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Temores

Quantas batalhas fracassadas você venceu? Quantas guerras inúteis precisou batalhar? Quantas foram as tentativas vãs de expressar uma alegria artificial? Quantos de si precisou ser para sobreviver a injustiças, a amores ingratos, a palavras soltas? Quantas interrogações sem respostas? Quantas cartas de despedidas? Quantas tentativas de suicídio? Quantos cortes na pele? Quantas lacerações no espírito? Quantas igrejas? Quanto  fé perdida? Quantas crenças efêmeras? Quanta opressão? Quantos inimigos? Quantos amores eternos? Quanta consideração? Quanta fome? Quanta vergonha? Quanta humilhação? Quanta inveja? Quanto barulho ignorado? Quanto de si foi ignorado? Quanto suor desperdiçado? Quantas traições? Quanto silêncio?

Feminismo putiano

O feminismo não é o que grupos reacionários e paranoicos de mulheres de beleza duvidosa prega. Não é buscar um empoderamento a qualquer custo, cujo saldo deixa como resíduos pernas cabeludas, barrigas e pernas flácidas e um desejo sexual reprimido. Se o feminismo fosse o que esses grupos pregam então teríamos mulheres bipolares e com uma latente hipocrisia em que dois mundos mutuamente excludentes - o da submissão sexual e o do empoderamento moral - ocupariam a mesma cama sempre que encontrassem um macho não-feminista para gozá-las em tórridas noites de sexo e depravação.  Nesse contexto, o feminismo assumiria outro caráter ou simplesmente deixaria de existir para dar lugar a mulheres submissas,  sexualmente dominadas e moralmente "rebaixadas" à categoria deliciosa e ordinária de putinhas de seus machos. Graças aos deuses regentes da luxúria e da depravação que esses grupos de mulheres não sabem o que é o feminismo e usam tais aglomerados apenas para esconder a in...

A negra

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A negra tirou o short e deitou na cama. Seu cabelo cacheado cascateava pelos ombros. Seu corpo, negro, firme, rijo, acomodou-se ao colchão. Ela tinha o suor da caminhada. Tinha o cheiro do viço. Debrucei-me sobre ela, beijando-lhe as coxas, chupando-lhe a pele e sentindo seu calor.  Deitada de bruços, ela arrepiava-se ao toque da minha língua. Seu calor, seus gemidos, aumentavam à medida que subia-lhe pelas curvas das cochas e encontrava sua bunda, seus pelos arrepiados. Ali o negrume tinha a cor de âmbar, e olhando-a assim, aquela bunda arrepiada, firme, o sangue afluía-me pelos dedos, pelas veias, aquecendo-me as faces, as mãos, o baixo ventre. Ali entre as nádegas, grandes, seu suor embriagava-me de desejo e, lambendo-lhe, sorvendo seu suor, descendo a língua entre suas nádegas, sentia-me possuído pelas forças mais insanas da carne. Ela inquietava-se à medida que lhe lambia, que minha língua percorria por entre suas nádegas em direção àquele calor, àquele cheiro, àquele...

Todo corpo é perfeito

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As dietas existem para acorrentar as mulheres à  vão expectativa de que os homens e as outras mulheres gostam de ver um corpo magro. A indústria da moda tem sua parcela de culpa. Os preconceitos também. E quando observamos as relações na prática o que vemos é que as ditas gordinhas saem ganhando. E digo ditas gordinhas e ainda assim acredito ser um termo injusto. Mulheres com seios fartos e bundas redondas e avantajadas, ou até mesmo nem tanto assim, já são classificadas como gordinhas. Gordinhas são bonitas. Não gordinhas também. Outro dia, saindo do mar da praia de Atalaia, em Aracaju, me deparei com uma surfista de atributos fartos e brasileiramente linda. Saía do mar carregando a prancha de surf, preocupada com a hora e, ao sol do fim de tarde, representava muito bem essas paixões fulminantes que nos abate e nos consome à beira-mar e que deixa o desejo e a lembrança do querer sempre mais.  Ela passou, falou, sorriu e foi embora. Eu segui o meu caminho. E e...

Desprezo em arquivo

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Então a noite entra pelo relógio adentro e o calendário muda a folha do dia. Algumas coisas aparecem e outras desaparecem. Outras, ainda, nem somem. Só crescem. Uma delas, sem esforço, é o desprezo. Uma indiferença tão grande que rompe a linha entre o ontem e o hoje, do amor e do ódio, do caso e do acaso. Um desprezo que emana de todos os poros e embebeda o ser desprezado. Faz esquecer que existe desprezo e liberta o corpo e a mente. O ser desprezado, inocente, não sabe o quanto mal corre respirando, ou se aproximando. Desprezo é arte. É estarrecedor. É docilmente cruel. É ridículo. É recompensador. Assim, entre os amores que a vida traz de presente, o desprezo que se cultiva no lado esquerdo do peito é a expressão mais clara da oposição insana que é a falta de amor próprio que os poetas chamam vulgarmente de paixão, ou mais feio ainda de amor. Os números digitais do relógio evidencia a frieza guardada, o ócio do ódio, a raiva fermentada e destilada em uma mente que dorm...