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Mostrando postagens com o rótulo Eugène Delacroix

Na medida certa

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Arte: Eugène Delacroix. Met. Somos nós maiores que as circunstâncias ou são estas majestades de um cotidiano escrito por mãos sagradas e ausentes? Há quem sempre diga que somos resilientes, resistentes e pacientes e que, graças a essas e tantas outras características, somos maiores que as circunstâncias, problemas e estados degradantes. O que não dizem que é somos realmente maiores que isso, porém sobreviveremos a elas com farrapos sobre o corpo, cicatrizes marcando cada membro e uma infinidade de outras avarias que nos permite sobreviver, apenas. E recomeçar tão-logo superemos nossas próprias, internas e psicológicas, feridas. No curto prazo, as circunstâncias são maiores que nós. No longo prazo, se respirarmos ainda, nós somos os vencedores de uma batalha que já nasce com a chancela de sangrenta, violenta e mortalmente destrutiva. No fundo, somos do tamanho certo. Nem mais heróis, nem menos facínoras. Invenções que melhoram nossas vidas e que nós melhoramos a partir d...

Tesouro e coração

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Arte: Nereid, after Rubens. Eugène Delacroix. Met. A bíblia diz, como os muito evangélicos citam esse livro, que onde estiver o nosso tesouro, aí estará o nosso coração. Tesouro e coração são palavras lindas de serem usadas em livros de ficção ou mitológicos, como a bíblia, nos dois casos. Tesouro sempre é ligado, no imaginário popular, à dinheiro. E se o seu tesouro não for monetário nem metálico? Se o seu tesouro não for inanimado? Se o seu tesouro não for religioso ou mitológico? Se o seu tesouro for você mesmo? Então seu coração será o seu tesouro. O meio e o fim juntos em uma única localização passível de destruição física e de inexistência no pós-vida.  O coração, que não é em formato de bunda e muito menos romântico que o habitual, bate em tórax de músculos, ossos e nervos e o tesouro nem é o ferro diluído no sangue. Caindo ainda mais na realidade e distanciando do ilusório mundo bíblico dos hebreus caímos na realidade atual em que o dinheiro é nosso Deus e n...

As vítimas acadêmicas

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Imagem: Mademoiselle Rose. Eugène Delacroix. MET. Quando não é a "ansiedade" é o vitimismo que torna ridícula a vida dos próximos "profissionais" que ora infestam os corredores universitários.  É de uma dramaticidade que até parece que se tem, em cada curso de graduação, uma disciplina de teatro.  Uns jogam-se ao chão depois de duas doses de licor. Outros declaram amor eterno em um relacionamento de duas semanas e ainda há aqueles que se tornam o esgoto do campus, por livre e boa vontade. Sem excluir aqueles que creem na cultura do sofrimento acima de tudo como se o grau de sofrimento determinasse o quão merecedor é daquele grau. A universidade está cheia de loucos, como se não bastasse os de índole questionável que se dizem íntegros, sem nem ao menos praticar o decreto 1171. Fico observando esse indivíduos, que fugiram da casa dos pais com a justificativa da graduação e que não passam de flagelos intelectuais imitando os que pensam e objetivam suas ...

"Benfeitores" divinos

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Arte: Christ in the Garden Olives. Eugène Delacroix. MET. Não é raro que benfeitores apareçam de todos os lados, cada um querendo o bem e cheios de interesses não-tão ocultos assim. Uns usam a Bíblia e seus versículos inaplicáveis do Velho Testamento, outros usam O Livro de Mórmon e ainda há aqueles que lançam mão apenas de "bons sentimentos" para manipular o outro na direção que desejam. Quando isso não funciona, restam ameaças veladas e um punhado de argumentos incisivos e intimidadores. O que esses benfeitores não aceitam, além de uma recusa simples e indiscutível, é que o ser em manipulação não ceda a argumentos, ameaças religiosas ou físicas e continue na paz e na tranquilidade que tanto são atacadas. Os candidatos a manipulação não só precisam ficar atentos como também firmes em seus princípios. Não ceder, nem por piedade, foge aos conceitos de "orgulho" e "amor próprio" porque a questão concentra-se em que se é e em quem quer se tornar. ...

Nuvens de milagres

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Arte: Male Academy Figure: Half-Lenght, Side View. Eugène Delacroix. MET. Uma hora as coisas estão indo bem e em outra elas vão mal. O que fazer, então, quando uma nuvem obscurece a luz da esperança (e quiça da bonança)? Temos, como seres humanos preguiçosos, a necessidade do elogio e da constatação de que tudo sempre vai bem. Não suportamos uma nuvem de contrariedade, de qualquer tipo, nem de qualquer grau. Quando as coisas vão bem nós adoramos divindades, sorrimos, ficamos preguiçosos e relevamos grandes e degradantes ofensas. Quando tudo vai bem não nos importamos com detalhes e somos chatos, irascíveis e terríveis. E talvez seja por isso que as coisas boas durem tão pouco. Quando as coisas vão mal nós xingamos, nos revoltamos e sofremos como condenados sem a menor possibilidade de absolvição. No entanto, é nessa hora, quando tudo parece ir de mal a pior e a luz no fim do túnel é apenas uma miragem que se inventa para fábulas sem moral que promovemos o progresso e o ...

Reunião de faces

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Arte: Eugène Delacroix. MET Exu Tranca-Ruas Poema a Oxum Poema sem título Poema final Um poema despretensioso Buscando a alma #1 Buscando a alma #2 Buscando a alma #3 Buscando a alma #4 Buscando a alma #5 Buscando a alma #6 Poemas que fazem parte da obra Anjo da Guarda Fome* Morte Solitária* Passante Vida* Incerteza* Morte* Abandono* Poema 1* Prece* Agressões*  Teu sossego* Felicidade* Futuro amor* Disimpotente* Quando chega a noite* Visão* Efeitos* Intocado* Partido* Lembrança* Tudo está bem* Sub* Pulsante* Promessas* Notícia* Luta* Inocência vivida* Galinha* Dia noturno* Vingança* Desastre* Depois da Festa* Crescida* Caminhada*

O que vejo na rua

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Arte: Cleopatra and the Peasant. Eugène Delacroix. MET. Às vezes, quando vou sair ou quando estou em minha mesa, paro por alguns instantes e olho a rua e os transeuntes. Vejo a mulher que empurra um carrinho de mão cheio de material reciclável com o rosto pingando de suor ao sol da tarde; vejo o drogado do fim da rua que busca uma porta esquecida entreaberta; vejo o morador da casa em frente que sai à rua com sua cadeira branca, sempre no mesmo horário; vejo os carroceiros esperando um serviço fortuito; vejo crianças brincando nas calçadas; vejo os fiéis indo aos seus templos cumprir com suas obrigações espirituais e seculares; vejo a mercearia da esquina que nunca tem gente. Parado, observando, vejo todas essas pessoas que dão vida a uma rua, a um bairro, sempre buscando, para lá e para cá, um sentido para as suas vidas e o dinheiro necessário para suprir as suas necessidades. Vejo em alguns uma tristeza transbordante que queima a pele e endurece o rosto. Vejo em outros um...

Absurdos cotidianos

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Arte: Women of Algiers in Their Apartment. Eugène Delacroix. MET.   Pode parecer absurdo: Ter estudantes de graduação exaustos pela falta de alimentos; Ter estudantes do ensino fundamental que só vão à escola pela merenda; Ter estudantes do ensino médio que estão se escondendo da própria família, que os oprime e são homofóbicos; Ter mulheres que se prostituem para ter o que comer; Ter mães que prostituem crianças, meninos e meninas, para ter o que comer e para sustentar-se com a exploração destes; Ter homens que não possuem o brio necessário para arcar com as consequências das próprias palavras; Ter representantes do povo que humilha e agride, verbal e fisicamente, este mesmo povo; Ter líderes religiosos que usam o medo do desconhecido para escravizar seus iguais; Ter quem adore e propague a ignorância; Ter quem invente tristezas para si; Ter quem não sabe que vive em imensa tristeza; Ter quem nunca gozou; Ter quem jamais soube viver um instante de paz; Te...

Janela vívida

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Arte: Street in Meknes. Eugène Delacroix. 1832. MET. Da minha janela, no nível do primeiro pavimento, componente elementar da calçada, eu vejo o mundo que se desenrola à margem da sociedade e que me criminaliza e vitimiza utilizando as vítimas que estão encarceradas em outras janelas gradeadas. Por ela eu vejo aquele que estaciona o carro na calçada com preguiça de alocar o bem na garagem; vejo o casal que se diz enamorada e o rapaz que paquera os transeuntes.  Da minha janela fechada eu ouço o homem que pede a carteira alheia, mas que não é assaltante (embora pareça). Ouço o carro do lixo. Ouço conversas entrecortadas que denotam uma vida limitada aos recursos que se pode obter, nem sempre de maneira honesta. Pela minha janela a vida escorre de dentro para fora e de fora para dentro como se o mundo físico fosse o último bastião entre a prisão e a liberdade pregada nas igrejas à direita e à esquerda desse buraco gradeado. Da minha janela eu vejo  lua, viajo, ouço,...

Entrevistas

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Arte: Eugène Delacroix. Self-Portrait as Ravenswood. MET. Há algum tempo entrevistei diferentes personalidades com o fim de popularizar trabalhos e práticas que são fundamentais, de um jeito ou de outro e em diferentes graus, para as comunidades em que essas pessoas vivem e para toda a sociedade. Para manter viva a chama das palavras e relembrar a maravilha que foi entrevistar e conhecer cada uma dessas personalidades, elenco abaixo cada uma (é só clicar sobre o nome que você deseja e ler a entrevista). As entrevistas foram seguidas de um convívio social ou de trabalho com cada um deles e, no geral, foram realizadas por e-mail porque o tempo que tínhamos pessoalmente sempre acabava sendo para implementar ideias à nossa realidade.   Entrevista com Verônica Teixeira Entrevista com Letícia Wierzchowski Entrevista com Ivan de Almeida Entrevista com Marcio Takenaka Entrevista com Ovídio Poli Junior Entrevista com Isvânia Marques Entrevista com Roberto Da...

Distante

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Não me encontrando em um lugar, procure em outro. Estarei parado nalgum lugar esperando por você. Walt Whitman Sem querer, ou talvez pela necessidade de não ficarmos sós, acabamos sendo acessíveis durante todas as horas, nas mais diversas circunstâncias. E quando nos tornamos constantes deixamos de ser necessários, seja na vida de outrem seja no sortimento de sentimentos que provocam a saudade. A internet tem contribuído para essa constância e a qualquer clique podemos ver o que outra pessoa fez, disse ou fará em pouco tempo. Temos até a impressão de que a morte não existe, de que ela é só uma questão de estar off-line.  E tão certo quanto a produção de energia elétrica pela usina de Itaipu, as relações acabam minadas pela onipresença do outro - acabamos escravos da opinião alheia e dependente da aprovação dos "amigos", ainda mais que no século passado. Imagem: Dante et Virgile aux Enfers. Eugène Delacroix. É por isso, por essa inquestionável presença vi...