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Mostrando postagens com o rótulo Solidão

Solitariamente em boa companhia

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Só nas últimas 24h eu pedi ao zelador para olhar o meu chuveiro elétrico e desentupir o ralo do  banheiro, questionei a minha utilidade no trabalho, recusei ser trapaceado no mercado, corrigi o preço do quilo da goiaba na quitanda (o rapaz queria vender goiaba pelo preço da pêra), manifestei-me fervorosamente contra o racismo e o preconceito estrutural que querem manter sobre os Orixás, dormi, comi, defequei gostosamente, cuidei de mim, possui o corpo alheio, excluí aplicativos do meu aparelho móvel, comprei bolo e canjica (e comi), mandei mensagens que não serão respondidas logo, desisti de estudar a mais, estudei o suficiente, fofoquei, falei com pessoas que se interessam por mim e eu por elas, verifiquei textos esperando a publicação em revista, pensei em criar novos perfis com os mesmos nomes, pensei em ex-pessoas, imaginei cenários, interagi em lives,  assisti um filme... E mesmo assim não abri aplicativos de redes sociais para informar ao mundo a insignifican...

Re-seleção social

Há quem diga que ficar em casa é ruim. E a maioria que fala isso está nas classes econômicas c,d, e e são muito suscetíveis à influência da mídia sensacionalista. São pessoas que têm dificuldade em reconhecer um livro ou não sabem exatamente o que fazer com ele quando tem um na mão. Desesperam-se por nada e escondem seus problemas reais com fanatismos e achismos temperados com lives, como virou moda entre os cantores populares do Brasil. O povo, os pobres que creem-se ricos e os miseráveis que creem-se classe média, estão apalermados entre declarações desconexas de um Presidente sem noção de tempo e espaço e os comentários dos novos biomédicos que surgiram com a pandemia e que são formados nas faculdades de redes sociais. O que atemoriza essas pessoas não é o medo de infecção pelo novo coronavírus. É a realidade exigir cada vão detalhe que faz de vidas insignificantes a rotina do trabalho servil. Casamentos falidos que se sustentam pelo distanciamento, viciados que não podem esco...

Solidão alheia

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Foto: Manoel de Barros, em Menino do mato A solidão alheia preocupa-me. E muito. A minha não - eu leio, escrevo, estudo, ouço álbuns, reflito, planejo, estabeleço e destruo metas, meço o cabelo e por aí; acaba que nem lembro dela, apesar dela estar sempre quietinha na cadeira ao lado. Já a alheia é perigosa. Fatal. Terrível. Os outros buscam outras solidões para sobreviver aos dias, às lembranças, às manias, aos achismos. O problema é que é uma solidão como remédio para outra. É quase como tratar um doente do fígado com cachaça - não sai nada de bom. E o pior: conformam-se com pouco, com maus-tratos, com grosserias apenas para não encararem a realidade inevitável - a solidão não se trata, convive-se com ela. Daí, os resultados imediatos são casamentos frustados, negócios fracassados, discussões drogas, agressões, fofocas, religiões ridículas. A solidão alheia é perigosa porque causa destruição por onde passa. Prefere ferir a sorrir. É motivo e combustível de intrigas. É o de...

Só #08

A solidão não é tão má quanto parece. É somente quando se está só que conseguimos compreender nossos atos, falhas e indecisões que nos cercam durante nosso dia a dia de maneira sutil; a solidão faz transparecer o verdadeiro "eu" de cada um de modo que cada pessoa possa autoanalisar-se. Sozinhos podemos traçar metas extraordinárias com fundo real para promoção pessoal e/ou comunitária de forma que o crescimento individual se faça na mesma proporção em que a falta de privacidade aumenta. Necessitamos do estado de solidão para compreendermos nosso presente e de todas as decisões que tomamos para chegar até o atual estado social, político e/ou psicológico e o que precisaremos fazer para alcançar pontos mais distantes que o além abstrato de injustiças e do querer pessoal e alheio. É durante a solidão que entendemos nosso verdadeiro papel neste plano e somente através da introspecção provocada por esse estado que poderemos tornar-nos pessoas com senso religioso  puro capaz de e...