Danação #2
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Praia de coconstróiracaju-SE |
Forma de amar
Não presto para escrever poesia
Nem para discursar
o trato com outras mentes irrita-me desde a concepção das frases
Não me deram as fórmulas certas para viver
tampouco fizeram o primeiro exemplo para que pudesse ser copiado
Jogaram o nada dentro de uma massa
Fizeram-na fermentar no amor e no ódio
E a crueldade deixou seu toque no rastro a ser seguido
Ninguém vê nada acontecendo
Mas algo já aconteceu na repetição dos dias
Um dia a massa saiu e viveu
Sofreu
Quase desistiu
Exemplificou
Reclamou
Gritou sileciosamente nos ouvidos alheios
Parou
A repetição, disparando contra todos,
A todos atingiu
A nenhum feriu
A vida prosseguiu
As rosas murcharam, morreram
Então, na beleza de um sorriso espontâneo fez surgir
Dos montes e do frio
A razão de saber e de fazer acontecer
De amar e apaixonar-se sempre
Não bastando o sorriso
Surgiu mais particulares sinais
De sabor
De cheiro
De prazerosa companhia
A companhia incopiável
Que não pode ser esquecida
Nem guardada
Somente vivida no fluir do dia
E de dia em dia
Faz-se a poesia
Poesia que não suporta tamanha graça e alegria
Que chora ao não ser acariciada no amanhecer
Nem na última despedida ao sol
Poesia que não faz mal
Que guarda o amor e o ódio infinitos
Que constrói a maior canção de amor
Poesia que não posso escrever em verso
Em prosa também não é possível
Porque a possibilidade é nossa mais simples forma de amar.
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