Marcificação



O calendário deveria considerado uma das maravilhas do mundo, seja qual for o período histórico. E o único feito desse elemento simples é a marcação dos dias e dos compromissos ou descompromissos. Ele não olha para trás nem busca nomes para o passado, presente e futuro. Como parte essencial das atividades que se desenvolvem, todos os dias, o calendário é o exemplo daquilo que se pode ser superável: supera a tecnologia mais moderna, as calamidades, ao hipocondrismo da humanidade e a falta de cultura.
Assim, sempre em frente, chegou o dia 60 do calendário – gregoriano. Ou, em outras palavras, o 1º de março. Se no passado, em 1692, julgaram as Bruxas de Salem, em 2013 as Bruxas que temos a julgar fazem parte de outro conceito, mais forte e destrutivo que o puramente místico.
Bruxas que são personificadas na forma da violência, da intolerância e da parcialidade corruptível do homem. Carregam ora a chancela da depressiva condição da massa populacional em lamentar, todos os dias, por meio de mídias cibernéticas, as desilusões ou amorosas ou financeiras, ora a de um povo que só tem a levar a vida do jeito que dá.
As bruxas de hoje tem endereço, nome e residência fixa. Usam automóveis no lugar de vassouras e sacrificam homens, e mulheres, no lugar de animais. Elas, em Alagoas, por exemplo, evidenciaram a falta de segurança nas Universidades Públicas com o caso chocante de tentativa de estupro de uma discente nas dependências da Universidade Federal de Alagoas, em Palmeira dos Índios. Na cidade vizinha, Arapiraca, o Câmpus da mesmaUniversidade ainda sofre o descaso do poder público em não priorizar a educação. E será que terá aula hoje lá?
E em Sergipe, chegou-se ao 60º dia do ano com casos de maus tratos a animais, quando um meliante de mais de 60 anos arrastou, preso ao seu automóvel, um Burro por vários quilômetros, só pelo prazer de maltratar, lá em Graccho Cardoso. Desavença também entre os organizadores do Pré-Caju e os aracajuanos pela garantia da paz nos lares na beira-mar, no período da prévia carnavalesca. E parece que o poder público municipal está querendo ignorar a lei e ficar ao lado de quem tem mais dinheiro.
Ato do DCE (UFS), 2013
Paralelamente a isso, o dia vai correndo tranquilo entre as obras da Universidade Federal de Sergipe, depois do grande ato do Diretório Central dos Estudantes – DCE – que pode ser resumido em desperdício de água, enquanto outras regiões, do mesmo estado, sofrem há meses com a falta desse líquido fundamental à sobrevivência. Parece que estupidez se aprende, de forma mais aprofundada, no meio acadêmico.
E, apesar de tudo isso, nas redes sociais só se veem indiretas e apelações amorosas, de relacionamentos fracassados. É a bruxa da não superação provocando perdas de tempo.
É, o calendário não sente nada disso e pula mais um dia, sempre que o tempo acaba. E os que se acordam para a vida, dão a volta por cima, deixando suas bruxas na fogueira da indiferença e lutando para melhorar o dia de amanhã.
As bruxas, sempre estarão por aqui e ali. Só resta saber quem as queimará!


Volta por cima - Maria Bethânia

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