Certos dias bestiais
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Foto: Statuette of standing nude goddess. MET. |
A cada minuto, de certos dias, a gente vai acumulando, sem perceber, quantidades desenfreadas de raivas e ódios diversos - da lama que suja a roupa ao atendente incompetente da lanchonete de fast food, passando pelo professor procrastinador e terminando em casa, com o vizinho ou com o colega de quarto.
O somatório dos minutos culminam, no fim do dia, num sentimento de exaustão em que a burrice alheia, os absurdos ouvidos e as palavras não ditam simplesmente tiram a paciência, muito embora a aparência seja de mar navegável.
Certos dias como esses saltam aos olhos a pequenez dos invejosos, a inconveniência dos falatrões e a aberração de uma sociedade composta de gente que tem medo de água e de banhos, da verdade e de deuses distantes.
Há que premiar quem suporta, sem reclamar, a bestialidade desses dias - sempre seguidos pela incerteza do que virá no próximo.
E há que se dizer, a todos os que cruzam palavras com atos mesquinhos, formando uma vida diminuta que transforma o dia dos outros em um inferno sem fronteiras: que a vida só tem sentido para alguns.
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