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Hits

Na casa de frente o som saía por entre as frestas inundando a rua com um funk delicioso em que a boceta de uma mulher ideal sobe e desce em um mastro negro periférico.   Na casa ao lado um sertanejo avisa que está abraçando uma garrafa e que não quer parar de fazer isso.  Na casa entre essas duas uma macia e deliciosa boca sobe e desce entre as pernas de um pardo, fazendo com que gemidos guturais sejam expelidos por um safado a mais no mundo. Sentindo o gosto do sexo, sugando o sexo, sendo o próprio sexo, ela deixa o calor opressivo de lado e banha-se em porra e suor. As casas vizinhas atiçam os transeuntes com mensagens diretas ou subliminares de sexo e poder enquanto que ela vive o sexo e o poder ao som das fantasias daqueles que esperam um dia saber o real significado de hits tão deliciosos.

A mariposa

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Alguns seres são incríveis! Vivem suas vidas com a rotina escrita pela natureza, acrescida das modificações que o homem tão notadamente insiste em fazer. O homem e seus brinquedos demoníacos... Há não muito tempo estava sendo cozido pela noite abafada de Aracaju, em um dos blocos de apartamentos construídos quando era mais fácil ser "chique" e morar em uma caixa pré-moldada do que em uma casa razoável, em alguma cidade - ainda que muito limitada tecnologicamente-, quando uma mariposa (a da foto) entrou pela janela e circulou pela sala, espalhou a poeira da lâmpada, pousou na tela do aparelho de TV e sossegou na parede. E lá ficou. Lá passou a noite. E enquanto o calor cozinhava minhas células, a Globo transmitia Homeland e alguém estudava cálculo III notei o quanto somos irresponsáveis ao querer enquadrar o mundo, ao nosso redor e muito além, nos parâmetros limitados que conhecemos, estabelecendo limites cada vez mais restritos com medo de que o novo ouse quebrar ...

Passeio no jardim gritado

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Noite Abstrata Sair às ruas no Jardim Rosa Elze ainda é uma aventura inenarrável! Impressionante não só pela quantidade de novas edificações que surgem a cada dia - sempre mais diminutas e simplórias, caríssimas e feias -, mas pela quantidade de Igrejas, Casas de Oração e aglomerados que dizem que estão louvando o Senhor - às vezes pergunto-me: qual Senhor, especificamente? Não sem estranhismo, a gritaria que se desenvolve em determinadas noites é mais assustadora que a solidão das ruas - nem tão perigosas, às vezes - às 3h de uma manhã sempre quente e escura desse recorte de São Cristóvão. E é uma gritaria tão aterrorizadora que a única explicação para o pacifismo, diante da violência de outras regiões dentro do mesmo bairro, é o  medo dos facínoras ante ao muito e desrespeitoso louvor.  Com Igrejas e similiares demais para as primeiras ruas e para a quantidade de habitantes - na maioria flutuantes - do que se pode dizer do Rosa-Elze-Puro, é difícil imaginar se...

Nosso Sertão, nosso Litoral, nosso povo!

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Que falta faz nossos escritores! Que falta faz nossos cantores! A grandiosidade da literatura brasileira é tamanha, que o possível não é capaz de suportar as maravilhas, traduzidas em palavras, de nossos mestres. A Bahia de Jorge Amado e suas  magníficas histórias envolventes em cada vírgula, cada ponto do Pelourinho e do Tabuão, da Baixa da égua e da Baixa Sapateiros, de Tabocas e do Mata Gato. Os gostos, o suor e o Cacau, o Carnaval e a religião, tudo é explicitado com o mesmo sentido e intensidade que no ato realizado, em dias passados. O sertão de Guimarães Rosa, latente, vivo, ocupante do espaço físico e cultural capazes de sobrepujar os limites fronteiriços do Goiás, das Minas Gerais, do Brasil. O diabo e Deus nos caminhos incertos de personagens destemidos, mas medrosos e dispostos. De Jorge a Guimarães encontramos Diandorins, Jucundinas, Miguilins, Manuelzões, Jagunços, Dinheiro e Morte.  Luta após a morte, duelos antes da ida definitiva, mulheres mil e c...