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Mostrando postagens com o rótulo Prêmio Nobel

A Comissão Chapeleira

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Em 1982, na Suécia, Gabriel García Márquez expôs a solidão das Américas Central e do Sul por meio de seu discurso na cerimônia de premiação do Nobel de Literatura. Tranformou em palavras e números séculos de exploração e um finitude de governos ditatoriais que fez sangrar o mar do caribe, as grandes altitudes chilenas e o clima muito mais ao sul do equador.  Mais de trinta anos se passaram e o fantasma da dor, da tortura e da luta por uma vida livre das opressões e das violências cometidas por ditadores ainda ronda as Américas, impedindo a discussão sobre vários aspectos de uma época sombria da história americana. Mais de trinta anos depois surge A Comissão Chapeleira .  O livro 2 de A Arma Escarlate explora com delicadeza a luta contra um regime ditatorial, o estupro, o massacre de crianças e adultos e a fragilidade dos Governos diante da loucura de uns poucos. Renata Ventura expõe de maneira clara, objetiva e sensível a tortura, física e emocional, sofrida pe...

Miraflores isolado

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Bandeira da Venezuela Em seu discurso, na Real Academia Sueca, por ocasião da premiação do Nobel de Literatura, Gabriel García Márquez salientou a solidão da América Latina e do Caribe e os séculos de exploração. Mais de trinta anos depois, a América Latina e o Caribe continuam sendo preteridos, relegados a último lugar da lista de preocupações internacionais de grandes nações, sejam europeias sejam americanas. E o melhor exemplo é a Venezuela, que luta contra uma suposta "guerra econômica", fezendo vítimas pelas gerações futuras, se considerarmos os efeitos da propagação do HIV e da gravidez adolescente. Do Palácio de Miraflores o Presidente Maduro tem desencadeado uma série de arbitrariedades que já deixou até a Alemanha em regime de atenção. Executivos foram, e ainda o são, presos e julgados; redes de distribuição de alimentos são expropriadas e o povo sofre com a escassez de produtos básicos. A tal "guerra econômica" justifica as arbitrariedades, tor...

Eu não vim fazer um discurso

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Fazer um discurso não é algo fácil. Nem uma tarefa que todos sabem, naturalmente, realizar sem tremores e com o poder de cativar o público. Um discurso é um texto com vida própria e pode cativar, fazer amar, construir países ou destruir nações – tudo depende do objetivo de quem está à frente da plateia. Gabriel García Márquez , escritor de sucesso, Nobel de literatura, não gostava de discursar. E não gostando cativou plateias, da Colômbia à Suécia, compostas de jovens ou ministros e presidentes. Em seus discursos, García Márquez retratou a América Latina e o Caribe, evidenciou problemas e soluções, imortalizou amigos e dificuldades, provou – mesmo  não sendo necessário – que o medo de discursar não impede a genialidade do discurso. Eu não vim fazer um discurso reúne os discursos do Nobel ao longo de sua vida e que se mostram atualizadíssimos à realidade da América Latina e Caribe, sempre com o tom de valorização regional através da autocrítica latina e caribenha. Uma obra...

O amor de conveniência

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Portrait of faase, the Taupo, or Official Virgin, of Fagaloa Bay, and Her Duenna, Samoa. John La Farge (American, New York 1835 - 1910 Providence, Rhode Island) El amor se hace mas grande y noble em la calamidad , imortalizou o nobel Gabriel García Márquez uma vez. E talvez seja verdade. E talvez seja essa única a forma de verificar se é realmente amor ou um passatempo que serve apenas para distrair da monotonia dos dias. Não raro encontro casais, em ônibus, nas ruas ou em salas de aula, que dão a impressão de que só estão juntos por uma conveniência. Para que ninguém os incomode. Nesses momentos penso: bem que poderia haver nas lojas de conveniência de postos de combustíveis o produto “romance temporário” – sem querer menosprezar os romances temporários. É compreensível o medo das pessoas de estarem sós, de não suportarem o peso das verdades irrefutáveis que permeia a mente dessas pessoas, porém isso não justifica serem tão banais, tão sem graça e inexpressivas. O mund...

Cem anos de Solidão

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A solidão é o pilar das ações, da vida comum e das extraordinárias façanhas que o homem já fez, e continua realizando. Solidão que constrói histórias, casos, amores, dissabores, hierarquiza o tempo e os acontecimentos e nos governa com mãos de ferro, braço nostálgico e muita força de vontade de criar raízes em lugares, mentes e corações. O sentimento de solidão é cortante e opressor nos Aurelianos e Josés Arcádios durante os Cem Anos de Solidão . Gabriel García Márquez registrou em papel e tinta como o homem parte para uma jornada sem retorno, ainda que volte ao ponto inicial, em que o amor, o desejo, a loucura e a determinação que move os indivíduos a resistirem, ou não, ao tempo e às aspirações são elementos oriundos da casualidade que serve à solidão. Uma obra que marca a solidão do próprio autor é também o marco na vida dos leitores quando suas emoções passam dos olhos ao papel e reflete o isolamento íntimo e fatal que o persegue. Talvez Macondo exista em todos os lugares e...