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Ilícito

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De olhos fechados, sentia seu corpo sob o meu, quieto, submisso. O gosto da sua boceta ainda percorria minha boca. Minha saliva tinha o gosto do seu gozo. Seu gemido, ecoando em meus ouvidos, dava-me a gana de fode-la. Preso em seu cu, sentindo sua carne temerosa, sabia que era sem volta. Empinada, em desvario lascivo, gemia com o rosto contra o colchão. Uma cadela no cio. Seu rabo engolindo-me não era o suficiente. Seu corpo precisava de marcas roxas em suas nádegas brancas, gulosas. Puxando seu cabelo para trás, sentido seu cu apertando-me, era o ponto de partida daquela homenagem de corpo no cio. Minhas mãos apertaram-lhe seus peitos – seus bicos rijos convidavam a minha língua, os meus dedos e os meus maus tratos. Aperta A-há, torcia-os com força ascendente enquanto minha boca sugava seu pescoço. Suas mãos em meu cabelo, puxando-me, davam-me o prazer do sofrimento de uma foda animalesca. Seu rabo, contraindo-se comigo dentro, me excitava continuamente. Ela era minha. Seu...

El Rey de la Habana

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Cru, agressivo, real. El Rey de la Habana não é para espíritos sensíveis que se alheiam à realidade e que buscam na agressividade injustificável do preconceito os motivos para não viver. Muito mais ousado que as produções brasileiras Cidade de Deus, Ó Paí Ó, Cidade Baixa e Bonitinha, mas ordinária, El Rey de la Habana escancara o abandono da América Latina, tantas vezes denunciado pelo nobel Gabriel García Márquez.  Não se pode dizer que seja uma produção pornográfica porque sequer chega perto dessa definição. É, antes de tudo, um retrato da periferia latino-americana que não pode fazer nada além de sobreviver à margem daquilo que o capitalismo e as crenças religiosas ditam como aceitável. É animalesco no sentido mais humano da acepção; é intenso; é triste. Com exemplos cabais de que o sexo não sustenta nem relações sociais nem amorosas, demonstra, de forma direta e sem medo, que a vida, sob a maquiagem habitual da civilidade, é somente parte de um medo muito maior que o de...

A prisão dos fracos

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Quadro: South of Scranton. Peter Blume. 1931. Metmusum Separados pela classe social - e pela incompreensível subdivisão autoimposta pelos pobres dentro da mesma classe -, pelas preferências musicais, sexuais e intelectuais, ainda temos as separações oriundas do orgulho e da vaidade, que nada mais fazem do que alimentar inverdades.  O amante que rotula o concorrente de gay, e a dúvida sobre o quão verdade isso é o deixa em estado de plena incerteza e insegurança; a mulher que nunca opina com medo de que sua expressão seja ofensiva ao amor da sua vida; a criança que grita sem ninguém jamais ouvir-lhe. Um mundo de necessitados que deixa que os rótulos, os mais diversos, sejam deuses de suas vidas.  O amante, inseguro, sempre estará na corda bamba da dúvida e, tornando-se mais um Bentinho, será corroído pela insensatez. A mulher, oprimida por si, jamais saberá o que é realmente estar sob o sol de suas próprias decisões e opiniões. A criança, sempre frustrada, será só m...

Um ego doente

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Quadro: Naked Man, Back View. Lucian Freud. Metmuseum, Antes de qualquer coisa - antes de buscar o "amor", antes de desenvolver a raiva gratuita por outra pessoa e antes de querer ser alguma coisa na vida - é preciso desenvolver o ego. Tão fundamental quanto manter relações sociais reais e virtuais, o ego é o propulsor de doenças que degeneram o caráter e que cria relações abusivas e explosivas. É preciso testar o ego - tanto na medida exata em que suporta ser maltratado quanto na extrema oposição a isso. Um ego que não foi testado de dentro para fora é incapaz de gerar um indivíduo saudável e forte, cujo caráter é provado continuamente.  As pessoas que não se submetem a provas próprias, ao limite de sua capacidade, não podem ser consideradas pessoas de verdade. São cascas cuja única função neste mundo  é gerar lixo e fezes. E o pior, para desagrado geral dos pensantes, o que mais se tem por aí são cascas. Daí surge, por exemplo, a geração floco de neve, os megalo...

Um cínico diferente

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Fotografia: Two Pupils in Greek Dress. Thomas Eakins. 1883. Metmuseum. Que coragem teve Quincas para se libertar! Quantos de nós seguimos a cartilha, competentemente sendo o molambo do querer alheio, sem nunca ter a coragem de largar tudo e ir em busca daquilo que realmente quer e gosta? Sendo perfeitos modelos daquilo que foi pré-determinado por alguém em algum lugar em um tempo muito distante, buscamos a estabilidade no emprego, o carro mais confortável, a casa que mais agrada aos olhos dos outros e a aparência e o comportamento que mais sacia aos sentimentos de uma sociedade cínica. A busca acaba se mostrando inútil. Sempre acaba assim. Então imagine que elogio ser dito como "diferente" ou "estranho" em uma sociedade que não sabe ser nada além de pré-moldados. Ser diferente entre escravocetas é não sucumbir à triste realidade da indignidade masculina. Ser estranho em uma sociedade hipócrita é a mais deliciosa sensação - o equilíbrio perfeito entre o...

Um número apenas

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Obra: Euphemia White Van Rensselaer. George P. A. Healy. 1842. Metmuseum. Ninguém gosta de saber que é só mais um número - os números são inanimados, descaraterizados de sentimentos e descartáveis. Os números são pessoas que esqueceram do poder que possuem e que, por esse motivo, imploram por atenção e um cuidado tão excessivo que seria de estranhar como a criatura consegue sobreviver em um mundo tão bruto. Entretanto, não transformamos meras pessoas em números por mero acaso. É um processo longo que demanda tempo, reflexão e o estabelecimento de prioridades. É somente quando a pessoa se torna emocionalmente pesada, exaustiva, repetitiva e sem nenhum atrativo capaz de prender-nos à sua órbita que classificamos e rotulamos cada ato do pobre indivíduo até que nada mais resta além de um vulgar número que serve apenas para causar volume nas redes sociais. Ninguém tem culpa pela procrastinação alheia. Procrastinação de inventar o que dizer, o que fazer e de tornar o ridículo int...

A moeda e a flor

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Quadro: The Steeplechase, Coney Islan. Milton Avery. 1929. Metmuseum. Se não for o dinheiro, é o amor que nos move todos os dias para um trabalho - às vezes medíocre - todas as manhãs. Quando não é o dinheiro, é esse tal de amor - que até hoje ainda não encontrei e creio que muitos milhares também não - que nos oprime e faz com que a indústria da beleza seja uma das mais estáveis. Essa dobradinha entre o amor e o  dinheiro é interessante sobretudo porque, excetuando-os, quase nada resta para nos motivar. Trabalhamos para comprar casa, carro, comida, roupa, ostentar cartões de crédito e débito. Trabalhamos para, na conquista moderna da fêmea, ter um diferencial em relação a outros machos - se você for gordinho ou simplesmente fora dos padrões fitness   pode investir no trabalho de boa remuneração; nada é tão excitante quanto um poder de compra alto. Trabalhamos  para não ficar para trás quando o assunto é sexo.  O outro lado da moeda, esse tal amor, é mu...