Entrevista com Marcio Takenaka

M. K. Takenaka
Hoje conversamos com o Administrador e escritor Marcio Koity Takenaka, que lançou Demônios da Noite pelo Selo Novos Talentos da Literatura Brasileira. Takenaka conta-nos como foi escrever sua obra publicada, as dificuldades enfrentadas por ele  (e que é tão comum para os novos escritores) e sobre sua participação no Prêmio Jovem Escritor/ Clube de Leitura Passarinhar.







Rafael Rodrigo Marajá: Demônios da Noite é seu primeiro livro publicado. Por que publicar agora?

Takenaka: Demônios da Noite fala de um vampiro que domina um morro carioca e se torna traficante, eu quis aproveitar o interesse jovem por temas de vampiros, como temos visto no cinema, TV e literatura.

R.R.M: Durante sua vida, quais os fatos que o impulsionaram a escrever?

Takenaka: Sempre gostei muito de ler, sou fã de Stephen King, Anne Rice, André Vianco, Edgar A. Poe entre outros de gêneros literários diversos, um dia resolvi que também iria escrever. Dei início ao primeiro texto no ano 2000, mas com a correria do dia a dia abandonei o projeto, em 2010, durante o banho tive uma ideia para um conto, interrompi o banho e do jeito que estava escrevi a ideia para não esquecer. Mostrei a algumas pessoas e elas gostaram bastante, isto me estimulou a pegar o rascunho de 10 anos e completa-lo. O conto citado será publicado este ano na Antologia da Quinta Barnasiana do Bar do Escritor e veiculado durante a FLIP 2014. Demônios da Noite foi minha terceira obra em ordem cronológica.

R.R.M: Qual sua posição em relação às barreiras impostas pelas editoras aos novos escritores?

Takenaka: A impressão que me dá é que as editoras preferem escritores estrangeiros ou já afamados, mas isso vem mudando. Há muitos movimentos prestigiando a literatura nacional. Geralmente, o escritor iniciante não conhece o mercado em que quer atuar, ele tem uma história e quer que os leitores a conheçam, poucas editoras se dedicam aos novatos. No meu caso não foi diferente, entretanto, com pesquisas encontrei o Selo Novos Talentos da Editora Novo Século que, após a aprovação do texto, com contrato específico do Selo permite ao escritor a publicação de sua obra.

R.R.M: Os eventos das últimas duas décadas no Rio de Janeiro são quase personagens em Demônios da Noite. Isso foi proposital, visto que, por vezes, há passagens críticas à política nacional?

Takenaka: Os acontecimentos policiais foram mostrados implicitamente de forma proposital, em parte porque os protagonistas eram policiais militares, em outra porque usei os programas policiais como fonte de inspiração para as ações do livro, mas não há como dizer que este ou aquele acontecimento pode ser o mesmo noticiado. Não há críticas explícitas ou implícitas à política, o que há é a exposição da realidade, principalmente no que toca a segurança pública. Todos os personagens só existem na ficção, políticos, policiais, etc. Não só nacional, também houve um envolvimento de um senador norte-americano.

R.R.M: O que mais influenciou seu texto: a política, a economia ou as mazelas sociais?

Takenaka: Eu diria que um pouco de cada coisa, o que pesou realmente foi a falta de segurança, mas também foi proposital, afinal, há vampiros com certa consciência e código moral que só se alimentam do sangue dos maus.

R.R.M: Na página 538, Zorac lê Demônios da Noite em sua suíte de hotel. O que ele diria da obra?

Takenaka: Na página 358, houve aí uma inversão, fiz uma homenagem a André Vianco e seu livro Os Sete, quem já leu percebe na hora. Eu já disse anteriormente que sou fã dele, que criou um novo estilo de vampiros. É este livro que Zorac está lendo, os meus vampiros são mais tradicionais, estilo Bram Stoker e Anne Rice. É difícil saber o que Zorac diria de Demônios da Noite já que fala também dele, acho que diria que é uma biografia do seu personagem.

R.R.M: Qual dos personagens é mais autobiográfico?

Takenaka: Todos os vampiros antigos têm sua história descrita ao longo da trama, mas acho que se fosse escolher um que tem sua vida mais detalhada em várias passagens, eu diria que é Hashid. Agora, se for com relação ao autor, todos os personagens têm um pouco de mim, já que os criei, inclusive os maus, não que eu seja mau, mas para criar as situações onde o mal atua tive que recorrer ao lado negro da força, como diria Darth Vader.

R.R.M: Quais suas dificuldades em difundir sua obra?

Takenaka: Ah... São inúmeras! Começa pelo lado financeiro, necessário para uma boa propaganda. A difusão pela editora, pelo que vi, foi a divulgação do lançamento, constar no site dela com vários outros e um espaço na Bienal RJ2013 que foi muito bem aproveitado por mim, o livro esgotou duas vezes e terminou o evento com três exemplares. A maior parte da divulgação é feita no facebook, no boca a boca, e principalmente nos eventos literários promovidos por blogs em conjunto com livrarias.

R.R.M:  Diga-nos a receita para escrever fantasia nacional.

Takenaka: Ter vontade de escrever, ter uma ideia criativa, escrever, perseverar e depois da obra pronta vem a parte mais difícil.

R.R.M: E esse ano, participará da IV Edição do Prêmio Jovem Escritor, promovido pela Profª Vanusia Amorim? Qual sua opinião sobre essa iniciativa?


Takenaka: Não diretamente, mas estou disposição para apoiar no que puder. A professora Vanusia tem feito um trabalho inestimável em prol da literatura nacional. Não só pelo brilho do Prêmio, mas pela chance que o jovem escritor tem para mostrar o seu trabalho. Também no Clube de Leitura Passarinhar, seu trabalho tem sido louvável. Graças a ações de pessoas como ela a literatura nacional tem encontrado seu caminho no Brasil.


Até a próxima entrevista, Pessoal!
Essa entrevista foi concedida por e-mail.

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