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Traços divinos

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Foto: Portrait of God. Julian Schnabel. MET.  Vamos perdendo a fé naquela divindade inacessível na mesma proporção em que envelhecemos e engordamos. É inevitável. A perda da crença é só um passo no progresso pessoal que galgamos durante a vida. Compreender isso dá-nos a oportunidade do autoconhecimento e permite-nos olhar o infinito com a calma que é exigida para a reflexão profunda e assertiva sobre grandes questões. Compreender isso dá-nos paz. E é essa mesma compreensão pacífica que não tangenciamos na intimidade dos nossos preconceitos e melindres e que acende a fogueira do desespero, do deboche e das fraquezas, cujas labaredas revestem igrejas, seitas e grupos filosóficos. Nessa mesma fogueira, voluntariamente, somos amarrados, amordaçados, incinerados como lenha podre e seca - para o deleite das baixezas personificadas em homens e mulheres santos. Nosso erro é sempre crer em nossas fantasiosas autodepreciações, olhando para um paraíso inexistente e um deus que só pode habitar...

Nada de carnificina santa

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Imagem: Jesus visita o continente americano Não é preciso pressa, só sonhos e fé. Se olhássemos direito para todos os eventos que condensam em uma vulgar ‘Paixão de Cristo’ notaríamos as datas misturadas, choro onde não deveria existir e uma tremenda falta de alegria. Só drama. E nem tudo é drama nessa história. Uma história de superação e amor ao respeito ao livre arbítrio, a Deus, ao homem, à criação. Porém ninguém quer saber do real sentido dos atos, nem onde foi e o que significou o Jardim do Getsemani. Tudo o queremos e gostamos é de ver um deus sendo ferido e sangrando para provar a nós mesmos e ao nosso ego que nossos erros são justificados, pois, se um deus sangra e morre, nossos erros são justificados e aceitáveis. Balela de fracassados. E enquanto a encenação da traição, do julgamento, da humilhação e assassinato de Jesus é replicada em várias cidades e países, ele renasce sempre quando alguém lembra que o mais importante não foi uma cruz erguida com um corpo en...

Um pouco de sangue

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A semana é dita santa. Mas onde está a santidade no homicídio? No assassinato? Nas desprezíveis mazelas da humanidade que mata e morre por uma fé que não se justifica? Adoramos adorar um corpo que jaz eternamente crucificado em algum ponto distante, no tempo e no espaço, enquanto esquecemos de viver adequadamente. Bebemos, figurativamente na falta de uma denotação almejada, o sangue de um homem que se tornou um deus e tentamos, a todo custo, profanar essa santidade através de recriações teatrais de um sofrimento necessário. São espetáculos a céu aberto que satirizam e divertem quando a intenção, por mais remota, deveria ser outra. Na tentativa de esquecer um pouco o derramamento de sangue de um homem que dizem ter existido e que ressuscitou após três dias, criamos coelhos que botam ovos de chocolate e cobramos preços exagerados por eles. Que negócio lucrativo! A morte e o sofrimento que justificam a “bondade” humana é a mesma que cria coelhos anormais. E encerramos co...

Deus morto ou Ressurreto?

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Acreditar em um Deus morto? Parece até que gostamos de vê-Lo reduzido à mais ínfima forma humana, humilhado e assassinado. É até justificável quando observamos a natureza malévola do homem e sua necessidade de alimentar-se do mal alheio. Em um Deus morto ninguém, talvez exista alguém que contrarie essa hipótese, acredita. No entanto, é elementar a encenação e a valorização da crucificação do Cristo.  É muito valorizado assassinato de Cristo, mas devemos atentar para o fato que não é  na crucificação o maior êxito da passagem do Deus na terra, mas em  sua ressurreição e na consequente vitória sobre a morte. Deveríamos, contrariamente ao que acontece, celebrar e representar, de forma séria, essa vitória, que é a mais inestimável, durante a semana santa. Acreditar em um Deus ressurreto está muito além da simplória compreensão semanal anual. No entanto, precisamos fazer um esforço descomunal para deixar o modismo do culto à mortalidade e apre...