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Quem, eu?

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Cuidar representa muito bem o amor. E cuidar requer muito trabalho e dedicação. E é essa maneira de demonstrar amor, cuidado, que fez Fernando Aguzzoli aventurar-se no vasto mundo da literatura. Quem, eu? retrata a relação entre um neto e uma avó, entre três gerações, entre uma família e uma doença. É também a expressão eternizada do amor entre indivíduos. É o cuidado retratado. Não pense o leitor que Quem, eu? é só realidade ou apenas romance. Nas páginas produzidas por Aguzzoli existem visões muito realistas, romanceadas e um quê de humor, este último, por vezes, até ameniza a realidade e faz suportar as atribulações. também não é um livro vasto. Muito pelo contrário.  Fotografias, diálogos, observações específicas sobre o Alzheimer compõem grande parte de Quem, eu? , que não diverte, não fantasia, não busca irrealidade para um leitor farto de realidades. Mas mostra-nos a vida na mais comum das situações - com uma doença atormentando os vivos. E revela-nos maneiras inusi...

Efêmero futuro

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O futuro muda toda hora e a cada pensamento que temos.  Tão abstrato e intangível que nenhuma ação deveria ser baseada em sua mera suposição, o futuro acaba sendo o limitante de experiências incríveis que poderíamos ter não fosse a necessidade de cultivar o hábito de esperar que em um tempo ainda por vir aconteça. O futuro é plano e este nem sempre sai como o desejado. E assim o mineiro levanta para mais um dia sob a terra, o metalúrgico se prepara para mais um dia escaldante e o pedreiro veste sua roupa com poeira de cimento; assim caminha o rico em uma orla e o vagabundo toma um gole de cachaça.  O esforço para uma prova de cálculo, a vontade de mudar o status social e a necessidade de selfies só revelam o quanto valorizamos o futuro próximo - ainda que o fim será a sepultura. O futuro muda, e muda muito. Em um dia um casamento é planejado, um filho recebe um nome e uma casa é escolhida. Noutro, o espermatozoide se perde e aquele filho não nasce, um pedreiro adoece...

Passo de ginga

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Tentar todos podem. Tentar nem sempre é de graça, nem sempre é fácil e invariavelmente consiste em uma quebra da zona de conforto. Tentando fazer algo encontramo-nos sós, sem opiniões úteis e com muitas opções, poucas decisões e muita terra para andar. Andar só; sempre muito bem acompanhados de nossos demônios interiores. Os anjos demoram a aparecer. Quando tentamos significa que algo não satisfaz mais e que se o novo não aparece, alguém deixa de fazer o que gosta, outro alguém morre de tédio e a infelicidade e insatisfação acaba sendo a senhora dos serviços e dos sonhos inacabados.  Daí aquele momento que tentamos mudar, e não se sabe exatamente se para melhor ou pior - só depois descobrimos, sorrimos ou choramos ou os dois, em completo estado de desequilíbrio, como compôs o poeta - é o momento mais solitário e desalentador que existe. É quando anjos e demônios se calam, Deus e o Diabo sentam para observar e os conselhos desaparecem, por medo ou falta de força. Nesse mom...

Incomodados

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Pessoas que não incomodam são incríveis! Imagine aquelas que acotovelam os outros nos ônibus, que produzem filas desnecessárias, que dificultam o acesso à informação (de qualquer tipo), que não faz o serviço (muitas vezes simples) que são de sua responsabilidade; que são pessimistas o suficiente para minar o moral de uma equipe. E não só essas, todas aquelas que gostam de gerar pequenos incômodos gratuitamente.  Pensou? Então, essas criaturas são as que tornam a burocracia ineficiente, produzem déficits e não levam o País a lugar algum e ainda se acham no direito de pedir/exigir algo dos incomodados. E não adianta dizer que "os incomodados que se mudem" - a coisa não funciona assim. Certa vez fiquei observando um indivíduo revestido do poder de incomodar. E sem muita dificuldade notei que, além de acreditar fortemente que detém a verdade, se achava o fiscal da ordem social. O resultado imediato foi a exclusão de pequenos círculos sociais até que foi completamente ne...

A louca do castelo

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Inteligente. Simples. Sagaz. Pensativo. Reflexivo. A louca do Castelo é o que se pode classificar como "meu", embora tenha sido escrito por outra pessoa. Das primeiras às últimas linhas o leitor encontrará a linguagem pura e direta como se estivesse conversando com os amigos, conhecidos; com a autora. Direta mas não vulgar, Mônica Montone é a louca do castelo que espalha pelo mundo a ousadia de ser quem é e prega a todos que também o sejam.  A leitura é rápida. As experiências e a reflexão, não. A louca do castelo é para quem está pronto a ser, a estar, a ousar. E pulando todos os passos de um encontro tímido, Montone chega com uma taça de champanhe falando tudo o que um distraído  nem pensa existir.  Uma ótima leitura. E cuidado! Existe uma louca em algum castelo por aí! Clique aqui e leia  Um quarto no escuro . Clique aqui e leia  Áspide .

Notícias traduzidas

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Os brasileiros estão em apuros quando o assunto é notícia e informação sobre o Brasil e o Mundo. A cada clique um brasileiro fica com as palavras redundantes e a visão particular sobre os fatos e nem sempre alguma opinião ou tradução é aproveitável. Portais de notícias de interior, que se preocupa em fazer propaganda de lojas ou de homicídios raramente são úteis. Já os grandes portais, alguns até com aplicativo para celular, acabam sendo meros reprodutores de notícias de agências internacionais como  a Reuters, o Financial Times e The New York Times. A cultura da reportagem traduzida incentiva a ignorância sobre as línguas estrangeiras, limitando o vocabulário e produção de cultura do brasileiro. Foto: Captura de tela da Folha de S. Paulo Nas redes sociais essas 'notícias traduzidas' geram comoção entre os internautas que só leem a chamada da notícia. Para quem gosta de tirar as próprias conclusões, esse método de informar limita o conhecimento. Traduzir pode. Mas s...

Detalhes

Todo mundo fala em sexo, ou pensa.  Na Universidade todo cara pensa em transar com alguma colega de sala (ou com a moça que passa) e toda garota não se furta em dar aquela avaliada em alguns rapazes. Nas empresas os uniformes parecem ser pensados na melhor maneira de uma trana casual e a vida torna-se uma busca interessante por sexo, quase sempre casual. O problema está nos detalhes, os mais irrelevantes, a princípio. Um desses detalhes é a roupa, e dos homens e das mulheres. Há vestidos e saias que não facilitam a vida de ninguém; calças é o artigo demoníaco no armário feminino (o contrário do masculino); e sutiãs que são artes para a moda e nada práticos para a boa e velha sacanagem do dia a dia. Para contornar isso os indivíduos precisam fazer malabarismos para estarem arrumados e praticando o sexo - muito útil quando o ato é o prelúdio de uma reunião ou festa, em público ou na iminência de alguém chegar. É o coração na mão e a mão entre as pernas e a boca perdida em algum ...