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As trevas de hoje, a boemia de ontem

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A boemia, antes exercício natural de muitos daqueles que hoje temos como ícones literários e musicais, tornou-se um argumento desfavorável à confortável vida tranquila e produtiva do nosso cotidiano. E talvez seja isso o que torna as produções artísticas medíocres, acarretando em um insignificante diferencial no mercado de trabalho.   É durante a noite que as ideias podem fluir mais calmamente, ou não, e abundantemente. Que se pode reinventar métodos. Resolver conflitos e definir novos métodos produtivos. Nessa ausência efetiva do sol  a qual chamamos de noite, é que se pode, com a clareza de quem conhece a si e seus problemas, provocar as revoluções na música e na escrita, que sempre influenciam gerações. Mas a boemia quase acabou. Nos bares, quem sobreviveu à onda das redes sociais, não mais inova, apenas  trata de não esquecer o que viveu - enquanto o álcool permite. Nos passeios, a violência  - que dizem ser maior hoje que ontem - espantou os casais pú...

A longa vida

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Acordar precisa ser um exercício de satisfação. Para ser uma satisfação é preciso que se tenha a preguiça de querer acordar e, ao fazê-lo, sentir o ar gelada da madrugada invadindo os pulmões, deixando para trás o rastro de uma pequena dor gelada pelo nariz. Acordar não pode ser só abrir os olhos e fazer, mecanicamente, os mesmos movimentos, ter os mesmos pensamentos. É algo que tem que retirá-lo da monotonia de um sonho, ou simplesmente da escuridão do sono profundo e o jogue-o para toda a vida que pode ainda estar dormindo quando seu maior instrumento despertar. Por que não acordar na madrugada? Por que dormir rotineiramente no mesmo horário, perdendo tudo o que o silêncio e o verdadeiro início da manhã tem para oferecer? Acorde! Olhe para a vida e diga-lhe sobre tudo o que se passa, sem perder nenhum detalhe. Desligue tudo e caia em si, com o ar frio do começo de mais um dia? Não. Assim como cada noite, os dias não podem ser mais um. Mas o dia em que tudo dará cer...