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Salvos pelo tapa do pessimismo

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  Objeto: Auguste Barre, Medalist: Jules-Clément Chaplain. Met. Um pouco de realidade e pessimismo faz bem. Sempre faz. Muitos de nós, mesmo vivendo na ilusão de vídeos curtos das redes sociais, jamais teremos uma casa de luxo, nunca saberemos como é estar dentro de um carro de luxo e comer alimentos de alto padrão de qualidade.  Muitos de nós, invejando e desejando a arquitetura da casa de um famoso, o carro confortabilíssimo de um "influencer" e a rotina de um multimilionário, passaremos a vida comendo ultraprocessados feitos de químicos com sabor de tal alimento, com a textura de tal produto - sem jamais chegar a degustar o alimento verdadeiro.  Fingimos falar outro idioma quando na verdade sabemos uma ou duas palavras - o suficiente para fingir que compreendemos o que os personagens de séries e filmes medíocres estão falando. No máximo, viajaremos alguns quilômetros e não tocaremos a realidade do nosso próprio país porque a parca educação que recebemos é suf...

A extinção do interessante

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Figura: Bronze statue of a man. ca. mid-2nd-1st century BCE. MET Museum As pessoas interessantes parecem ter desaparecido no mar de reações virtuais dos aplicativos de relacionamento. Tornaram-se extintas, ao que parece. E é esse movimento de extinção de pessoas interessantes o último bastião antes de nos tornarmos ignorantes social, política e estruturalmente. Viciadas em textos de, no máximo, dez caracteres e imagens explicitamente autoexplicativas, as pessoas são apenas números autômatos que reagem ao menor ruído. E sequer se dão conta disso. Não se vê mais paixões por obras literárias, músicas e letristas, leitura e releitura de pinturas, fotografias e filmes. O que se vê, produzido em linha e em um processo contínuo, é simplesmente a reprodução desproporcional e desconfigurada de produtos construídos para e com a artificialidade das máquinas.  E não que utilizar a máquina seja ruim. O próprio desenvolvimento humano requer novas ferramentas e novas formas de interagir...

Orgânico Robô

Não adianta esconder sua coleira virtual. Nas suas roupas, no seu modo de falar, na sua dependência pela aprovação que vem do julgamento alheio e na sua carência agressiva e raivosa - em tudo o que você esbraveja cotidianamente é possível perceber a sua coleira.  Cansando pai, mãe, irmão, filha, vizinho, colega de trabalho você segue tendo sua vida ditada pelos algoritmos do Vale do Silício como um animal abandonado que a muito custo encontrou uma mão de ferro para dominar seu corpo, seus atos e sua mente. Agora você não lê textos maiores que um parágrafo de 240 caracteres, não desvia o olhar da tela na rua, sente a necessidade de tudo gravar, não aproveita o percurso de um processo de crescimento. Agora você é só um robô orgânico que precisa trabalhar para manter o algoritmo. Agora você não é nada além de uma máquina com  necessidades orgânicas e sua coleira virtual sinaliza que sua inteligência está em franca obsolescência.