Luz e esquecimento

View of Toledo. El Greco. (Greek, Iráklion(Candia) 1540/41-1614 Toledo)

A luz e a escuridão são as principais colunas que sustentam dogmas religiosos, crimes, teorias sobre o bem e o mal, o lado bom e o lado ruim do homem, objetos e animais. E tudo o que o homem não entende ele demoniza e relega ao lado escuro de um mundo que só existe na cabeça meramente bipolar onde a religião habita com predominância.
Então um dia, lendo uma das maiores autoras de todos os tempos, deparei-me com o conto Enquanto houver luz, de Agatha Christie. Com uma sensibilidade impressionante e tratando da relação desencontrada daquilo que pode ser descrito como um triângulo amoroso, Christie revela a principal causa que norteia dezenas de relacionamentos: o medo da pobreza e a incapacidade de enfrentar os medos de frente.
O amor entre duas pessoas pode ser algo que ganhe dimensões exorbitantes e ultrapassar a lógica justificando-se nas insanidades cometidas “por amor”. Nesse conto é possível perceber a indecisão entre uma vida confortável e uma de miséria, entre o amor e a aparência, entre ser e querer ser. A Rainha do crime dividiu a luz e a escuridão como que separa a água do óleo e mostrou como pode ser simples a vida quando se quer.
Entre duas pessoas, que realmente se gostaram, ou se gostam, a imortalidade de uma oração é a perfeita exclamação dos sentimentos que não se traduzem:


“Enquanto houver luz, eu me lembrarei e, na escuridão, não me esquecerei.”
Enquanto houver luz, Agatha Christie

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