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Mostrando postagens de 2014

Lua Nova

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Lua Nova , o segundo volume da Saga Crespúculo, segue com o enredo tedioso e melodramático, acrescido da presunção de Bella em relação aos homens principais da história. O sumiço de Edward - pelo bem da frágil e amada Bella -, o crescimento desenfreado de Jacob e sua transformação em Lobisomem e a protagonista vivendo um momento de "recuperação emocional" são as linhas desse segundo volume. O que se pode perceber em Lua Nova é a habilidade feminina, que pode ser generalizada para o outro gênero, em usar outra pessoa para curar um amor ferido, o orgulho em carne viva e um desespero exagerado - geralmente características típicas do primeiro amor. Bella é a representação literária contemporânea do fracasso e do exagero que o homem desenvolve ao submeter-se ao bel-prazer de outrem. Continuando com o enredo cansativo, sem sucesso prático, Stephenie Meyer tenta colocar um pouco de aventura e adrenalina em um livro que sequer chega a ser água com açúcar. O que não deu certo...

Poema final

Grafias antigas Cantigas de ninar e amolar Reviro o baú Imagens sem sons Amores sem dons Desatinos Sou homem Lobisomem Mal-humor Risos e caretas Sou um coração quebrado Um afinado sem piano Desatinado Sou cacos de vidro Perfumes vívidos Batom Tom E no passar do tempo Mesmo com todo atinado É sem rumo Sem lenço E com desamor Que a dor abre alas A paixão deixa a sala E a vida encurta A carga esvai-se E eu resisto.

Sobre a solidão vivida

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olho-Rafael Rodrigo Marajá A solidão é um anjo que nos arrasta para um mundo sem definição. Tem cheiro de terra. Tem corpo de quimera. Tem o tempo como aliado e uma linha do tempo com milímetros tensos. Ver o mundo é abraçar a solidão.  Estar no mundo é conversar com a solidão. Sair do mundo é abandonar os anos de solidão. Os olhos, geralmente, falam muito, com ou sem brilho, sobre as tantas solidões que nos cercam e nos impressionam. E são os olhos que tiram o mar do sertao, a luz do negrume da noite,  o amor da desilusão e faz do tempo escravo. Os olhos solidificam a solidão até que outra solidão apareça para deixar livre o caminho para o desconhecido futuro do depois de amanhã.

Nuvens de cianureto

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Vista do céu. Palmeira dos Índios-AL As nuvens são engraçadas - tornam o dia nublado, descrevem animais e anomalias no profundo céu, somem sem deixar pistas e aparecem ninguém sabe de onde. Alguns gostam de acreditar que são de algodão, outros nem observam suas formas e perguntas. E elas estão sempre lá, no azul ou no chumbo, existindo. Embaixo, na terra, à luz solar, casais caminham em discussões infindáveis, sem saber em que ponto se perderam; mães que esquecem os filhos nas lembranças - e não sabem como voltar para buscá-los; olhos tristes que vagueiam à procura de pelos negros que sumiram, de rostos suados e felizes que se foram, de estados alegres destruídos pela ditadura do egoísmo. Embaixo das nuvens o "deixar de existir" é regra para quem não suporta a alegria de estar bem. E embaixo, sempre e cada vez mais, nunca termina. Queria poder dizer, como faz a Igreja (Padres, Pastores e Idólatras), que tudo vai bem em meio à pobreza de espírito e de material;...

Crepúsculo

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A literatura infanto-juvenil tem uma tendência natural ou ao fatalismo do amor, o primeiro amor e suas "complicações", ou à aventura. De uma forma direta, a segunda opção é a mais aceitável e quase sempre a melhor escrita. No rol dos sucessos inexplicáveis, dada a baixa qualidade narrativa, temos o primeiro volume da saga de Stephenie Meyer, Crepúsculo . Vampiros que brilham, dotados de "boas intenções" e "bom coração", humanos subestimados e uma garota que permeia a tênue diferença entre ser retardada ou ignorante são os ingredientes principais de um livro cuja única finalidade parece ser destruir a literatura e as fantasmagóricas imagens criadas por Bram Stoker .  À parte a maquiagem, o enredo é simplório e defeituoso, cheio de lacunas sequer explicadas pela autora - e que nem lendo nas entrelinhas é possível desvendar. O romance, deprimente, arrastado, dramático e urgente entre Bella e Edward não tem nada demais, aliás, tem de menos se você conh...

Penedos

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Maceió é a representação física de como o homem é capaz de destruir a qualidade de vida, a história e a tradição de um lugar e de um povo sob a fachada do “regionalismo”. Quem conhece a Capital, sabe o que digo. Por outro lado, os casarões e as pedras das cidades históricas como Penedo e Marechal Deodoro possuem um quê de descaso com a história e o povo locais, por parte da Governança, que pouco incentiva a população a viver a história com olhos para o futuro. Em linhas curtas, Penedos ressalta em alto relevo as diferenças entre a antiga e nova Maceió, entre a modernidade e o classicismo de Penedo e as características próprias das terras alagoanas. O enredo da obra, no entanto, revela ao leitor o que é tão normal aos alagoanos – pais ausentes, geralmente de forma deliberada, em conflitos que deveriam ser familiares e uma “culpa” que não impede a perpetuação da mentira e do abandono. Vera Romariz, em seu Penedos , retrata muito bem esse dogma nunca abandonado pela cultura, diga-se,...

"a Bíblia disse..." no ônibus

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Reprodução: Feira de Água dos Meninos. 1965. Di Cavalcanti. Meia hora recebendo os raios solares e meu rosto já estava ficando duro e queimado, excessivamente anormal, no ponto de ônibus em frente ao RioMar. Não o bastante, ainda tinha uma mulher resmungando sobre alguém gastar todo o dinheiro dela. Frente ao inferno iminente, o primeiro ônibus que passou foi a luz no fim do túnel! Até que, muitos minutos depois, indo para a UFS, começa um cara a pedir a atenção de todos. Pensei logo "o cara da Manassés". Não era e pelo menos o meu troco ele não queria. Seu desejo era mostrar todo o poder de Jesus e como todos os males poderiam sumir quando se procura a "pessoa certa". Daí pensei "Jesus bem que podia fazer esse cara se calar, fazer o ônibus ser mais confortável e aplacar um pouquinho o calor". E enquanto eu devaneava, o rapaz seguia seu discurso com "a Bíblia disse à mulher...", "a Bíblia disse...." e eu corrigindo mentalmente...

Imagina que louco

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Foto reprodução: Aldeia de Pescadores - Di Cavalcanti "Me fale das andanças ex amor Dos melhores momentos que passou Me fale que eu vou te falar dos meus(...)" Veja que achado você acordar e, seguindo o vício, acessar as redes sociais e deparar-se com A vida quis assim , de Oswaldo Montenegro, logo de cara! Sempre fico imaginando a carga de emoções que essa letra traz. Interpretada, ela fica ainda mais emotiva e surpreendentemente atual. Algumas poesias são tão universais que têm o poder de transformar as pessoas, destruí-las ou reconstruí-las, de modo que tudo que está à sua volta passa a ter um significado diferente e revelador. Imagine os ex amores sentados em uma mesa de bar e contando os casos, os percalços, as vitórias, as derrotas, entre uma dose e outra, entre um ovo colorido e um salgado qualquer. Imagine uma taça de vinho segurando as risadas e as lágrimas de dias passados, separados, em um presente que ninguém jamais pensaria que pudesse existir. ...

Danação #3

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Jasmineiro - IFAL-Palmeira dos Índios Tristeza tem nome não, Dona Tristeza tem só endereço                         [muito incerto] Ah, sim! Tem razão! Meu peito tem número                         [alvo fácil] Mas quer saber, Dona? Quero nem você nem ela E com a guela ardendo e seca Ainda hei de gritar "Vá pra puta que pariu!"

Danação #2

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Praia de coconstróiracaju-SE Forma de amar Não presto para escrever poesia Nem para discursar o trato com outras mentes irrita-me desde a  concepção das frases Não me deram as fórmulas certas para viver tampouco fizeram o primeiro exemplo para que pudesse ser copiado Jogaram o nada dentro de uma massa  Fizeram-na fermentar no amor e no ódio E a crueldade deixou seu toque no rastro a ser seguido Ninguém vê nada acontecendo Mas algo já aconteceu na repetição dos dias Um dia a massa saiu e viveu Sofreu Quase desistiu Exemplificou Reclamou Gritou sileciosamente nos ouvidos alheios Parou A repetição, disparando contra todos, A todos atingiu A nenhum feriu A vida prosseguiu As rosas murcharam, morreram Então, na beleza de um sorriso espontâneo fez surgir Dos montes e do frio A razão de saber e de fazer acontecer De amar e apaixonar-se sempre Não bastando o sorriso Surgiu mais particulares sinais De ...

Um sorriso ou dois

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A mulher e suas curvas, de corpo e de mente, tem despertado o interesse de alguns autores, desde sempre e nas mais diferentes idades. Despertar na mulher um sorriso sincero e carregado de sentimento nem sempre é tão fácil, pois mulher não é um ser complicado é só difícil de agradar. Frederico Elboni, em Um Sorriso ou Dois: para mulheres que querem mais , trata de colocá-la entre a parede e um corpo, entre o chão e um corpo, entre uma decisão e um desprendimento, entre um caso e um acaso. Relatando as mais diferentes situações do cotidiano, do achado ou da perda de um amor – ou de um caso passageiro -, através do conto ou da crônica, Frederico pode cansar o leitor com as mesmas ideias, por vezes demasiadas repetitivas, que permeiam algumas cabeças, não só femininas. A impressão que se pode ter, ao folhear, ler e reparar na escrita de Um Sorriso ou Dois: para mulheres que querem mais é que está lendo um blogue impresso, nem sempre interessante, onde nem tudo é verdade, tampouco ...

As cordinhas da coincidência

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IFAL - Palmeira dos Índios A verdade é que estamos nas mãos das coincidências diárias e oxalá nunca saíamos dessas mãos! Às vezes saímos de casa para ir ao Shopping e morremos - de amor, de ódio ou só de morte mesmo. Outras vezes deixamos que a memória esqueça de lembrar das coincidências que nos movem e acabamos nos surpreendendo ainda mais com os fatos. Vez em quando, deixamos de ser gratos pelas coincidências surpresas e passamos a odiar o inesperado. O importante, no entanto, é que, independentemente do que aconteça , de quem conheçamos e de como estejamos quando as mãos-que-nos-movem  nos alcançar, sempre seremos as marionetes que vivem e respiram em um palco que costumeiramente muda de acordo o bel-querer dessas mãos. Para suportar as mudanças uns bebem, outros se revoltam, alguns tantos se matam e existem aqueles que se fecham em conchas para escapar do inescapável, o ritmo natural da vida. Sob essas cordinhas, conhecemos pessoas, aprendemos a ler, escreve...

Danação #1

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Área verde da UFS Na minha vida cabe um carro                                      uma casa                                      uns vidros                                      uns sorrisos                                      uns afetos No meu bolso cabe um Deus                                    uns Deuses                                    uns amores                     ...

Seja autêntico nesse Natal

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O Natal com suas luzes, suas propagandas bonitas, suas cores devidamente ofuscantes, seus embrulhos, seus pinheiros (e réplicas de pinheiros), seus sorrisos (falsos em boa parte), suas manias de comidas enfeitadas e confeitadas é um marco no comércio, nas agências de propagandas e onde quer que o dinheiro possa entrar e sair em nome do Natal. O Natal é cansativo. É tedioso. É irritantemente iluminado. É inequivocamente intruso em muitas casas e em muitas vidas, pelo menos do jeito que se apresenta. Era para ser um evento de renascimento - e essa ideia não dá muito certo - ou de autoconhecimento (conhecimento da gula e da bebedeira). E acabamos, portanto, tendo só mais um feriado, nada de especial, no fundo. Entre as campanhas natalinas, as compras, os sorrisos de "não era esse presente que eu queria" e as bobagens de sempre, rotineiras e incompetentemente repetidas todos os anos, quero chamar a atenção apenas para o fato de que a cada Natal estamos mais ...

Pedido impossível

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Kandinsky Há pedidos que parecem ser demais até mesmo para o universo e todo o seu poder de realização e transformação. Um desses pedidos é aquele que se refere à nossa incapacidade de viver sem a aprovação dos outros, mesmo que seja de uma única pessoa. A fraqueza humana, aquela que dá origem para tantas outras, é justamente essa incapacidade de realizar obras e não precisar do "muito bom" de alguém, do "você é demais!" de outro. Temos a doença do estrelismo entranhada em nosso sangue e por mais que tentemos nunca conseguimos nos livrar de seus efeitos, diretos e colaterais, seja por que existe quem lembre seja pela carência de atenção que consome cada minuto de nossa vida. Somos assim - fracos. Somos carentes. Somos estressantes em nossas incapacidades. Somos doentes de atenção. Somos horríveis. Somos humanos. Isso não quer dizer que não consigamos viver sem a aprovação alheia, só que sem ela muitas obras incríveis deixariam de ser realizadas...

A conta de fim de ano

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Árvores de natal, luzes, panetones, vermelho, verde e branco, neve artificial, imagens do nascimento de Cristo e todo o blá blá blá de recomeço e nada que vá realmente fazer parte do balanço anual.  Devia entrar na conta, a que realmente importa, os amores perdidos, as paixões abortadas, as maneiras que ficamos a ver navios, os risos de loucura e os livros lidos - e todas as suas impressionantes histórias. Uma conta que nem sempre está com saldo positivo, porém sempre aberta para novas recontagens. O fim de ano devia ter a nossa marca pessoal - nossas mordidas mal dadas em sobremesas alheias, beijos pendentes em bocas que são muita "areia para o nosso caminhãozinho", os momentos de raiva e a tranquilidade de ter passado pelos bocados de todo dia e que, apesar dos cretinos do cotidiano, ainda estarmos de pé, debochando do mundo. É muita luz colorida para pouca gente sempre que se aproxima o tal do natal e os fogos da virada. É pouca comida para muito olho e, me...

O amor nos tempos do cólera

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O amor é cantado, proseado e versado nas mais diferentes línguas, expressando as mesmas emoções e aflições, sem nunca deixar de ser piegas e eterno. Eterno? Quantas pessoas conservam o amor apesar das mais esdrúxulas situações? Com quantos amores as vidas são feitas? Com quantas brigas e desentendimentos o amor acaba? O amor, em tempos de mundos virtuais, às vezes dura nada mais que uma centena de likes e uma dezena de álbuns perfeitamente elaborados para impressionar os outros, quase nunca a si e à pessoa amada. Muitas pessoas precisam que o “amor” seja reconhecido. Esse sentimento, no entanto, pode surgir nas urgências juvenis, suportar as distâncias, quebrar as barreiras sociais e físicas, ferir o tempo e chegar ao seu apogeu, ainda que em corpos velhos e encarquilhados pelas experiências, mais de cinquenta anos depois de sua origem. O Amor nos tempos do Cólera , de Gabriel García Márquez, é um relato de um sentimento amoroso que sobreviveu às intempéries, calou-se na publ...

Alma tarada #3

Abraça-me forte Aperta minha alma Estrangula a calma Deixa-me caído Abusado Usado E quando se for Não me deixe só o pó Apenas nunca me deixe.

Alma tarada #2

Sua vermelha boca                  Revira-me                     Contorce-me                  Invade-me                             [E numa conquista violenta]                                  Consome-me Não quero sua boca apenas Não quero só o seu olhar lascivo O que eu quero ainda não tem nome E sem nome, vou devorando sua alma.

Deus na internet? Eu sou ateu

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Existe uma imbecilidade disseminada por aí que diz que se você se recusar a participar de grupos nas redes sociais e em aplicativos, como o WhatsApp, destinados à adoração burra à divindade que nos criou - Deus - terá um castigo imediato, o desagrado dos "amigos" e cristãos. Se for por essa linha de raciocínio, eu não tenho o perfil OFICIAL de Deus no twitter, facebook, VK, Tumbrl e nem o seu número pessoal para adicioná-lo  ao meu WhatsApp e, portanto, quaisquer bobagens dessas que são veementemente propagadas por aí considero uma perda de tempo, energia e transferência de dados. Não serei salvo no tão esperado Juízo Final por ter compartilhado uma imagem de um homem segurando uma criancinha sobre uma legenda pouco inteligente; nem estarei condenado ao mármore do inferno por não estar atrelado a um grupo de semianalfabetos que acreditam realmente que um grupo denominado Eu amo DEUS seja o portal para bendizer seja lá quem for, principalmente se o interessado sequer...

Alma tarada #1

Escuta aqui,   Sou puto     Sou vendido        Sou pervertido          Sou dado            Sou tarado Então me deixa dizer,                       Com o sangue na boca                       Com o tempo na roupa Que o tempo me tornou um deus e não preciso mais de você.

Holofote literário

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O resultado do Prêmio LiteraCidade 2014 foi uma antologia que reuniu os participantes, de vencedores à menções especiais em volumes divididos por gêneros. Desastre foi minha menção no certame, publicado. Particularmente não acho grande coisa ganhar um concurso ou ser publicado em antologias. Não que não tenha valor, só que o valor que as pessoas dão é exagerado e desnecessário. Uma, ou mais, antologia não é uma coroação, não é uma glorificação nem o holofote que tentam fazer parecer. Para mim, e talvez só para mim, uma publicação como essa é a concretização física de um trabalho proposto por alguém e que não deve ser tido como uma das maravilhas do mundo, e sim com a normalidade de um trabalho qualquer, valorizado. A página 39 da antologia do citado prêmio não contém o poema que mudou a vida do autor ou do leitor, nem possui a verdade infinita do universo - contém só um poema agraciado com uma menção. E isso não é nada demais. Diria aos autores, de livros, poemas e ...

O por do sol

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Foto: Palmeira dos Índios - AL. Rafael Rodrigo Marajá. Falam muito do por do sol e sempre fazem referência ao livro de Antoine. Aí eu pergunto: adianta de que estar sentado em frente a uma tela de computador, reproduzindo a mesma frase regularmente, se quando o sol se põe ninguém está lá para ver? O sol queima, irrita, estressa, adoece, embeleza e enobrece e quase ninguém está interessado realmente nele, apenas em dizer que está ou numa melancolia falsa ou em um amor interessante. Enganação entre si e outrem, apenas. Uma perda de tempo tão grande que poderíamos construir um bem sucedida multinacional em tempo recorde se juntássemos esse povo todo que é "fã do por do sol". Tenho para mim que frases ditas, digitadas e reproduzidas não possuem valor algum. Não agregam valor a nada nem a ninguém e que só serve para destruir as obras literárias enquanto vulgariza os elementos naturais. O por do sol não é nada disso o que dizem. Aliás, ele não nada fora do normal. Ano...

Entrevista com Renata Ventura

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Renata Ventura em bate-papo com alunos das escolas Públicas Durante o III FOCULT - Fórum de Cultura e Territorialidade - e o I FLIJUPIN - Festival do Livro InfantoJuvenil de Palmeira dos Índios, a escritora Renata Ventura conversou comigo sobre seus livros, suas experiências e projetos na literatura. Renata, sempre muito simpática, voltará ao campus, esperamos, e é um prazer recebê-la. Esse bate-papo exclusivo encontra-se apenas aqui, por enquanto e espero que gostem! (Diferentemente do padrão, em que todas as entrevistas são escritas, o modelo gravado foi o mais oportuno e está dividido em quadros - dada a limitações técnicas.)

Mudança destrutiva

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Foto: Palmeira dos Índios - AL. Rafael Rodrigo Marajá Aceitar as mudanças é necessário. Tolerar mudanças ruins é escolha. Em Palmeira dos Índios as praças, que já não passam por uma reforma há anos, começaram a ser destruídas pelo Governo Municipal para 'oferecer qualidade de vida'. No entanto, considere: a) o prazo para entrega das obras não é respeitado; b) os projetos não contemplam a arborização dos espaços públicos; c) O conceito empregado em cada praça não valoriza a história municipal. E como poderia ser melhor? Se os vereadores eleitos fossem cobrados, se os moradores de cada bairro afetado reivindicasse o cumprimento dos prazos e um projeto decente, submetido à aprovação popular, se a fiscalização fosse acirrada - isso tudo se o povo não tivesse vendido seu voto por  uma viagem de ambulância ou qualquer cinquenta reais. Enquanto isso as ruas da cidade não são reformadas, a verdadeira qualidade de vida dos munícipes e dos visitantes, em qualquer rua ...

Buscando a alma #6

E apesar de tudo,                                 do silêncio                                 da falta                                 do amor                                 do sal do gosto                                 do desgosto amargo Prefiro a danação eterna, de hoje em diante e para sempre. (De quando só o tempo cura).

Buscando a alma #5

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Foto: Alagoas- trecho Palmeira dos Índios - Arapiraca. Rafael Rodrigo Marajá. Um dia você verá, com a clareza nítida das manhãs de verão, que não foram os litros de álcool que a fez ser feliz, nem foram os músculos alheios que a fez vibrar. Verá que foi sua fuga de mim e de minhas nada relutantes palavras que a estremeceu em outros braços, que a embriagou, que a impressionou. E então, quente demais para respirar, frio demais para sair, tarde demais para olhar o passado, quererá que minhas correntes a amarre à realidade fantástica da vida - e eu aprisionarei a sua alma à minha. Nesse dia, embora muitas paixões já tenha desatinado minha cabeça e trincado meu coração, estarei de pé, encostado à parede de um lugar qualquer, esperando que seu corpo seja o obstáculo da minha visão, a prisão do meu estado livre. E se me perguntarem o que é o amor? Ora, direi que são olhos clareados, uma pele tingida e um não querer querendo. (De quando o tempo não para e exige ações de quem...

Amor sem perdão

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Trecho de O Tamanho do Céu Amar é nunca ter que pedir perdão.   Essa é uma oração de Thrity Umrigar, em O Tamanho do Céu e que chama a atenção para algo que comumente não nos damos conta - perdir perdão. As teorias, baratas, sobre o amor, as maneiras como amar, as formas de ser amado(a) e a relação amor e sexo discorrem sobre como o homem deve se portar, como a mulher deve ser e quantas vezes devemos pedir desculpas ou perdão. Uma balela que inunda as redes sociais e atrapalha casais, solteiros e desiludidos. Considero que se amar é uma ação que requer pedir perdão, ainda que esporadicamente, então o caminho está errado e há de se reavaliar esse "amor". Erros, responsabilidades e acertos são elementos do processo natural em que duas ou mais pessoas se dispõem a viver e que chamamos de relacionamento amoroso. E para quê esses pedidos de perdão, tão regularmente vistos? Para ressaltar, ao que parece, o amor. Digo que se esse sentimento precisa ser ressa...

Buscando a alma #4

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Foto: Orla lagunar. Marechal Deodoro-AL. Rafael Rodrigo Marajá Ainda hei de dizer                                 [baixo como um sussurro] que é a cor dos seus olhos minha a distração a minha perdição o lábio molhado que são meus os seus pés insistentes rebeldes que é seu meu pensamento o meu tormento que no dia vindouro nem todo ouro me afastará de você.

Ninguém escreve ao coronel

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A solidão nem sempre acontece quando se está só, fisicamente. Pode acontecer em companhia, por longos e tormentosos anos, pode estar de mãos dadas com a fome ou a guerra, sob a chuva e em meio à lama ou sob o sol e o mormaço delirante. Ninguém escreve ao Coronel , do Nobel de literatura Gabriel García Márquez, é uma novela digna dos elogios que recebe. Um retrato do homem que lutou por seu país e acabou esquecido entre a burocracia e o “deixa para amanhã” do Governo, que militou por ideais políticos e acabou à margem da própria sociedade, um pai que ficou órfão de si e do filho. O Coronel é um homem que nada conseguiu da vida, a não ser a fome, uma carta durante quinze anos – que nunca chegou -, e uma esposa que nunca o abandonou apesar das adversidades. Esse foi o segundo livro de García Márquez e demorou três anos para ser publicado, recusado por editores, e que valeu a pena a luta do autor para levar ao mundo tão intensa obra. O realismo de Gabriel torna o livro uma expressão ...

Buscando a alma #3

Sua mão deslizou sobre mim com a naturalidade temerosa de um animal arisco. Não podia, por minha parte, não reagir ao toque comum que em mim santificava o dia. Descendo e revolvendo-me, seus dedos tripudiavam sobre minhas emoções. E sem citações, canções alegres meus pelos entoavam. Ah! A droga de se ter um coro em minha pele e uma voz cantante em minha face, ainda que orquestrada por um mão brincalhona, é não poder dizer, ao vão persistente entre nós, o quanto ecoa meus pensamentos. O momento, tão repentino quanto chegou, se foi. E agora, onde está? Deixei-me levar pela leviandade de amar em segundos.  Deixei-me estar no paraíso mundano do futuro. E caí - ante a tensão do presente - no mais terroso estado, afundando na depressão da minha solidão acompanhada. E agora? (De quando a vida brinca de ser criança e o destino a repreende sem pudor, em público)

Buscando a alma #2

Tenho em mim o ciúme Do vento Do tempo Do ósculo Tenho em mim a alma inquieta Da casa Da vida Da deixa Tenho em mim todos os tormentos do mundo Do seu rumo Do seu olhar Do seu estar O que não tenho É o seu amor, enfim. (De quando o ciúme queima mais que o sol do meio dia.)

Buscando a alma #1

Desapareci entre as mentiras que inventei Reinventei-me sem os amores dantes E como antes sou a sombra do que não fui. (De como a madrugada não deixa nada para depois, cobrando a fatura dos ditos que um dia disse ao coração amado, aos olhos espelhados, à boca tida).

Perdendo manias

   Estamos perdendo, aos poucos e cada vez mais, nossa capacidade espontânea de manifestar opiniões, estados de espírito e humor. Mandar alguém para "aquele lugar", tacar na cara de alguém um "deixa de viadagem" ou um "lasque-se" está cada vez mais escasso e com isso deixamos não só de ser naturais - deixamos de ser engraçados, humanos e socialmente hilários. A mania do coitadismo gay, racial e social (no caso da pobreza) está aniquilando o que o brasileiro tem de mais marcante: o humor, ainda que negro, e a capacidade de expressão espontânea. Agora tudo precisa ser politicamente correto. Agora tudo está mais falso que moeda de dois reais.

Marechal, a Flimar e nós

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Aquela lagoa de Marechal   Marechal Deodoro, no interior alagoano, uma vez por ano, recebe escritores, artistas, editores, cantores e curiosos durante a Festa Literária de Marechal Deodoro - FLIMAR . E a cada ano a Festa fica ainda melhor não por que um artista famoso é homenageado, ou pela participação de imortais. Não. a Festa fica melhor, assim como o vinho, com o passar do tempo e com a intimidade que os visitantes compartilham com moradores, visitantes e personalidades ilustres. E se fosse só por isso estaria bom. Mas tem mais! O sol quente na pele acariciada pelo vento ideal, tão característico das cidades litorâneas; as pequenas descobertas de ruas e histórias; a conversa fiada com estranhos-conhecidos-recentes; a tranquilidade da janela aberta até depois da meia noite; e a proximidade com quem faz cultura são algumas das características da cidade, antes e durante a Festa Literária. Ah, a lagoa! Tivesse eu uma rede, uma varanda em Marec...

Toda paixão, nada de amor

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 The Strange Thing Little Kiosai Saw in the River. John La Farge. O amor que se dane! A graça é apaixonar-se pelo menos um vez, por semana. Fico imaginando os pensamentos das pessoas que pulam a paixão e vão direto para o amor eterno, uma eternidade com uma só pessoa - que muitas vezes se mostra mortalmente entediante. E não me rogo ao constrangimento alheio em que as pessoas não sabem o prazer e a tristeza das paixões diversas, diárias, efêmeras que acomete a quem está atento a si e a seus desejos, desvencilhado(a) dos quereres de outro ser. A paixão dentro de um ônibus que termina em um ponto qualquer; a paixão no shopping por alguém desconhecido; a paixão assassina por um ser maléfico; a paixão sem freios - todas em uma só pessoa,  tão intensas quanto o amor monogâmico e etéreo. Por falar nisso, como saber se o indivíduo amado é para ser eterno se não vivenciar as mais devassas e massacrantes paixões? Tenho que dizer, sem temor e com alegria, que não desej...