Postagens

Na Companhia das estrelas

Imagem
O que aconteceria se uma dessas gripes (como a H1N1) exterminasse com a raça humana, ou com quase toda a raça? E se você estivesse contido nessa parcela da população que quase foi exterminada e que, diante da tragédia de viver praticamente sozinho e isolado do mundo, tivesse que aprender a se defender como pode, com os meios escassos em um retrato bizarro do que um dia foi a humanidade e todo o seu esplendoroso desenvolvimento científico e tecnológico? Capa da obra É sob essa perspectiva que Peter Heller desenvolve Na Companhia das estrelas uma narrativa fascinante em que a solidão é capaz de revelar muito mais que os olhos podem ver e revela como um homem comum escapa das armadilhas emocionais oriundas da saudade e do amor por seus entes queridos e por seu fiel companheiro. Heller descreve com muita mestria a coragem que é preciso ter para superar os desafios do dia a dia e promover o bem daqueles a quem se ama, mesmo que isso custe a própria felicidade; mesmo que iss...

Só #08

A solidão não é tão má quanto parece. É somente quando se está só que conseguimos compreender nossos atos, falhas e indecisões que nos cercam durante nosso dia a dia de maneira sutil; a solidão faz transparecer o verdadeiro "eu" de cada um de modo que cada pessoa possa autoanalisar-se. Sozinhos podemos traçar metas extraordinárias com fundo real para promoção pessoal e/ou comunitária de forma que o crescimento individual se faça na mesma proporção em que a falta de privacidade aumenta. Necessitamos do estado de solidão para compreendermos nosso presente e de todas as decisões que tomamos para chegar até o atual estado social, político e/ou psicológico e o que precisaremos fazer para alcançar pontos mais distantes que o além abstrato de injustiças e do querer pessoal e alheio. É durante a solidão que entendemos nosso verdadeiro papel neste plano e somente através da introspecção provocada por esse estado que poderemos tornar-nos pessoas com senso religioso  puro capaz de e...

Místico Câmpus/Hospital Universitário

Era 22h10min no terminal Câmpus, vizinho à Universidade Federal de Sergipe, e uma verdadeira quase multidão esperava o ônibus para irem para suas casas e realizarem seus mais desejados e secretos afazeres. Também era noite de comemorar o fim de semana nos bares do outro lado da rua, de onde se podia ver perfeitamente o terminal. Lá, nos bares, a música rolava alta, as mesas relativamente cheias e as pessoas bebiam e conversam alto, típico de uma saideira de semana agitada de aulas e provas, professores irritantes e muito estresse. Cá, no terminal, os usuários esperavam eternamente para que um ônibus chegasse e realizasse o primeiro anseio do quase fim de noite: levá-los para casa. Tudo seria dramático e romântico se não fosse um detalhe imprevisível, notado apenas por quem espera o transporte todos os dias: o misticismo do Câmpus/Hospital Universitário. Sim, esse ônibus possui um quê de preferência e obsessão por parte de quem espera para ir para casa. E é algo impressionante...

Esquecimento esquecido

Imagem
Quem nunca disse não vou esquecer e esquecendo-se do que disse, esqueceu? Dizem que nunca vai esquecer aquela ou essa pessoa, aquele ou esse acontecimento, esse ou aquele bichinho de estimação e acabam esquecendo tudo e todos que disseram um dia que não esqueceriam. Talvez seja por ter esquecido que disse que não esqueceria, ou por força de vontade muito tempo trabalhada, que os elementos inesquecíveis tornaram-se esquecidos. Tornaram-se renegados a um canto empoeirado de coisas inúteis que serviram em um passado, próximo ou distante, e que agora, no presente, futuro desse passado, não têm mais lugar para nenhum deles. As pessoas esquecem facilmente do que foi bom e que, por que foi bom causa dor no presente, gerou o inesquecível. Todos gostam do momento e do caminho eterno que as coisas boas causam, mas rejeitam todas as lembranças boas que delas originam-se apenas porque não sabem lidar ou com a dor da perda ou com a infinitude de risos e nostalgia que elas geram, nesse pr...

Bate-papo reverso (direto (verso(anverso)))

Imagem
Os serviços de bate-papo tornaram o mundo e a distância menores, sempre a uma janela de distância. Tornaram as pessoas sempre próximas. Tornaram a inanimação das palavras em tons de vozes diversos e nem sempre corretos. Esses serviços ajudaram para o bem e para o mal. Construíram e destruíram relações. Janela de bato-papo do Google Estava, outro dia, tentando conversar pelo bate-papo do Google, o Gtalk, com uma pessoa que simplesmente era incapaz de ler as palavras sem imaginar o meu tom de voz. É evidente que nunca conseguimos ter uma conversa saudável. Aliás, até hoje não temos uma conversa saudável; quer dizer, até hoje não conversamos. Então é notório que quando o serviço de bate-papo destrói a comunicação, todo o resto também é destruído. Por outro lado, o bate-papo do Facebook também piora tudo com o mecanismo de mostrar quem visualizou ou não a conversa. Isso é igualmente destrutivo. Mas aproximam as pessoas na medida em que existe a impossibilidade de comunicaçã...

Detalhe Palmeiríndio: pós 124

Imagem
No último 20 de agosto, a chamada Princesa do Sertão ( Palmeira dos Índios-AL ) completou cento e vinte e quatro anos de muita adversidade. E é evidente que como qualquer outro município brasileiro ela tem lá seus problemas. E mais que qualquer outra cidade, ela tem as disparidades mais bizarras que só a literatura consegue fazer analogia, como em Incidente em Antares.   Nos 124 anos, a Princesa, que não é lá tão sertaneja assim, não teve muitos motivos para comemoração. Mas isso é notícia velha. Ela quase nunca teve o que comemorar. Talvez a única comemoração realmente expressiva tenha sido a libertação de Graciliano Ramos, lá pela década de 1930. Fora isso, não se tem o que comemorar. Os buracos continuam, sempre e cada vez maiores. O Hospital Regional é tido como um açougue pelos palmeiríndios. A gestão Municipal é igualmente vista como o Hospital. O comércio vai de mal a pior, e com os maiores preços do mercado – para qualquer mercadoria. Não há obras públicas signifi...