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UFS na negritude

O ano letivo de 2014 na Universidade Federal de Sergipe ainda nem terminou e os presentes de 2015 já se apresentam para uma prévia. O corte do Governo Federal no orçamento da educação fez os sindicatos reagirem, e com razão, apesar de os motivos serem bem diversos e nem sempre os mais louváveis. Para apoiar o sentimento de "revolta" que já se instalou entre o meio docente e técnico administrativo da UFS, ocorreu, ontem, com repercussões que ainda vão muito além de data e conversa fiada, a suspensão no fornecimento de energia elétrica da Cidade Universitária, em São Cristóvão. Aulas, Pesquisa, Extensão e a matrícula dos calouros foram alguns dos serviços afetados e que, sem dúvidas, funcionou muito bem para avaliar a possível volta à idade da pedra. Faixas já foram penduradas para uma paralisação dos técnicos administrativos no dia três de março. Os professores só irão aderir, como sempre, se o corte nas verbas os atingirem diretamente. E outras greves podem surg...

Cachorras

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Uma mulher pode destruir a vida de um homem. Este pode matar uma mulher. E todos podem amar intensamente pelo tempo suficiente que durar o amor. Por alguém é possível matar, roubar, destruir e operar milagres - só não é possível fazer este alguém continuar amando. Em Cachorras o leitor é convidado a vivenciar um amor doentio de um homem problemático por uma mulher perfeita, a mais linda de todas, com uma inteligência acima do normal. E mais: o leitor terá que discernir o que é real e o que é mero delírio.  Com características de relacionamentos simples, infantis e cômicos ( tão normais no cotidiano de qualquer cidade), Claufe Rodrigues cria uma teia psicológica complexa em que a relação entre mãe e filho é abalada pela discordância sobre o amor e sobre a vida na velhice; sobre segredos maternos não revelados que podem explicar as diferenças familiares, geradores dos conflitos entre irmãos. Não bastasse isso, Cachorras trata com humor o desespero de um indivíduo apaixona...

Solidão alheia

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Foto: Manoel de Barros, em Menino do mato A solidão alheia preocupa-me. E muito. A minha não - eu leio, escrevo, estudo, ouço álbuns, reflito, planejo, estabeleço e destruo metas, meço o cabelo e por aí; acaba que nem lembro dela, apesar dela estar sempre quietinha na cadeira ao lado. Já a alheia é perigosa. Fatal. Terrível. Os outros buscam outras solidões para sobreviver aos dias, às lembranças, às manias, aos achismos. O problema é que é uma solidão como remédio para outra. É quase como tratar um doente do fígado com cachaça - não sai nada de bom. E o pior: conformam-se com pouco, com maus-tratos, com grosserias apenas para não encararem a realidade inevitável - a solidão não se trata, convive-se com ela. Daí, os resultados imediatos são casamentos frustados, negócios fracassados, discussões drogas, agressões, fofocas, religiões ridículas. A solidão alheia é perigosa porque causa destruição por onde passa. Prefere ferir a sorrir. É motivo e combustível de intrigas. É o de...

Dor da segunda

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Assim amanheceu Palmeira dos Índios As dores de cada um são tão intensas que somente a solidão é capaz de traduzir os reflexos, ão de uma alma doente, mas de sonhos incubados em paredes, fotografias e na falta de vontade. A segunda-feira tem morte, tem alegria, tem realizações e não tem nada, pois, para cada um que vive, exite um movimento reflexivo capaz de explicar e redirecionar cada destino, se o destino realmente for um fator decisivo na vida do homem. É o segundo dia da semana, o primeiro "útil", que o homem toma como reinício de algum acontecimento; como a retomada da vida cotidiana, como se no sábado e no domingo todos morressem  momentaneamente. As dores da segunda-feira são visíveis; são coloridas e tocam rostos e histórias sem que ninguém tenha o bom senso de indagar qual o sentido de viver. Hoje a Venezuela segue seu caminho problemático, agravando a diplomacia, a vida rueira do povo e o Governo de Miraflores segue provocando o colapso nacional. Na ...

O dia conflitante

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O domingo - que dia tão pretensiosamente maravilhoso. Os pobres (de bom senso) já acordam ouvindo o melhor das músicas de botequim falido. Os pobres (de opinião própria) mal abrem os olhos e já buscam o caminho da rua para ter sobre o que falar durante todo o maravilhoso  domingo. Os pobres (de dinheiro) não têm escolha - são obrigados a passar um domingo com a mesma desgraça de vida que têm durante a semana. Entretanto, essas características de comunidade nem de longe superam a mania indissolúvel da prática religiosa que acontece só nesse dia da semana. É católico abrindo a igreja para receber os infiéis que só encontram Jesus por uma hora e meia no mês - e nada adianta porque saem pior do que entraram, não todos, é evidente. São protestantes que abrem suas portas comerciais - igrejas que são negócios e funcionam em pontos comerciais são negócios por adaptação da realidade -; e as que possuem prédio próprio salvam ao menos a reputação da doutrina pregada. É inter...

Ratazanas

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Foto: babaranonato.wordpress.com 16 horas. A hora da fofoca e da vadiagem da "respeitável dona de casa". É o sol se esconder, ou fazer alguma sombra, que algumas mulheres ( e alguns homens) deixam suas casas e novelas vespertinas para ficarem sentadas na calçada - sempre anotando a vida alheia. Aliás, sabendo que a vida alheia é sempre muito mais interessante, elas acabam exagerando na dose, jugando mais que o que não deveria e supondo demais. As calçadas são nocivas; a pior invenção da humanidade - só pela simples razão de serem apoios para mulheres feias, mal-amadas e fofoqueiras. É evidente que tais pessoas não são felizes, não possuem hobbies, são mal fodidas e só querem ridicularizar os outros já que não conseguem rir da própria desgraça de vida. Assim, entre a mediocridade e a infelicidade, as calçadas estão cheias de deprimentes "respeitáveis donas de casa".  E enquanto isso for cômodo as ratazanas da vida alheia estarão lá, lembran...

Quarta-feira de cinzas, Colombina

"Pegue o vestido estampado, guarde pro carnaval Guarde que eu nunca te quis mal Até o feriado quarta-feira de cinzas e tá tudo acabado" Vestido estampado Ana Carolina Não desespera, Colombina, que eu volto no próximo carnaval. Não se descabela que meus reinos são feitos de confetes e meus escravos são máscaras que nunca desaparecem. Deixa as feridas para depressivos; depressões para aqueles que não vivem carnavais iguais aos nossos, Colombina. Pega essas fotos, esses beijos, essas marcas de muros, essa tinta do rosto, esse sol, essa noite e nossa alegria e embala para essa quarta-feira de cinzas. Nossos amores agora são cinzas expostas nas igrejas, nas testas, nos  rostos puritanos do pós-carnaval. Que lástima! Seu vestido, tantas vezes tirado, rasgado, está lindo sob o sol. Sua pele, mordida, manchada de bocas, arroxeada por pressões tantas, é o pergaminho dessa história. Então não diga que não restou amostras de amor, sexo e sacanagem - somos nós e...