As caixas que nos guardam



Quantas caixas você tem em casa que guarda lembranças de eventos passados e que, sem explicação aceitável, não se desfaz de tudo com um único golpe? De quantas formas você precisa para relembrar de algo que aconteceu em um passado-não-tão-distante, ou muito distante, mas que só mesmo as recordações registradas sobraram de bom?

Temos o hábito, bom, de guardar aquilo que fez bem e apagar o que fez mal, sem esquecer completamente das pancadas que levou. E isso tem um poder sem precedentes: é o poder do registro. E não importa se é uma pedra, uma folha de caderno rasurada, um bloco de anotações cheio de possíveis mentiras, ou verdades insólitas. É sempre um prazer reencontrar a si em um cheiro ou outro, em uma toalha ou outra, em uma fotografia ou outra.

Em uma caixa que guarda datas, amores, eventos, lugares, estados de humor, paixões e segredos, há sempre o que sentir – nem que seja a super camada de poeira sob a tampa que poderá deixa-lo doente por um mês.

As lembranças são as verdadeiras relíquias que nenhum relicário pode reter. E são elas que apontam para frente, sempre em frente.

Só não é preciso ter várias caixas nem inúmeros presentes inúteis para saber quem é, quem foi e quais as pessoas que realmente importaram – ainda que não mereçam ou não saibam a magnitude disso.

Em caixa que pode ser jogada no lixo, estamos todos guardados.

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