Socialmente toleráveis

Quadro: The Conversation. Henri Matisse. 1911.

Sempre conheci mulheres, de fortes a fracas, de feias a belas. Todas elas, de um modo ou de outro, querem a atenção de outras mulheres e de homens, seja para defender sua posição social seja para garantir sua marca - qualquer que seja. 
De todas as mulheres que conheci, até hoje, algumas se destacam pela urgência em querer ser o centro das atenções. Na maioria das vezes a inveja alheia e a agonia de não estar em evidência acaba gerando má reputação e um rastro de lama que é muito difícil de limpar.
Essas mulheres, especificamente, acabam marginalizadas em uma sociedade hipocritamente puritana, quando a expressão, de algum modo, é aplicado à sociedade contemporânea, por usarem a beleza que dispõem e os recursos naturais de suas qualidades físicas para ocupar um lugar de destaque nas comunidades em que participam. 
Embora seja um pensamento infantil que acarreta consequências sérias, temos o hábito de não avaliar o comportamento particularizado de cada indivíduo e passamos, automaticamente, ao execrável comportamento de taxar essas mulheres como as "prostitutas sociais toleráveis". Se por um lado possuímos o hábito de tolerá-las - os homens porque se aproveitam da necessidade emocional e da urgência social destas;e as mulheres como meio de manter acesa a ira social dos paradigmas preconceituosos - para manter definida, porém falsa, impressão da dualidade social entre a retidão e a promiscuidade das relações sociais, por outro somos os agentes das más ações dessas mulheres.
Sarah Pinborough, autora da saga Encantadas, escreveu em Veneno: "As mulheres confiam demais na beleza como um poder para dominar os homens." E talvezessa a máxima que melhor descreve as tantas putas de 12 a 30 anos, as mulheres de sucesso e as irremediavelmente solteiras que caem na desgraça da fofoca por não terem o padrão de vida herdado e perpetuado desde a casa-grande-senzala do Brasil Colônia.
As mulheres precisam confiar mais no intelecto, assim como o fazem acertadamente com a beleza, para conquistar os homens e mulheres, cativar os não-admiradores e pôr fim ao ciclo vicioso da má reputação originária da vida bem-sucedida, ou da almejada. 
É evidente, por outro lado, que o comportamento e as ações dessas mulheres, que conheci e certamente ainda conhecerei, precisam mudar. E mudarão enquanto trabalham o amor próprio e os objetivos que pretendem alcançar na vida.
Sempre disse, e ajo conforme, que coloco todas mulheres na mesma balança, no mesmo altar e na mesma lama. Sendo todas iguais, nas suas desigualdades, elas acabam sendo, no fim das contas e sem esterótipos, seres humanos iguais a todos os outros - com a única e indelével característica de serem mulheres.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Reunião de faces

Maníaco do Parque: entre o personagem e o homem

Nada além do que virá