Janelas
Sempre diferentes, as janelas são
exemplarmente a representação daquilo que não se pode mudar, embora talvez
sempre se queira. Quadrados de personificações variáveis, de tamanhos não
definidos, exatamente, de vistas sempre modificadas pelas mudanças na
urbanidade das pessoas, pelos movimentos dos ventos, pelos pensamentos que voam
para muito além de um infinito de pedras ou serras.
Janelas são identidades de uma
perspectiva sempre viva, apesar de devastada pelos deveres, em algumas vezes,
mas que conservam, em sua razão de existir, a necessidade de mais um vislumbre
para a noite, a madrugada, o dia amanhecendo ou um crepúsculo inexpugnável.
Janelas, ou a ideia que fazemos
delas, são simplesmente um dar de ombros sobre a realidade e seus paradigmas e
uma visão, alargada pelas frestas de um futuro sempre presente que faz com que
a racionalidade de um momento seja perdida entre o focalizar das retinas em um
ponto negro no céu sempre azul, ou em uma estrela, que mais é um avião, ou em
uma parede descascada, ou em alguém que passa, ou em uma árvore. E entre seres,
ocasos, casos, perdimentos e achados, tem-se uma janela aberta para um novo ponto
de vista, ainda que cerrada no materialismo dos humanos.
Em automóveis, aviões, charretes (onde
ainda existem), edifícios, em todos os lugares existe uma janela, mesmo que
tímida ou não percebida. E para quê?
Se os olhos, dizem, são o espelho
da alma, janelas para esta; o que são, então, as janelas que vemos por aí,
espalhadas, ignoradas tantas vezes?
Para olhar uma janela é
necessário, somente, que se queira olha como está o penteado, a maquiagem ou a
vida alheia. Para ver o que se tem através dela é suficiente apenas que se
deseje algo e desse algo se faça uma questão prazerosa, mesmo que doída.
Janelas, vidros, madeira, metais.
Não importa qual sua composição,
assim como não importa quem olha e para onde olha. O importante é tentar chegar
no lugar para onde se olha e viajar.
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