Santa preparação

Foto: roraimaemfoco.com

O mercado da carne de Palmeira dos Índios amanheceu com o espírito da discórdia passeando entre a lama e os paus das bancas. Roubo, brigas, discussões e todo o aparato para as vendas de peixe de origem duvidosa e de bebidas alcoólicas de quarta-feira compuseram essa véspera.
A ilusão de que as vendas aumentam na semana santa faz com que aflore nos vendedores e oportunistas da feira livre o desejo ganancioso de vender até a água do esgoto que serpentei entre as bancas. Esse ledo engano cria expectativas exageradas nos candidatos a vendedores e termina, sem surpresa, por deprimi-los no fim da feira ao constatarem que não houve compradores suficientes.
Todos os anos é o mesmo ritual e como animais incompetentes os vendedores nunca aprendem.
Hoje duas irmãs discutiram vulgarmente por 2 metros de rua; sitieiros já começaram a chegar e a noite promete muito movimento no mercado municipal  - cidadãos dormirão na rua para garantir que ninguém roube suas bancas (a mercadoria mesmo só chega no início da manhã de quarta-feira).
Em palavras diretas a feira livre da semana santa traduz a humilhação e a degradação do ser humano que busca, insistentemente, o dinheiro e toda a vulgaridade que ele pode comprar. Só pelo dinheiro, e somente só, essas pessoas deixam seus lares para dormir na rua, no calor ou na chuva, em meio a sujeira e na temeridade e iminência de desgraças. E embora o argumento seja o de que precisam trabalhar não se pode crer completamente em pessoas que se alvoroçam e enlouquecem aenas uma vez por ano.
Não é a necessidade que promove a loucura dos vendedores. É somente o desejo de humilhar-se.
A semana santa, no falido comércio de Palmeira dos Índios, é mais iníqua que a Babilônia. Os feirantes, por sua vez, são os babilônios inveterados das Alagoas.

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