Crônica de uma vida insuficiente VII
Não há nada mais inútil do que tentar agradar a quem não quer ser agradado. E isso é igualmente válido para aqueles indivíduos que estão dispostos a submeter o outro à baixeza de ruins sentimentos. Quantas vezes precisaremos provar nosso valor para quem está decidido a ignorar nossas lutas, conquistas e modo de ser? Embora sejamos impelidos a movimentar um sistema social em que atitudes são dispensáveis e palavras bastam, não podemos aceitar o cativeiro do desprezo que nos é imposto. Não precisamos da aprovação de pessoas que nos odeiam. Não precisamos do amor de quem nos detesta. E, sobretudo, não precisamos provar o nosso valor para quem quer que seja. Precisamos viver de acordo com os ditames de nossa própria consciência e arcar com as consequências dos nossos atos - nessa seara somente nós somos importantes e ninguém mais pode alcançar-nos. No fim estaremos acompanhados apenas por quem realmente importa, sem títulos, sem futilidades, sem os aplausos dos detestáveis.