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Mulher Independente II

Sua boceta arranha. Suas dobras revelam sinais. E seu cio constante está obliterado por mentiras, remédios controlados e traições. Seu corpo é duvidoso e seus sentimentos imprecisos. Nada lhe resta. Nada. Sua serventia é está reduzida. Agora vejo sua boceta. Seu cu piscando. Seu olhar que não mais seduz. E enquanto olhar corpos alheios, sexos diversos, toco-me. E calha de toda a independência de uma mulher decidida estar embaixo de mim, a vários centímetros. Meus desejos inalcançáveis para toda essa independência. Minha porra cai em seu rosto, seus peitos, sua boceta. Vejo minha porra escorrendo em direção ao seu cu e sua cara desejosa. Mas ter minha porra escorrendo por seu corpo é uma indulgência que só mesmo o melhor dos Santos pode conceder. E é muito mais que merece.

A Mulher Independente I

A noite já tinha se perdido e a madrugada ia alta quando a Mulher Independente segurou meu pau, já duro, e massageou. Sua mente meio adormecida excitava-se apertando-me enquanto cobria os acontecimentos do dia com a desculpa da noite escura. Ficou nua. Quis montar. Mas estava seca. Seca como mais cedo, quando vestiu a roupa para encontrar o outro. Havia se depilado (raspado o cu e a boceta) para que o toque alheio sentisse a limpeza que inexiste na casa, nas roupas e na mente. Não passou perfume porque não tinha. E maquiou-se um pouco mais que a exigente decência trabalhista e menos que uma prostituta de rua. Entre estações de metrô e provadores de roupas de lojas de departamentos ela abriu a boca e chupou o pau que só então havia pegado sem querer durante as intermináveis horas de trabalho. Lambeu a cabeça provando o gosto da punheta matutina. Punhetou. Bebeu a porra toda.  Entre olhares fortuitos abriu a boceta para que os dedos dele mexesse a carne. E, ordenhado, pode meter pau ...

Crônica de uma vida insuficiente XXV

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Tem horas, muitas até, que bate o desânimo e a desesperança. São tantas injustiças, tanta crueldade, tanto querer insatisfeito que chega a sufocar e a nublar o futuro e o presente. Nessas horas a fé é questionada. E nesse embalo entram indagações sobre o objetivo de  cada ação, de cada conquista,  de cada esforço. E ninguém pode ajudar porque isso é tão íntimo que chega a ser inútil qualquer tipo de explicação ou consolo. A vida sempre é insuficiente nesse vale de lágrimas. Nela sempre há de faltar o que a inveja deseja, o que o ciúme avara, o que a mesquinhez persegue. E sempre haveremos de querer, como o Devorador, do que é do outro.  Nunca satisfeitos, a vida segue insuficiente.

Uma Terra Estrangeira I

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Avalie que a vida tem das suas revoltas e reviravoltas. E aqui, numa terra já pisada por muito (antes mesmo que esta zorra se transformasse em piada), parece haver de tudo. Há curvas que vêm dar em minha porta e um sol tão quente que parece frio. Um povo que tem uma fama de preguiçoso, mas que até agora todos que conheci têm dois empregos. Nessa terra de magia, fetiche e fantasia parece haver gostos secularmente peculiares e que eu vou demorar a provar para saber se gosto visto que são muitos. Mas avalie que a vida é isso mesmo - um estar em terra alheia até ser nossa também.

Trabalhador Brasileiro VI

Todos os dias, com chuva torrencial ou sol ardente,  com pestes diversas, o trabalhador brasileiro, amedrontado e subserviente, segue para o trabalho em ônibus lotados. Sentados próximas a ele estão a inflação, a Covid-19, as IST's,  a violência, a fome, o desprezo, a educação precária, os preconceitos, as humilhações e as escolhas para manter um status quo de assalariado que deseja ser chefe, opressivo, maléfico, cruel. O Trabalhador Brasileiro é o primeiro que morre. Substituição e dispensa certas sempre que a economia vai mal e cortes, nem sempre necessários, têm que ser feitos. Nem sempre vítima, mas sempre motivo da manutenção dos grilhões que aprisionam as gerações presente e futura, o Trabalhador Brasileiro teme a fome, mesmo passando fome todos os dias.  É massa de manobra voluntária. Rebotalho de gente. Opróbrio do capitalismo. O Trabalhador Brasileiro mantém uma estrutura de poder que o extingue aos poucos. E ele parece gostar disso. 

Crônica de uma vida insuficiente XXIV

 É meio-dia.  A vizinha da frente, como de hábito, está na porta, solitária, olhando uma rua que a ninguém interessa - seja pelo lixo, seja pela inexistência de algo interessante. Ela fica sentada à porta sempre que a cerveja acaba e os amigos de copo se vão.  Uma vida baseada em agradar para não ficar sozinha é inútil, triste e deprimente. O rosto está queimado pelos raios de um sol inclemente. Suas expressões, embrutecidas pelas ressacas e por sonhos não satisfeitos, derretem com o passar do dia. E mesmo a música, a carne assando na churrasqueira e a cerveja, nas várias vezes que promove  seu sadio divertimento não são capazes de alegrar, o coração e a alma, desse periférico cotidiano. Um dia ela vai morrer e o que terá para deixar como lembrança? O álcool, os amigos, as carnes digeridas - nada será seu epitáfio.  

Carta a um Ausente II

Hoje aquela cantora tocou na playlist aleatória. E cantou aquela música. Onde você estiver, com quem estiver, espero que esteja bem, fazendo o que gosta. De minha parte eu tento, embora nem sempre consiga (ou consiga e eu esteja sendo apenas ingrato, como sempre).  Sim, sem fotos e sem áudios.  O meu rosto não continua o mesmo. Um pouco mais velho e um pouco mais tratado.  A minha voz, sempre a mesma decepção.  De novidade tem a vida, que não para, não estagna, apesar dos esforços de alguns em me diminuir à mediocridade deles. Os medíocres sempre tentam boicotar os diferentes e os que não querem mais. O preço por não se curvar a injustos e medíocres nem sempre é barato, mas sempre vale a pena. Hoje não choveu e o casal do dendê me abençoou hoje. Saravá! Peço que ouça Onde estará o meu amor , na belíssima voz de Maria Bethânia. Dessa bela canção você entende o resto.