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Certos dias bestiais

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Foto: Statuette of standing nude goddess. MET. A cada minuto, de certos dias, a gente vai acumulando, sem perceber, quantidades desenfreadas de raivas e ódios diversos - da lama que suja a roupa ao atendente incompetente da lanchonete de fast food , passando pelo professor procrastinador e terminando em casa, com o vizinho ou com o colega de quarto.  O somatório dos minutos culminam, no fim do dia, num sentimento de exaustão em que a burrice alheia, os absurdos ouvidos e as palavras não ditam simplesmente tiram a paciência, muito embora a aparência seja de mar navegável. Certos dias como esses saltam aos olhos a pequenez dos invejosos, a inconveniência dos falatrões e a aberração de uma sociedade composta de gente que tem medo de água e de banhos, da verdade e de deuses distantes. Há que premiar quem suporta, sem reclamar, a bestialidade desses dias - sempre seguidos pela incerteza do que virá no próximo. E há que se dizer, a todos os que cruzam palavras com at...

A questão fundamental

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Arte: The Seated Clowness. Henri de Toulouse-Lautrec. Met.  Não vivemos de política, nem de amor-romântico, nem de problematização de questões sociais e filosóficas. Não vivemos de brisa, nem de trabalho, nem de dramas supérfluos.  Vivemos de comida, sexo, cismas, estresses, metas e responsabilidades - que nos moem de dentro para fora e move-nos em direção ao progresso, senão da humanidade, ao menos pessoal.  Vivemos esperando a transa matutina com os corpos desejáveis de desconhecidos amigáveis; esperando a venenosa comida plástica vendida em programas de TV e redes de fast food; esperamos pelo carro do ano; esperamos pelo momento certo; esperamos pelo instante em que ou agimos ou nos escravizamos à covardia. Compreender que não podemos deixar para amanhã o que deve ser feito hoje é fácil.  Difícil é enfrentar as adversidades e os monstros psicológicos e seguir em frente, deixando-se degradar pela opinião alheia e pela força maligna do atraso e seguir ...