Recomeço

Fim de tarde de Palmeira dos Índios - AL. Foto: Ivan Tenório



O verão foi-se embora junto com toda a poeira da sequidão de dias de intenso calor. Foi-se junto com o último sonho de uma noite quente e deixou para trás as previsões de um retorno ainda mais surpreendente. Foi-se com a sutileza de uma leve pena de ave aprisionada deixando-se ser preso por uma outra estação na caixa oculta do tempo.
E assim como tudo que tem um tempo, uma parcela mínima de existência diante da imensidão que compõe esta dispensação, o verão deu adeus a mais um ano. E quantos anos já se passaram desde o último março? Quantas pessoas foram enterradas entre escombros emocionais? Quantos eventos foram cancelados pela falta de fé dos organizadores? Quantos amigos morreram e quantos foram embora, a uma distância pesada demais?
Começou o outono e as folhas já preparam para cair. Algumas frutas brotarão e o calor, bem, esse continuará, talvez mais ameno em algumas regiões, nem tanto em outras. O amarelo e marrom das folhas podem trazer a surpresa ou a mesmice – vai depender do grau de boa vontade de cada um.
Nessa estação, não há partidas repentinas demais, nem o desespero da procura por um amor, como sempre ocorre no inverno e na primavera, mas há a tranquilidade de se viver sem procurar o nada que ainda é a calma e a alegria de novos amigos e novos lugares.

Ivan Lins - Lembra de mim

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