimento mundano, ainda que crível diminuto pela arrogância dos grandes problemas. Esse mesmo mundo que prega a fé em um Jesus Cristo, cada seita reivindicando a verdade absoluta sobre essa divindade, ignora que irmãos precisam de carona para a adoração dominical e nega ajuda a quem precisa simplesmente por falta de publicidade. Entre um drama e outro, chafurdando em exigências religiosas e sociais, um a um vai caindo de uma ponte, ou ingerindo veneno ou cortando os pulsos sem que ninguém, por mais amor que declare, aos homens ou a deuses, tome a atitude de investigar mortes gratuitas de uma população agonizante.

Natal Branco

Imagem
O Caminhos da Universidade sacolejava, na barulheira do motor antigo de sempre, ao entrar na cidade. Parou no posto três irmãos e seguiu a rotina para deixar os universitários mais perto de casa quando, de súbito, a SMTT indica um desvio na rota. A Vieira de Brito, interditada, deixava claro que um acidente ou um evento estava acontecendo ali. O ônibus entra na 20 de agosto, sobe na 15 de novembro e em pouco tempo a rota era retomada. E tudo poderia ter terminado nesse ponto, onde todos seguiriam a rotina de sempre, na sexta-feira negra do varejo. No entanto, os poucos metros interditados na Vieira de Brito guardavam o que desconto nenhum poderia comprar - um sonho, muita boa vontade e um exemplo de união. Dezenove comerciantes unidos realizavam o Natal Branco, sob a batuta da Marta do Bolo, que idealizou o evento e realizou, em 2017, a primeira edição do que se tornaria o I Natal dos Comerciantes neste ano.  Lojas abertas e decoradas, um palco e brinquedos para...

Verso ou Velório?

Imagem
A cerimônia de entrega dos prêmios do VIII Prêmio Prosa e Verso, promovido pela APALCA, foi um tanto estranha - pela magnitude do evento. Em anos anteriores, quando a presidente da Academia não era secretária de cultura do município, a cerimônia era grandiosa, com rua fechada, cronograma de apresentação de artistas e poetas e uma repercussão nada tímida. Ao contrário disso, o evento nesse ano limitou-se ao salão da sede da Academia , alguns estudantes declamando umas poesias do homenageado e uns poucos presentes. Qualquer transeunte que passasse pela porta da Apalca na hora cogitaria ser um velório. Parece que a cultura na "capital da cultura" está caindo no ostracismo. Ou seria boicote da própria gestão Júlio Cézar depois dos recentes escândalos?

A destruição das Casuarinas

Imagem
Palmeira dos Índios está indo em uma direção adversa da realidade, visando a "fama" que as  obras públicas conferem à gestão executora. A atual gestão de Júlio Cézar anuncia obras como se estivesse fazendo postagens nas redes sociais, ignorando os apelos dos munícipes e da história local. Um exemplo disso é a construção da Unidade Básica de Saúde Vereador João Soares Pinto, que será construída na praça das casuarinas, centro da cidade. Histórica, a tal "praça", ao longo de gestões negligentes, tornou-se um campo de areia cuja única serventia era abrigar parques de diversão nas épocas junina e natalina (isso quando não existia a "reformada" praça do skate). Diante da atual situação da "praça"  a gestão Júlio Cézar decidiu construir uma UBS no lugar. É claro que ter uma Unidade de Saúde é algo bom. Mas será que não tem outro lugar? Será que revitalizar a "praça" das casuarinas não renderia mais atratividade para o ego gestor? ...

A fantasia mexicana

O populacho desocupado e noveleiro adora as novelas mexicanas exibidas no SBT. Existe um certo misticismo nas comparações que se faz entre a realidade paupérrima brasileira e a ficção mexicana - ora ridícula, ora um tédio dramático. E é no drama que se alicerça o sucesso dessas novelas. O populacho gosta de torcer contra os filhos "ingratos" de mães sofredoras e choronas; de apoiar os pobres tão honrados que se humilham e deixam-se humilhar por cruéis ricos ateus; incentivar virtudes que só existem na cabeça dos pobres ficcionais ou de um amor "puro e simples" que os pobres, mexicanos e brasileiros, idolatram.  Com uma fórmula dramática, com muito choro e humilhação, sempre retratando amores impossíveis e desnecessariamente dolorosos, as novelas eternamente exibidas pelo SBT acalentam o imaginário popular, dando aquele gostinho de "justiça" que filhos e parentes reais "mereceriam" na prática. Essa fórmula mágica vende até aquecedor para nor...

Os passos do bolsonarismo: adeus Cuba

Imagem
Depois de um processo eleitoral baseado em Fake News e na imposição de vontades por meio da força e da perseguição,a sociedade brasileira, que escolheu,.por maioria, um "plano" de governo insípido e temerário, vive os reflexos de suas escolhas antes mesmo da posse oficial do presidente eleito. Ministros escolhidos de acordo com a patente militar ou indicados exclusivamente pelas bancadas da bala, do boi e da bíblia representam o perfil do governo "decente" - porque para ser decente, de acordo com os hipócritas, é preciso envergar uma farda militar com uma bíblia em uma mão e um fuzil na outra, promovendo uma caça às bruxas semelhante aos negros anos ditatoriais que mal foram encerrados. O povo, incluindo muitos pobres que possuem um carro usado, com impostos veiculares atrasados, colou adesivos de Jair Bolsonaro esperando o porte indiscriminado de armas e a defesa da família tradicional por meio de opressão à cominicomu LGBT+ - e ganhou deputados corruptos cer...

O Mercado Público de Palmeira dos Índios

Imagem
Foto: Mercado Público de Palmeira dos Índios. Rafael Rodrigo Marajá Com frequência, o Ministério Público Estadual de Alagoas interdita abatedouros clandestinos em todo o estado (e eles sempre ressurgem em outro lugar) - o mais recente caso foi em Santana do Ipanema. E o quadro apresentado em todos esses abatedouros é semelhante: animais, gato e cachorro, circulando pela área de abate, crianças zanzando por toda a edificação e carcaças jogadas no chão sujo. A desqualificação profissional dos envolvidos e a inobservância das normas de higiene e segurança do trabalho são a cereja desse bolo imundo que está espalhado em todo o estado. Mas isso é só uma parte do problema. O outro lado é a comercialização varejista desses produtos, com essa procedência, que é tão nojenta e degradante quanto o próprio abate. Em Palmeira dos Índios a comercialização de carnes e frutos-do-mar ocorre no mercado público, localizado entre o Unicompra e o Todo Dia. As condições do mercado público sã...

República dos Bananas

Imagem
A comemoração dos 129 anos da Proclamação da República, ou seja, do golpe militar na monarquia brasileira, que se seguiu por um período ditatorial comandado pelo Marechal de Ferro e que seria o precursor da ditadura sanguinária de meados do século passado, deu-se, em Palmeira dos Índios, ao som da boa música e de poesia dos talentos alagoanos.  Ironicamente, o III Sarau República dos Bananas, na noite de 15 de novembro no Restaurante Novo Oriente - Bar do Ciço -, ocorreu em um período escandaloso para a governança municipal na área cultural . Isso demonstra que, mesmo sob ataque, a cultura não é um processo engessado e dominado por uma gestão ou instituição, mas um movimento deliberadamente revoltoso e revolucionário. Nesses tempos em que a República nada mais é que uma Fake News e a democracia uma capa para o obscurantismo, o Sarau República dos Bananas mandou seu recado com a qualidade e a dignidade que sobrepõe os programas meramente políticos. Presentes, a Cia Mestr...

Escândalo cultural de Palmeira dos Índios

Imagem
A administração do prefeito Júlio Cézar está cada dia mais descreditada. Uma promessa não cumprida aqui, um boato de coerção ali e sempre um escândalo para temperar a história são os elementos de uma administração semelhante à antecessora.  A polêmica da vez é o descaso com a cultura do município e os calotes que a secretaria municipal de cultura tem dado. E como se isso não bastasse ainda tem o uso puramente político da referida secretaria em detrimento da cultura local. A Cia Mestres da Graça, grupo teatral que atua há 10 anos na cidade e região, denunciou recentemente o calote da secretaria de cultura, portanto da Prefeitura, sobre espetáculo ocorrido há quase um ano e um atual desrespeito com a própria Cia e com a população, principalmente com os estudantes. As críticas ao governo municipal e à omissão da secretária de cultura de Palmeira dos Índios, a escritora Isvânia Marques, inundam as redes sociais. E ninguém pode dizer que são críticas injustas ou infundadas porqu...

O preconceituoso Minha Casa Minha Vida

Nada é tão preconceituoso quanto a escolha do local para a construção dos conjuntos habitacionais do programa Minha Casa Minha Vida. Em Palmeira dos Índios os conjuntos ficaram distantes o bastante para que a "classe média" não precise mudar de calçada sempre que for ao mercado. Some--se a isso a falta de infraestrutura de transportes para a locomoção dos residentes, o sol inclemente típico do nordeste, a distância entre os conjuntos e as escolas, postos de saúde e lojas varejistas, por exemplo, e perceberá o quão segregadora é a localização.  O poder público não se importa com esses "detalhes". O povo sofre calado, com medo de uma retaliação.  O povo tem o governo que merece por omissão. E a vida vai seguindo, com passadas quase intermináveis quando se precisa ir até o centro da cidade, com o sol provocando um banho de suor e um cansaço sem fim.  O Minha Casa Minha Vida em Palmeira dos Índios é uma provação que transmite o descaso com o povo, que pare...

A cisão entre dominador e dominados

Perder o poder sobre alguém é uma das maiores motivações que faz com que as discussões sejam tão violentas, pois onde existe uma discussão, geralmente, há o declínio do poder que uma pessoa assume sobre outra. Esse poder, injusto e destrutivo, é a razão de quadros depressivos nas famílias, nas religiões e no trabalho. No ambiente familiar, o domínio é tido justo pelo fato de que os filhos são subalternos dos pais, incapazes de pensar e agir com livre arbítrio; e a mulher, nesse contexto, quando igualmente tratada dessa maneira, vive sob o julgo desse domínio destrutivo. Nas religiões e seitas, para manter uma hierarquia de poder sobre os bens materiais e sobre a vontade do outro, o dominador utiliza-se de promessas que nunca são cumpridas nesta vida e cuja busca pela manutenção da garantia de cumprimento dessas promessas esta atrelada a ira de uma entidade vingativa e exasperada. Afora o conto de fadas, adaptado para cada doutrina, a relação conflituosa entre dominador e dominado...

A cisão entre dominador e dominados

Perder o poder sobre alguém é uma das maiores motivações que faz com que as discussões sejam tão violentas, pois onde existe uma discussão, geralmente, ha o declínio do poder que uma pessoa assume sobre outra. Esse poder, injusto e destrutivo, é a razão de quadros depressivos nas famílias, nas religiões e no trabalho. No ambiente familiar, o domínio é tido justo pelo fato de que os filhos são subalternos dos pais, incapazes de pensar e agir com livre arbítrio; e a mulher, nesse contexto, quando igualmente tratada dessa maneira, vive sob o julgo desse domínio destrutivo. Nas religiões e seitas, para manter uma hierarquia de poder sobre os bens materiais e sobre a vontade do outro, o dominador utiliza-se de promessas que nunca são cumpridas nesta vida e cuja busca pela manutenção da garantia de cumprimento dessas promessas esta atrelada a ira de uma entidade vingativa e exasperada. Afora o conto de fadas, adaptado para cada doutrina, a relação conflituosa entre dominador e dominado...

A humilhação educacional em Palmeira dos Índios

Se um jovem cidadão de Palmeira dos Índios tiver a infeliz ideia de cursar o ensino superior nas unidades da UFAL ou da UNEAL em Arapiraca, uma vez que em Palmeira dos Índios essas instituições não oferecem a mesma gama de cursos que na cidade vizinha, o jovem cidadão terá que comprovar a necessidade de usufruir do transporte disponibilizado pela prefeitura por meio de uma burocrática e desnecessário apresentação de documentos, como se apresentar o comprovante de matrícula não fosse o suficiente. A humilhação é uma parte essencial para que o cidadão possa estudar. O ridículo disso é que o responsável pelo transporte estudantil universitário só trabalha pela manhã, em horário arbitrário, que impossibilita a resolução de problemas - do urgente ao banal -; e o ônibus possui vagas porque a burocracia e o desconhecimento sobre o serviço repelem a juventude que almeja a formação superior. Para agravar tudo isso, tem-se o fato de que se o estudante for da zona rural ele fica impossibili...

A humilhação educacional em Palmeira dos Índios

Se um jovem cidadão de Palmeira dos Índios tiver a infeliz ideia de cursar o ensino superior nas unidades da UFAL ou da UNEAL em Arapiraca, uma vez que em Palmeira dos Índios essas instituições não oferecem a mesma gama de cursos que na cidade vizinha, o jovem cidadão terá que comprovar a necessidade de usufruir do transporte disponibilizado pela prefeitura por meio de uma burocrática e desnecessária apresentação de documentos, como se apresentar o comprovante de matrícula não fosse o suficiente e como se ninguém soubesse que a prioridade tem sido para aqueles que cursam em instituições privadas. O aluno da universidade pública,  de Palmeira dos Índios, é relegado a segundo plano em favor daquele que possui recursos para frequentar a Universidade paga. Uma inversão de valores. A humilhação é uma parte essencial para que o cidadão possa estudar. O ridículo disso é que o responsável pelo transporte estudantil universitário só trabalha pela manhã, em horário arbitrário, que impossib...

O populacho e sua indignação

A indignação do populacho é, quase sempre, levado aos mais altos graus de histeria por meios midiáticos marrons. No entanto, às vezes, o populacho está com a razão. Um exemplo disso foi o que ocorreu na tarde de ontem, 10 de novembro, no conjunto Edval Vieira Gaia, periferia de Palmeira dos Índios, quando um idoso de 68 anos atropelou, duas vezes, uma criança de pouco mais de um ano. O idoso encontrava-se altamente alcoolizado, conforme constatou a Polícia Militar através do teste do bafômetro, 75% de álcool acusado; agravando-se a isso o agressor dirigia um carro não adaptado à deficiência do idoso.  Passado o choque do impacto do acidente, o idoso teve que encarar a fúria do pai da criança e dos populares que presenciaram a cena e que tiveram que fazer com que o idoso não se evadisse do local, por meio da força. Para o populacho presente, a razão prevaleceu - sem linchamento, sem agressões físicas que poderiam por em risco a vida do idoso e uma calma controlada que surpre...

Um retrato tradicional

Conheço um homem, chefe de família, que defende a tradição familiar. Uma lindeza de pilar da família tradicional. Ele deixa a esposa em casa, garantindo o futuro da família por meio de decisões racionais e sai à caça de fêmeas que pedem primeiro dinheiro, depois outros tipos de vantagens e, por último, oferecem o sexo que ele tanto faz por onde se humilhar. Mas ele, traindo a esposa, ganancioso por vantagens inúmeras, acredita que se a filha não sair com o namoradinho ela não irá transar e ser tão devassa quanto as novinhas que ele procura. Em sua doce ilusão, a filha é inocente e inerte frente as delícias sexuais que o namorado representa. Não sabe ele que a filha alicia o namoradinho quando todos saem da sala e se recostam em seus quartos para assistir TV. Ele nem desconfia que a filha alisa o volume da calça do namoradinho ate ele endurecer porque, ela descobriu, da para mamar o namorado mesmo com todos em casa. E no confortável sofá da sala, onde ela acaricia e mama a ro...

O lado B do perdão

Imagem
Mrs Hugh Hammersley. John Singer Sargent. Met. A questão do perdão não é o que se obtém ao concedê-lo ou o que não se pode ter se não o seguir de acordo com os princípios pregados nos templos religiosos. A questão séria do perdão é que ele relembra, a cada instante, a cada ação da pessoa "merecedora", que algo foi perdido, quebrado ou deturpado. Não tem a ver com uma elevação espiritual capaz de afagar os atormentados. É mais uma atenção recorrente à iniquidade que deu origem a esse ato de perdão. É por isso que ele nunca é concedido de forma plena, pois, se por um lado ele libera o indivíduo da ira do ofendido, por outro lembra ao ofendido que ele é passivo diante da ação que gerou a situação e sempre estará presente - não há esquecimento no perdão como não há ofensa sem a devida vingança. Com a moda de ser cristão, ou um falso cristão, o perdão entrou na moda e se banalizou. A vingança entrou em desuso e somente os bárbaros são capazes de cometer ato tão vil. ...

"Se ficar de 4 é 4 anos de pau dentro"

Um hit que parece que vai ser o jingle natalino na periferia não está sendo atacado por ser "vulgar" ou de mal gosto, mas por prometer o que os homens não podem cumprir - quatro horas de sexo direto na mesma posição. A velha mania de falar mais do que fazer parece ser uma característica nata do brasileiro, da periferia à Capital Federal. Na periferia os lekes e os malandros prometem fodas homéricas enquanto que a verdadeira trepada, que arreganha e assa o povo, ocorre em Brasília. Robinho Destaky,  Abalo e Fernandinho Problema, ícones da Música Popular Brasileira, popularizaram o Brasil, que ficou de quatro nas eleições 2018 e agora vai levar pau durante quatro anos - porque o tempo, numa foda, depende do tamanho do rabo de quem está, alegremente, de quatro. Isso, sem sombras de dúvidas, é o Brasil: uma novinha de quatro levando pau do macho que canta funk, ou de que quem cita o famoso slogan "O Brasil acima de Tudo. Deus acima de Todos".

A maldição da vela

Quando as velas do bolo, sempre colorido e bem açucarado, são acesas, rostos esticados em sorrisos estranhos começam a cantar clichês e a desejar "muitos anos de vida". O indivíduo assopra, espalhando saliva por  todo o bolo e os rostos alegram-se a afirmar que o reacendimento automático Dias velas significa "mais anos de vida". E uma fixação em "muitos anos de vida", como se isso fosse algo bom, que representa uma bençãos contínuas de uma divindade responsável pelos "muitos anos de vida". Uma vida longa como as de muitos Severinos descritos por João Cabral de Melo Neto é uma vía crucis que não se abrevia de nenhum modo, submetendo o triste vivente ao castigo de pecados e procrastinações sequer cometidos. Uma vida que não merece ser longa. Por outro lado, uma vida curta, cheia de aprendizado e crescimento, temperada com uma felicidade real, merece ser do tamanho que é. Porque a vida não pode ser esticada para além do humanamente possíve...

O tom da semana

Imagem
A luz entrou no quarto rasgando seu humor, como uma faca em uma bolsa plástica pressionada por pacotes de grãos e cereais. O leiteiro, primo-irmão da luz da manhã, já passava gritando, avisando aos clientes urbanos que a hora do leitinho chegou. Uma brisa fria entrou pela janela, levando os gritos do leiteiro, findando uma noite tranquila. Repentinamente, uma porta bateu e um arrastar de móveis revelou passos firmes e rápidos. Um baque surdo. Uma bolsa plástica sendo amassada. Silêncio. A porta do quarto abriu com uma força brava e uma mão descobriu o corpo sonolento. Ela tinha raiva do dia que começava, uma ansiedade incontida que trespassava-lhe a própria existência. Acordou, o amante. Olhou-a com incompreensão e desnorteamento. E um sorriso quase imperceptível pintou nos lábios quentes de uma noite bem dormida. Em pé, ela o olhava com amor e compreensão. Ele a olhava com solução, malícia, planos. Sentou-se na cama, agarrou-lhe o quadril e fê-la sentar-se no c...

O prazer de Finados

Escorrendo por entre os poros, o dia passa devagar e quente. Na TV alguém falava sobre a vida após a morte como se a morte fosse um estado semipermanente em que alguém precisa ficar por um bom tempo. _ "Lá é lindo, não há dor e todos são iguais até o juízo. .." - a voz parecia que tinha ido e voltado do mundo dos mortos como naquele filme da Pixar. Uma porta bateu e uma criança chorou ao longe. Um cachorro latiu. E, de repente, um leve estalido e o silêncio entrou, sem pedir licença. Apenas ecos e choros de crianças roçavam as paredes. Roçando-lhe a libido, uma mão subia por sua perna, apertava-lhe sua cocha e permanecia imóvel, esperando a reação, a repulsa, o ódio. Deitada, ela abriu-se mais, afastando as pernas. Empinando-se. O calor, do clima, do corpo, do quarto, sendo opressor e oprimido pelo desejo. A mão levantou-se, apalpou e caiu, desferindo-lhe um tapa inesperado.  Gemidos. Os dedos subiram, tocaram seu sexo, provocando sua umidade lasciva. A res...

A prostituição das Igrejas

Imagem
Foto: do G1, 30/10. As Igrejas foram prostituídas para a política. Os fieis, tão crentes em um Deus misericordioso, não se furtaram em abrir as portas e forrar a cama para que políticos, da extrema esquerda à extrema direita, possuíssem o Reino dos Céus na terra. E onde ficou Deus na história degradante entre religião e política? Bom, parece ter ficado de fora da festa "democrática" pelo bem da família cristã tradicional. A aberração sócio-religiosa não parou por aí. Com uma bíblia na mão e uma ou duas passagens bíblicas decoradas, candidatos saíram à caça de eleitores, aumentando a ojeriza da juventude pelos dogmas e posições "morais" das Igrejas. A crise institucional religiosa, que faz com que os fieis se debandem dos templos religiosos apenas aumentou e, pelo que se pode esperar conforme o movimento que se observa a alguns anos, só tende a aumentar depois que a exaltação política  acabar e os honrados políticos voltarem aos seus gabinetes. Da ...