O Brega
Misturado aos glóbulos vermelho e
branco, o brega é um elemento inerente ao organismo de determinados seres e
que, sem sombra de dúvidas, torna a caminhada mais leve e tranquila. Ser brega,
desse modo nato, é adorar uma boa música de mesa de bar e cantá-la sem motivos
em qualquer situação, mesmo que o estilo seja rock, pagode ou axé. É deixar-se levar
pelas emoções que uma dor íntima, mesmo que de outrem, invada sua ociosidade. É
largar-se à despreocupação de uma malandragem tão pobre que até mesmo os
malandros profissionais tenham raiva do alto nível do malandro brega, pois,
afinal de contas, este só precisa de uma dose de cachaça e um boteco aberto. É
vestir-se despudoramente fora de moda. É andar com santo de fé (católico ou umbandista,
ou os dois) e falar-lhes avidamente. Afinal, só sabe quanto vale um santo, quem
o tem. É ter várias mulheres e ser preso apenas a uma delas. É ser gente.
Na breguice das inovações
tecnológicas e dos modelos de vida seguidos tão fortemente por pessoas que não
sabem o gosto de uma buchada de bode, com água ou cachaça da boa, a vida vai
correndo e o que importa, em um olhar mais apurado, é o quanto se foi brega
enquanto viveu.
O brega está dentro, fluindo
entre vasos, veias e artérias. Está sendo exalado por cada poro. Está sendo
respirado e transformado na expiração por algo que só pode ser descrito como um
limbo de novas concepções de produção: de cultura, vida, profissões.
Vou tirar você desse lugar - Lindomar Castilho
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