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Teu silêncio

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Obra: Womam in a Blue Dress. Thomas Wilmer Dewing. O teu silêncio oferece-me uma liberdade que não me agrada. A falta dos ruídos que fazes não me proporciona prazer algum. Onde está o histérico sorriso que me aprisiona em completo estarrecimento? Onde estão as suas chamadas intermitentes? Onde está você, contraditória, esquecida, que não me liga a fatos estranhos e pessoas perversas? Agora somos o que sempre fomos – pedaços, rasgos, o vazio entre as ligações. E quando a poeira acumula entre os livros, sobre as teclas do meu piano, em meus olhos e não chegas para tirar-me da solidão fica apenas as lembranças de outrora, quando aproveitávamos o sol primaveril para alçar longos voos em planos e devaneios. O teu silêncio, mais opressor que tuas injúrias, prende-me em outros silêncios ainda mais profundos, em revoluções ainda mais violentas. E esse teu silêncio não acaba nunca. Nunca acaba.

Amor russo

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Obra:The Trout Pool. Worthington Whittredge. 1870. “Se é para amar, então é amar por inteiro.” A Dócil, Fiódor Dostoiévski. Quando acordou naquela manhã e início de primavera o que lhe passou pela cabeça foram os beijos de bocas diversas, sem vida, sem vontade, sem desejo. Ansiava por um amor que pudesse avassalá-la, deixa-la enamorada pelas músicas mais infantis e pela cor opaca do mundo ao meio-dia. Sim, tinha amantes diversos. Tinha pretendentes inúmeros. Mas faltava-lhe um que lhe arrebentasse as barragens das lágrimas sinceras e das inúteis palavras amorosas. Faltava-lhe amor.  E decidiu, com determinação dos corajosos que cantam no banheiro, que tentaria encontrar o sentimento que faltava. Decidiu ser completa. Chorar por completo. Sorrir por completo. Ser completa. O amante, à sua escolha, talvez estivesse em seus contatos, quem sabe ainda não nasceu. E quando o calor aconchegante da primavera entrou pela janela em leve brisa matutina, provocando-lhe...

Fogo-fátuo

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Obra: Tables of  Ladies. Edward Hopper. 1930. “Era um amor doente, desesperado, que a consumia como uma chama.” Fogo Morto, José Lins do Rêgo. Era indecente. Vulgar. Um sentimento tão baixo quanto a própria prostituição e que lhe tirava a paz, a calma, o sossego de um amor inocente. Esse sentimento que lhe arrancava a roupa, queimava-lhe a pele e fazia-lhe ter  aspirações perigosas, era um amor ejaculado, rasgado, mordido; depravado. Tinha a consciência da destruição que acompanhava o desejo. Sabia que arrasaria cada um que tocasse. E se não poderia ser tudo o que almejava, seria apenas a si própria, queimando na fogueira de um amor violento, de paixões tão diversas e insaciáveis quanto a imaginação humana. Era sua própria consciência, seu acusador, promotor, juiz e algoz. A cada dia doía-lhe as mãos, os olhos, a boca, as pernas pela falta de mais amor, mais paixão. Não era os músculos nem um rostinho bonito o que desejava. Não era carro e grana o que...

Incerteza*

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Obra: Chance Encounter at 3 A.M. Red Grooms. 1984. É isso. Não. Aquilo, talvez Ou não Branco ou preto ou colorido Certo ao contrário Deitado ou em pé Talvez, aquilo Não, é isso Sim, é! *Poema do livro   Anjo da Guarda , de Rafael Rodrigo Marajá.

Incerteza*

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Obra: Chance Encounter at 3 A.M. Red Grooms. 1984. É isso. Não. Aquilo, talvez Ou não Branco ou preto ou colorido Certo ao contrário Deitado ou em pé Talvez, aquilo Não, é isso Sim, é! *Poema do livro   Anjo da Guarda , de Rafael Rodrigo Marajá.

O amor caiu

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Obra: A Rose. Thomas Anshutz.1907. O amor caiu em uma cratera, fraturou três costelas e teve um princípio de AVC. Quase morreu do baque e ainda hoje não se recuperou. Quando o tiraram do buraco estava negro de sujeira e a um passo da putrefação completa. Foram longos os meses de recuperação e várias infecções até que pudesse ter alta e voltasse a ser o que era. Ou tentou ser o que era. A pele refloresceu e o viço da juventude voltou, assim como a lembrança da queda livre. Jamais se livrou da imagem daqueles poucos segundos que mudou para sempre a sua vida. Jamais pôde deixar para trás os pensamentos que lhe ocorreram enquanto a dor trespassava-lhe o corpo e a sujeira tornava-o mais indecente. 

Escolho a Sheila

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Prefiro a Sheila. A corrida para o Paço Municipal está aí morna - por razões óbvias. As chapas foram reduzidas e as promessas mais que triplicaram. Temos a situação tentando se manter no poder, a oposição querendo o trono e o povo no meio do fogo cruzado. O senado em Palmeira dos Índios!? Só em crises e eleições para a manutenção do poder político e econômico.  E em meio ao furdunço, às promessas e aos abraços sob esse sol escaldante de fim de inverno e início de primavera eu simpatizei com a chapa da Sheila e do Edmilson. Dentre todas as chapas e propostas a Sheila é a única que, como vereadora, fez algo por seus eleitores e suas famílias - desconheço ONG's ou qualquer outro meio de apoio ao povo por parte dos demais candidatos. A AMPI representa uma voz para mulheres de diversas idades e tem feito um bom trabalho. E afirmo isso por observação in loco desde que a instituição surgiu.  Alguém pode dizer: Rafael, mas você não acha que não é mais que mera obrigação? Ou ...