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VI Bienal Alagoana

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Vista Geral, Bienal - 02 de novembro A Bienal Internacional do Livro de Alagoas entra em sua reta com uma ótima previsão de venda de livros e um público realmente interessado em comprar obras, dos mais diferentes gêneros. Alguns fatores incentivaram para esse panorama como o aumento do poder aquisitivo das classes emergentes e o incentivo à leitura através de preços baixos. Durante o evento foi realizado todos os micro eventos de praxe, como sessão de autógrafos, exposição de arte plástica, incentivo à leitura e interação entre autor e leitor dentro e fora de lançamentos. No entanto, a Bienal é internacional. E onde estavam os autores e editoras internacionais e boa parte dos nacionais? Parte da explicação encontra-se no fato de que a Bienal alagoana acontece junto com outras Feiras e Festas, no País, e depois de alguns eventos nacionais e internacionais que aconteceram e que desviaram o foco de Editoras e Autores para outros lugares. A impressão que dá é que Alagoas está em ...

Finados

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Foto: Amanhecer de 02 de Novembro. Rafael Rodrigo Marajá O Finados raiou ao som dos tiros de Don Corleone sobre seus inimigos, com janelas abertas ao sabor da rara brisa da madrugada, ao som da vida urbana que desperta para o último dia da semana – feriado, mórbido, desnecessário. Sob o Sol que surge milhares de pés irão perguntar-se o que fazem nesse mundo “injusto” sem os maravilhosos mortos, descarnados pela terra. Todo morto é santo.  Toda puta é religiosa depois de morta. Parece não haver pecado sob as poucas pás de terra que separam o mundo dos vivos do dos mortos. A morte é generosa para com aqueles cruéis espécimes humanos que foram aprendizes de demônios em vida, pois dar-lhes a possibilidade do não pagamento em vida de seus pecados. Também é uma justa oferta de paz a todos os que foram exemplos de vida a ser seguido. A morte, tal qual o ciúme, é uma arma branca de dois gumes. Amores que se foram cedo demais. Inimigos que demorarão a ir. Saudades que ficam, am...

Santos

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Dia de todos os santos. Santos. Santo tem graça, pureza, imácula. Esse é só um tipo de santo. Representação de Exu, de James C. Lewis Tem santo de terreiro, que foi gente também. Tem santo que faz festa em dias marcados. Tem Santo que tem dia. E dos vários tipos de Santos cada um tem o seu, cada qual tem suas características e todos possuem a unicidade das benfeitorias que podem ser feitas em prol do homem e da eternidade. Também pode existir, para alguns, a ausência deles. Santo é como uma Bíblia aberta em um móvel que ninguém nunca lê, pode até esquecer que tem, mas está sempre lá. Uns não aceitam que sejam tratados como brinquedos. Outros são santificados pelo querer da elite e acabam sendo perpetuados pela eternidade, mesmo que não queiram. O mar é Santo. A Natureza é Santa. Estátua é Santificada. O Trovão é Santo. Os pedidos também. O dia de todos os santos quer dizer justamente isso: o dia é de tudo aquilo que é santo, tenha vivido ou não, seja vivo ou não, r...

Vizinha(s)

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Cond. Eucaliptus Do outro lado do quarto, no quarto do prédio vizinho, a vizinha troca de roupa. Tira calça e blusa. Refresca-se do calor. Faxina o quarto. Excita os homens do último andar do prédio de frente e irrita as mulheres do andar de baixo. Mistura a vida íntima à publicidade de celulares, fotos, sonhos e hormônios. A vizinha olha pela janela, abana-se com a mão, tenta decidir se veste a blusa branca ou a jeans. Decide tirar o sutiã. Vira-se. Revira-se. Veste-se e despe-se de novo. A vizinha é promiscua sendo natural. É gordinha com o vidro da janela, dela, fechado, e engraçada com ele aberto. Todos os dias a vizinha chega, tira a roupa e anda nua pela casa. Ela oferece água, lanche. Convida para uma tarde tórrida, com entrada pela janela do terceiro andar. A TV sempre ligada para abafar os ruídos da avenida, não os de dentro do apartamento. Sempre os de fora. A vizinha, de baixo, é sempre muito simpática, muito bonita, mas ela não anda nua. Ela não tem chance. A viz...

Metades

Vivemos em meio a esses amores tantos, diferentes, estranhos, problemáticos. Em meio à falta de amores. Enlameados na mais diversa maneira de estar. E estamos separados, com a vida insistindo em dar-nos milhares de motivos para sermos igualmente disputados nos meios em que adentramos. Isso é o que todo mundo sabe. O que ninguém sabe é essa mania nossa de falar com naturalidade das nossas coisas - que existem separadas uma da outra -, de pessoas - de nossas vidas separadas -, de flores, comida, pretérito, presente, sofrimento e vida. Nesse meio, um vendaval de dias, meses, talvez anos, encaminha um para o outro com a certeza de que não há data marcada, nem nuvens que separem-nos – exceto apenas aquela que interrompa o sinal da operadora de telefone. É o ... não. Não é o amor que nos une sob os laços que a distância impõe. Amor atrapalha, atrasa o tempo das coisas que são importantes, ilude o raciocínio e o pior: perverte as verdades que podem ser ditas. Pois também não é o d...

Os tênis do caminho

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Cena do filme Os 3 Os tropeços da caminhada, nas ruas e avenidas sempre tão iguais e poeirentas, são os obstáculos que precisam ser enfrentados para compor, aos poucos se sempre devagar, uma história, uma lembrança, amores, despedidas, encontros, recomeços. Às vezes são tantos tropeços que não tem calçado que resista, olho que não chore diante daquele amor que vai embora após tantas juras e promessas, corpo que chegue limpo ao final de um dia tropeçante. Um lance de escadas Em uma sacada Vários pares de pés Muitas propagandas é o que és! Muitos adidas todos iguais Reles e fúteis, no mais Não passam de meras propagandas Mas a mim não enganam Essas aparências sacanas... De um lado estão marcas, roupas, joias, fotografias. Do outro, estão os sentimentos – feras mutantes que não se aquietam em uma única maneira de ser. No meio, não do caminho, apenas no começo dele, está quem enxerga o chão e o céu, no mais alto grau de incompreensão, saudade, lástima ...

Entrevista com Cássio Cavalcante

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Hoje inicio uma rodada de entrevistas, ao ar sempre às segundas-feiras, em que entrevistarei escritores, políticos e pessoas que desenvolvem trabalhos ligados à ciência e tecnologia ou trabalhos que incentivam a cultura.  Cássio Cavalcante Para inaugurar essa rodada o entrevistado é o jornalista e escritor Cássio Cavalcante, autor de Nara Leão: A Musa dos Trópicos e Sob o Céu de uma Cidade, a ser lançado no próximo 31 de outubro. Cássio Murilo Coelho Cavalcante é jornalista, escritor membro da Academia Recifense de Letras e da União Brasileira dos Escritores, secção pernambucana. Escreveu diversos contos entre 2004 e 2008, todos publicados,  a biografia da Musa da Bossa Nova, Nara Leão: A Musa dos Trópicos (2009), Os Mistérios de cada Um (2007) e, a ser lançado, Sob o Céu de uma Cidade. Além disso, Cavalcante pertence a Academia de Artes, Letras e Ciências de Olinda e é Colaborador do jornal Folha do Estado do Espírito Santo, assina as colunas Bate papo Literal, do Jor...