Cem anos de Solidão

A solidão é o pilar das ações, da vida comum e das extraordinárias façanhas que o homem já fez, e continua realizando. Solidão que constrói histórias, casos, amores, dissabores, hierarquiza o tempo e os acontecimentos e nos governa com mãos de ferro, braço nostálgico e muita força de vontade de criar raízes em lugares, mentes e corações.
O sentimento de solidão é cortante e opressor nos Aurelianos e Josés Arcádios durante os Cem Anos de Solidão. Gabriel García Márquez registrou em papel e tinta como o homem parte para uma jornada sem retorno, ainda que volte ao ponto inicial, em que o amor, o desejo, a loucura e a determinação que move os indivíduos a resistirem, ou não, ao tempo e às aspirações são elementos oriundos da casualidade que serve à solidão.
Uma obra que marca a solidão do próprio autor é também o marco na vida dos leitores quando suas emoções passam dos olhos ao papel e reflete o isolamento íntimo e fatal que o persegue. Talvez Macondo exista em todos os lugares e todos sejamos parte Buendía e nosso fim esteja traçado em pergaminhos que guardarão segredos por cem anos. Talvez, tanta solidão faça bem por um tempo e mal por outro tão longo, mas que o importante é viver bem, fazendo o que gosta e deseja.
García Márquez, de uma única vez, arrebatou o sentimentalismo e a nudez da realidade sob a ótica do futuro. E, por tanta solidão e verdade, ganhou o Nobel.

Cem anos de Solidão deve ser leitura obrigatória – é sulamericana, é realista, é fantástica.

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