Vandalismo do amor próprio
Uma pessoa solitária só saberá que é quando, em um meio social densamente divertido e cômodo, pensar no que fazia antes e no que fará quando cegar e casa.
E assim como um solitário sem noção da própria condição, uma pessoa com pouco amor próprio, acostumada a porradas emocionais e desatenção, só saberá que não é feliz quando, lutando contra a correnteza, alguém mostrar, na prática, o que significa uma relação saudável - seja de amor ou amizade.
O problema é que confundimos, frequentemente, amor com doação monetária e sentimento de posse e amizade com obsessão virtual.
O amor, de tanto ser dito em horas impróprias, acabou sendo vulgarizado. O vandalismo anda acabando com pessoas incríveis. O vandalismo com o amor próprio anda acabando com pessoas incríveis.
Há pessoas em que a vontade de mostrar o caminho certo, ou ao menos aquele em que não é só de porrada emocional que o amor sobrevive, faz com que o desejo de esfregar-lhe a cara no asfalto quente é mais forte que o dobro da gravidade terrestre. O perigo é que mesmo assim poderia não enxergar o óbvio.
É talvez a carência e o medo da solidão que faz com que essas pessoas incríveis sejam abjetas, no termo mais medíocre que isso significa. O medo da solidão faz-lhes aceitar qualquer porcaria como se ouro fosse e reduz a vida delas a meras sombras do que poderia ser se tivessem coragem de dizer não à dilapidação do amor próprio.
E quando esse medo tem nome e número de telefone, quando ele xinga e mente é quando o limite já ficou há muito lá atrás e o que falta apenas é a ficha cair.
E quantas terças-feiras já passaram sem que o amor próprio fosse valorizado?
Quantas terças-feiras faltam para que a degradação seja completa?
Quanto falta para a destruição da casca vazia que chama de "amor"?
Clique aqui e leia Um quarto no escuro.
Clique aqui e leia Áspide.
Comentários
Postar um comentário
Após análise, seu comentário poderá ser postado!