22:47 - Destino escandalizado*
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Quadro: The Lovers, Riza-yi abbasi. Persa, 1565-1565. |
Não há exatamente uma única forma de manipular o destino a nosso favor: existem várias e de tantos modos que é quase impossível mensurá-las. Entretanto, mais importante que quantificá-las é impô-las ao nosso querer de modo que tudo o que desejarmos seja somente fruto do acaso de nossos desejos. Assim, entre o querer insabido e o desejo saciado é que temos, eu e você, nossos segredos inconfessáveis que tão bem nos caracterizam.
Se
querer não for o bastante para nós, então é preciso revirar a caixa de pandora
e fazer do mundo nosso quintal e do nosso quintal nosso mundinho segredável.
Nosso querer é, entre tantos outros, soberano e por ele podemos fazer o que bem
quisermos sem culpa e sem medo dos olhares pedantes de outros.
Nosso
papel, dois em um, é simplesmente escandalizar os outros com nosso jeito
particular e pessoal de viver. Nós somos os deuses de nossas próprias decisões
e de nosso próprio destino.
Minha
maneira de manipular o destino é fazer você ver tudo o que podemos juntos e
separados. De como podemos fazer diferente, quebrando tabus e antigas
convenções ridículas.
E
o mais importante: minha maneira de manipular o destino, exercendo todo o meu
poder de deus pagão, é fazer você, todos os dias, me olhar como se ainda não
soubesse exatamente o que farei em um futuro não tão distante, fazer, portanto,
você se apaixonar pela minha figura todos os dias: mesmo estando longe ou
incomunicável, triste ou felicíssimo! E se não for o bastante, farei com que
você me redescubra novamente entre as nuvens nebulosas do esquecimento.
*Do livro Pavilhão do Vizir, Rafael
Rodrigo Marajá
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