Estranha História #4
E então sairão do mar com o sol aquecendo suas peles e uma conhecida sensação de intimidade. Não a intimidade lasciva, apenas. Uma intimidade capaz de poetizar o básico e polemizar em bom som os mais íntimos segredos.

Hoje ela saiu dos trilhos novamente e ele não sabia como tinha ido parar no meio daquele devaneio, em um dia em que todos os mortais, os pobres mortais, estavam cumprindo horário em trabalhos, academias e lanchonetes. Sabia apenas que ela, fora do mar, o deixava no mais completo vácuo, sem ar, sem chão nem direção.
Ela puxou o lençol e revelou suas curvas. Ela puxou a imaginação dele para além do cômodo e o instigou a ir além.
Ele sabia que ela era perigosa. Sempre soube. E foi por isso que se deixou levar. Mas agora, parado ali, com a chave na mão e alguém tagarelando ao seu ouvido através das micro-ondas do seu smartphone, seus olhos sabia que tinha tomado a direção certa; ainda que de forma aleatória.
Ela o tentava sem palavras. Ele se desligava do mundo.
O mar revolto sabia o que se passava ali. Sabia bem.
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