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Como o primeiro domingo

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Arte: The Israelites in Egypt–Water Carriers, from "Dalziels' Bible Gallery". MET. São os primeiros dias do mês e o burburinho sobre os depósitos nas contas bancárias está em alta. Afinal, o dinheiro precisa estar presente para atestar o fato de que nós nos vendemos barato demais para sustentar a vida de luxo de alguns poucos. Mas é domingo - pé de cachimbo, cachimbo é de ouro...- e o calor pede uma praia ou uma sombra na calçada para ver os cristãos neopentecostais desfilarem rumo a igrejas. Por falar nisso, melhor calar sobre a responsabilidade de certos cristãos nas mortes de brasileiros por covid-19, violência periférica, homofobia e racismo - não quero estragar a pretensa idolatria a cada esquina. Ainda não vi meu vizinho neopentecostal - pássaros presos e gemidos à noite é o melhor que ele pode oferecer em termos de fofoca, uma decepção. Talvez, somente talvez, mandem executar as folhas de pagamento amanhã e os assalariados tenham dois minutos de paz - um dia eles a...

Nas ruas imutáveis

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Saindo de casa e dobrando em esquinas e projetos de becos você sempre vai acabar desembocando no centro de Palmeira dos Índios. E não importa de onde saia, sempre vai haver silêncio e fofoqueiras nas portas, abrigando-se do sol nas sombras dos muros e árvores dos outros; vai haver o lixo do sábado - que ninguém recolhe; vai haver as carolas indo à missa ou ao culto e vai haver televisores ligados no programa do Faustão ou da Eliana.  O que você jamais verá será algum movimento útil nas calçadas, casas e ruas. Fui caminhando, dobrando esquinas e passando pela língua do povo até chegar à sorveteria de nome "chique" para tomar um sorvete bonzinho e um açaí lavajoso com mais leite em pó que a fábrica da Sabe no meio do nada em Sergipe.  E não basta as experimentações culinárias! Isso só não basta!  Ainda tem um monte de gente que sai de casa sobre a linha tênue do bom gosto e do bom senso que chega nos lugares como se fosse as ruas-prostíbulos ao lado do mercado da ...

O dia conflitante

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O domingo - que dia tão pretensiosamente maravilhoso. Os pobres (de bom senso) já acordam ouvindo o melhor das músicas de botequim falido. Os pobres (de opinião própria) mal abrem os olhos e já buscam o caminho da rua para ter sobre o que falar durante todo o maravilhoso  domingo. Os pobres (de dinheiro) não têm escolha - são obrigados a passar um domingo com a mesma desgraça de vida que têm durante a semana. Entretanto, essas características de comunidade nem de longe superam a mania indissolúvel da prática religiosa que acontece só nesse dia da semana. É católico abrindo a igreja para receber os infiéis que só encontram Jesus por uma hora e meia no mês - e nada adianta porque saem pior do que entraram, não todos, é evidente. São protestantes que abrem suas portas comerciais - igrejas que são negócios e funcionam em pontos comerciais são negócios por adaptação da realidade -; e as que possuem prédio próprio salvam ao menos a reputação da doutrina pregada. É inter...

Manhã de domingo

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Praia de Atalaia, SE,  em 2013 Seis da manhã. O sol começava a despontar no horizonte de prédios, um deles caído lá na Coroa do Meio, e eu, debruçado na janela do terceiro andar, fazia ligações para o agreste e alto sertão alagoano. Adriana Calcanhoto falando-me de coisas que eu já sabia bem, e muito bem, em um volume alto e em bom som. Adriana, ótima cantora e intérprete. Domingo. Sol. Praia. Um mundo lá fora que começava a acordar para o sol, o chuvisco, uma normalidade que em nada me agrada. Pessoas longe. Lembranças perto. Falas suas. Verbos de outrem. Lista de tarefas. Fila de pessoas esperando um “dane-se”. A massa indo pra um lado, eu indo pra outro. Uma garrafa de vinho às seis e um. Queijo, pães, vinho. Um café da manhã próprio para altos pensamentos, para quem tem o peso de um passado apagado nas costas. Esquadros. Mentiras. Depois de ter você. Se o mundo que acorda soubesse, levariam-me para um passeio à beira-mar, um banho em uma piscina sob o sol que...

Um domingo sincero

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A Cidade do Amor, Palmeira dos Índios, à noite “Então volta, traz de volta o meu sorriso” canta o Araketu em uma das verdades inexoráveis que o homem costuma acreditar, principalmente no domingo, quando a preguiça instala-se entre a porta e a cama. Uma verdade difusa, aberta a contestações. Dúbia. O indivíduo deixa o outro fazer consigo tudo o que ele mesmo permite. E aí, sem razões lógicas, ouve-se, de domingo a domingo, milhares de pessoas reclamarem de seus sorrisos perdidos por esse ou aquele alguém, por aquele ou esse motivo. Tudo uma mera ilusão que vivem por acreditar que outrem pode ser a razão da felicidade. E se o sorriso, que sempre vem junto com a figura de alguém, não mais aparecer? E se tudo acabar, sem aviso? E se uma mensagem de texto, atrasada, chegar revelando todo o trágico fim de uma felicidade? E se essa felicidade nunca existiu de verdade e o que acreditava ser um saudável relacionamento não passou de uma solidão vivida por dois? Da preguiç...

Sua superfície, sua profundidade

As pessoas têm medo de morrer, que em uma viagem de carro a curva seja muito estreita ou que em um dia normal a foice implacável do acaso ceife-lhe sua preciosa vida, mas não se abstém de moverem-se  entre o efeito do álcool e a insanidade da prevaricação com as criaturas mais estranhas que existe. Outras têm medo de cair no abismo do esquecimento que faz com que a famosidade de um dia seja o marasmo de outro; que torna seres inseguros em espécimes indesejados nos meios sociais. Cair no abismo do esquecimento é destrutivo para quem já não tem segurança em sua normalidade, quanto mais para quem faltou a aula de valorização da vida independente de outra. Os medos das pessoas chocam-se com as atitudes estranhas que assumem no cotidiano e que delimitam suas ações. Têm medo da morte, mas fazem ultrapassagens perigosas em trechos de rodovias perigosos; Têm medo de morrer sem uma vida intensa, mas amedrontam-se frente às oportunidades que brotam dentre as mais diferentes vontades al...

O domingo comum

Comumente, adivinha-se, sem muitas deduções, que os problemas amorosos, que geralmente surgem em um domingo – dia de muita ociosidade e tédio - são provenientes da falta de objetivo preguiçoso e egoísta, inerentes à felicidade individual de cada um. Esses problemas não são tão grandes e dramáticos quanto pitam àqueles que não m nada melhor para fazer. São simples, até demais,e estão,via de era, ligados a algum desejo sexual insatisfeito. O amor compartilhado, que tantos desocupados gostam de complicar, é apenas a infelicidade camuflada de simpatia eu faz o tempo - a maior riqueza do homem - ser desperdiçada abundantemente.  Assim, o que é possível perceber e um amontoado de gente é que as discussões de relação – DR’s -, os ciúmes – inclusive té de quem nem se tem nenhum ipo de relação afetiva ou sexual – e o desperdício do tempo poderiam ser facilmente resolvidos na cama, como costumam afirmar uns, ou em uma leitura altamente despretensiosa, mas boa e instigante, e algum escrito...

Batalhas mil

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O óleo saltita entre o metal quente e as gotículas de água, incrustadas na carne gelada, em uma frenética dança extremamente quente e perigosa. Para tantas ilusões sobre como queimar a carne de maneira que o sabor não fugisse ao bom gosto. E foram lutas ardentes de um lado e de outro. Os flancos sempre perdendo e o centro da batalha nada tinha de vencedor. Entre semiqueimaduras, estilhaços de carne e muita destruição, o tempo fez passar entre os combatentes suas perspectivas de vitória e derrota. A ajuda chegou rápida, embora sempre gargalhando sobre como uma coisa tão pequena se transformara em algo tão divertido e peculiar. A arma mais poderosa usada, então, foi a orientação de uma árdua combatente, acostumada a vencer a luta travada contra um fogão, uma panela e a ousadia dos fritantes! Por meio de ondas de internet , a feitiçaria atravessou montanhas e rios, percorrendo uma distância incrivelmente grande, e fez cair, vencido, a coisa ousada. Ah, essas feiticeiras ! ...

Pais e filhos: Momento inseguro

Pais e Filhos - Legião Urbana A maravilhosa data do dia dos pais trará mais um “belo” reencontro entre pais e filhos. No Brasil, onde a justiça se mostra benévola para com os presidiários e familiares, as ruas já começaram a lotar de facínoras. E no clima pouco agradável do comércio pouco aquecido, mais o agravante de assaltos e de todo tipo de banditismo, comemore essa data. Exponencialmente inferior à datas passadas, como dia das mães e festas juninas, o dia dos pais parece que será, mais uma vez, um pretexto para desafogar o sistema carcerário nacional. Sendo, pois, o caminho inverso do que se poderia chamar de justiça, a saída de presidiários não significa, propriamente, uma forma de humanização e reintegração daqueles na sociedade. Pague-se o que deve, apenas. Sem alardes e sem tentar humanizar o que não se pode. Evidentemente não se enquadra todos os detidos, mas uma parcela grande o suficiente para fazer aumentar, dependendo da cidade e da população, de forma ...