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Homeland: como tudo começou

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Poucas séries adaptadas para livro possui tanta originalidade quanto Homeland: como tudo começou . Andrew Kaplan criou um traço da história de Carrie capaz de levar o leitor a assistir a série, ainda que antes de ler não tenha gostado da versão televisiva. Com um enredo intrincado de segredos e traições, Homeland: como tudo começou é um livro com pouco valor literário e não possui nenhuma frase cult para ser postado nas redes sociais. Por outro lado, tal como a série, o livro possui um clima intenso e contagiante que serve muito bem para passar o tempo - e apenas isso. O sucesso de Kaplan, nesse livro, é traduzir em linhas o mesmo ambiente tenso da série. É um livro bom para ser lido em uma viagem ou em um momento de tédio. Caso contrário pode ser que desista da leitura. A chave de Homeland: como tudo começou é a explicação sobre as divisões no oriente médio e de como os Estados Virtuais se consolidam sem a interferência do Ocidente (até que esses não interfiram nos negócios...

Pau de eleição

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Foto/reprodução: Burburinho News Os políticos, querendo ou não, representam muito bem as comunidades que os elegeram. A máxima de que o povo tem o líder que merece torna-se verdade a cada discurso político. A Bahia, por exemplo, está, há muito tempo, querendo ocupar o lugar de Alagoas de "Estado da Vergonha" e, em certos aspectos, está conseguindo. O Vice-Governador baiano disse outro dia que "cagando e andando na cabeça desses cornos" (Jornal Bahia Notícias) quando se referiu a um inquérito da operação Lava Jato no qual era citado, março de 2015. Agora, utilizando o "empoderamento masculino", o Vice-governador João Leão, do PP, disse que "Quem tiver o pau maior que ganhe, e como o seu pau é maior, Márcio, não tenho dúvidas que você será reeleito prefeito de Lauro de Freitas".                                                       ...

Vingança*

Espero Que a vida passe Que a raiva atravesse O corpo e a alma E mate, com força e destreza, Aos que a nutrem Que o tempo corra E envelheças na cama De ratos e poças De sangue e suor Que cavaste ontem Que teus desejos Perversos e maldosos Se cumpram com todo O seu ardor e vivacidade Contra tua figura Que não sobre Nem ossos nem lembranças Nem passos nem vistas Do teu caminhar. *Poema do livro   Anjo da Guarda , de Rafael Rodrigo Marajá.

Amor telefônico

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Pintura: Street at Biskra. Henri Matisse. 1906. Pegou o telefone, pressionou a teclinha verde. Esperou. Esperou. Bip. Bip. Bip. A imagem na telinha exibia: "Chamando..." O número discado está desligado ou fora da área de cobertura. A voz da operadora encerrando o sonho de uma tarde de outono. Bip. Bip. Bip. Após o sinal deixe seu recado sem pagar nada por isso. A voz da operadora tornou-se boazinha e agora não cobra nada para quem deixa mensagens de voz (só cobra para quem recebe) Largou o telefone sobre a cama e muitos sonos depois, muitas gorduras acumuladas adiante, Bip. Bip. Bip.                                Após o sinal deixe seu recado sem pagar nada por isso. Bip. Bip. Bip.                              Após o sinal deixe seu recado sem pagar nada por isso. Bip. Bip. Bi...

Papel e Tinta

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Pintura: Greek Torso  with Flowers. Henri Matisse. 1919. O amor vira letra desenhada em papel vulgar que, depois de dobrado, perde a forma e o tom. Esse papel deixa  nos dedos as marcas dos poemas lidos, das prosas fantasiadas, das paixões anteriores. No envelope, com a folha de papel , embarcam também rostos desconhecidos, beijos de outros tempos, tardes telegrafadas, miragens diversas. Até chegar aos olhos do destino muita água passa sob a ponte - muita água suja também. O amor, em letras de tinta azul, fica sob pilhas de livros, guardando o perfume de outros tempos, as recordações de outras, os sentimentos de passadas eras. E lá, escondido, deixa os anos passar com a mesma calma e paciência co que fez presentes infantis, efêmeras lembranças. E quem dirá, muitos anos depois, quando esse amor estiver de frente ao pelotão de fuzilamento da memória, que um dia viveu os tempos de paz? E assim a tinta vai escorrendo entre empalidecimento do tempo, do amor não apro...

O Inferno de Gabriel

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A trilogia O Inferno de Gabriel segue a modinha da literatura pobre e apelativa. Com um enredo um tanto deprimente e composto quase que exclusivamente por clichês, a trilogia deixa muito a desejar no que se refere a qualidade. A história de Gabriel e Julia é semelhante à de Anastásia e Grey, na trilogia Cinquenta Tons. Com referência a Dante e à sua mais famosa obra, A Divina Comédia, a trilogia perde a originalidade que poderia possuir e busca, sob a figura de Dante e Beatriz, arrematar o leitor com citações em italiano e trechos descritivos desnecessários.  A figura paradoxal do homem poderoso e problemático contrapondo-se à da mulher frágil é o elemento principal dos livros e que torna a leitura chata e necessariamente infantil. Não há muito o que escrever, nem mesmo de crítica ruim, porque nem para isso a trilogia O Inferno de Gabriel presta. Não há elementos bons e os maus são suprimidos de forma acachapante pelos clichês que são os livros. E sobre esse "misté...

O deus particular

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Pintura: Kathy with a Yellow Dress. Henri Matisse, 1951 O amor é egoísta. É intrínseco a quem o sente. É fabuloso. É mentiroso e magnânimo em suas manifestações. Dizem que precisamos do outro para amar - e isso é, por si só, uma mentira. No fundo, e de forma inadmissível, necessitamos apenas da representação física do outro. Precisamos apenas de um rosto que traduza o sentimento e de um corpo que ocupe um espaço, em algum lugar.  Todo o resto é bônus ou ônus. Quando se ama alguém todos os erros são perdoáveis, todas as faltas são justificáveis e todas as expressões humanamente possíveis são tratadas como pequenos incômodos de nosso deus particular. Porque quando se ama alguém este se torna apenas e tão-somente um deus particular capaz de mover as ilhas do pacífico, eliminar as doenças e sofrimentos do (seu) mundo e realizar milagres. Para esse deus chora-se, contra ele ira-se, a favor dele tornamo-nos Tersito. Em seu altar deixa-se a alma, as roupas do próprio corpo, ...