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Lua Nova

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Lua Nova , o segundo volume da Saga Crespúculo, segue com o enredo tedioso e melodramático, acrescido da presunção de Bella em relação aos homens principais da história. O sumiço de Edward - pelo bem da frágil e amada Bella -, o crescimento desenfreado de Jacob e sua transformação em Lobisomem e a protagonista vivendo um momento de "recuperação emocional" são as linhas desse segundo volume. O que se pode perceber em Lua Nova é a habilidade feminina, que pode ser generalizada para o outro gênero, em usar outra pessoa para curar um amor ferido, o orgulho em carne viva e um desespero exagerado - geralmente características típicas do primeiro amor. Bella é a representação literária contemporânea do fracasso e do exagero que o homem desenvolve ao submeter-se ao bel-prazer de outrem. Continuando com o enredo cansativo, sem sucesso prático, Stephenie Meyer tenta colocar um pouco de aventura e adrenalina em um livro que sequer chega a ser água com açúcar. O que não deu certo...

Poema final

Grafias antigas Cantigas de ninar e amolar Reviro o baú Imagens sem sons Amores sem dons Desatinos Sou homem Lobisomem Mal-humor Risos e caretas Sou um coração quebrado Um afinado sem piano Desatinado Sou cacos de vidro Perfumes vívidos Batom Tom E no passar do tempo Mesmo com todo atinado É sem rumo Sem lenço E com desamor Que a dor abre alas A paixão deixa a sala E a vida encurta A carga esvai-se E eu resisto.

Sobre a solidão vivida

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olho-Rafael Rodrigo Marajá A solidão é um anjo que nos arrasta para um mundo sem definição. Tem cheiro de terra. Tem corpo de quimera. Tem o tempo como aliado e uma linha do tempo com milímetros tensos. Ver o mundo é abraçar a solidão.  Estar no mundo é conversar com a solidão. Sair do mundo é abandonar os anos de solidão. Os olhos, geralmente, falam muito, com ou sem brilho, sobre as tantas solidões que nos cercam e nos impressionam. E são os olhos que tiram o mar do sertao, a luz do negrume da noite,  o amor da desilusão e faz do tempo escravo. Os olhos solidificam a solidão até que outra solidão apareça para deixar livre o caminho para o desconhecido futuro do depois de amanhã.

Nuvens de cianureto

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Vista do céu. Palmeira dos Índios-AL As nuvens são engraçadas - tornam o dia nublado, descrevem animais e anomalias no profundo céu, somem sem deixar pistas e aparecem ninguém sabe de onde. Alguns gostam de acreditar que são de algodão, outros nem observam suas formas e perguntas. E elas estão sempre lá, no azul ou no chumbo, existindo. Embaixo, na terra, à luz solar, casais caminham em discussões infindáveis, sem saber em que ponto se perderam; mães que esquecem os filhos nas lembranças - e não sabem como voltar para buscá-los; olhos tristes que vagueiam à procura de pelos negros que sumiram, de rostos suados e felizes que se foram, de estados alegres destruídos pela ditadura do egoísmo. Embaixo das nuvens o "deixar de existir" é regra para quem não suporta a alegria de estar bem. E embaixo, sempre e cada vez mais, nunca termina. Queria poder dizer, como faz a Igreja (Padres, Pastores e Idólatras), que tudo vai bem em meio à pobreza de espírito e de material;...

Crepúsculo

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A literatura infanto-juvenil tem uma tendência natural ou ao fatalismo do amor, o primeiro amor e suas "complicações", ou à aventura. De uma forma direta, a segunda opção é a mais aceitável e quase sempre a melhor escrita. No rol dos sucessos inexplicáveis, dada a baixa qualidade narrativa, temos o primeiro volume da saga de Stephenie Meyer, Crepúsculo . Vampiros que brilham, dotados de "boas intenções" e "bom coração", humanos subestimados e uma garota que permeia a tênue diferença entre ser retardada ou ignorante são os ingredientes principais de um livro cuja única finalidade parece ser destruir a literatura e as fantasmagóricas imagens criadas por Bram Stoker .  À parte a maquiagem, o enredo é simplório e defeituoso, cheio de lacunas sequer explicadas pela autora - e que nem lendo nas entrelinhas é possível desvendar. O romance, deprimente, arrastado, dramático e urgente entre Bella e Edward não tem nada demais, aliás, tem de menos se você conh...

Penedos

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Maceió é a representação física de como o homem é capaz de destruir a qualidade de vida, a história e a tradição de um lugar e de um povo sob a fachada do “regionalismo”. Quem conhece a Capital, sabe o que digo. Por outro lado, os casarões e as pedras das cidades históricas como Penedo e Marechal Deodoro possuem um quê de descaso com a história e o povo locais, por parte da Governança, que pouco incentiva a população a viver a história com olhos para o futuro. Em linhas curtas, Penedos ressalta em alto relevo as diferenças entre a antiga e nova Maceió, entre a modernidade e o classicismo de Penedo e as características próprias das terras alagoanas. O enredo da obra, no entanto, revela ao leitor o que é tão normal aos alagoanos – pais ausentes, geralmente de forma deliberada, em conflitos que deveriam ser familiares e uma “culpa” que não impede a perpetuação da mentira e do abandono. Vera Romariz, em seu Penedos , retrata muito bem esse dogma nunca abandonado pela cultura, diga-se,...

"a Bíblia disse..." no ônibus

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Reprodução: Feira de Água dos Meninos. 1965. Di Cavalcanti. Meia hora recebendo os raios solares e meu rosto já estava ficando duro e queimado, excessivamente anormal, no ponto de ônibus em frente ao RioMar. Não o bastante, ainda tinha uma mulher resmungando sobre alguém gastar todo o dinheiro dela. Frente ao inferno iminente, o primeiro ônibus que passou foi a luz no fim do túnel! Até que, muitos minutos depois, indo para a UFS, começa um cara a pedir a atenção de todos. Pensei logo "o cara da Manassés". Não era e pelo menos o meu troco ele não queria. Seu desejo era mostrar todo o poder de Jesus e como todos os males poderiam sumir quando se procura a "pessoa certa". Daí pensei "Jesus bem que podia fazer esse cara se calar, fazer o ônibus ser mais confortável e aplacar um pouquinho o calor". E enquanto eu devaneava, o rapaz seguia seu discurso com "a Bíblia disse à mulher...", "a Bíblia disse...." e eu corrigindo mentalmente...