A não-mística feira livre
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Foto: Feira livre de Palmeira dos Índios - AL. Rafael Rodrigo Marajá. Fev/2017 |
Os vendedores de beberagens
mágicas, os ilusionistas, as dançarinas, os andarilhos, as histórias
mirabolantes e os excêntricos desapareceram das feiras livres deixando para
trás um vazio impreenchível pela tecnologia dos smartphones. Não é mais possível
encontrar ciganas e trambiqueiros. As
feiras livres tornaram-se demasiadamente chatas, sem atrativos místicos e
econômicos – um modelo obsoleto que ainda ocupa ruas e tempo da maioria das
cidades.
Há poucos produtos que ainda
podemos comprar somente em uma feira livre – como o pastel e o caldo de cana. As
pessoas estão sem a criatividade do vendedor que diverte, vende e cria novas
formas de comunicação. Os místicos ambulantes deixaram as ervas, que a tudo
curam e para tudo serviam, e abandonaram, de uma vez por todas, os mistérios
que os envolviam para seres meros reprodutores de conteúdo da internet – isso quando
não desapareceram.
O que sobrou da época de ouro das
feiras livres, rico resquício da era medieval, foi somente feirantes
insatisfeitos, compradores escassos e muita falta de criatividade e histórias.
O que ainda resta, em estertores, é apenas um quadro primário de desgosto,
cansaço e tédio que suja ruas e perpetua uma cultura que, breve, desaparecerá
ante a falta de ânimo das comunidades.
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