A longa vida




Acordar precisa ser um exercício de satisfação. Para ser uma satisfação é preciso que se tenha a preguiça de querer acordar e, ao fazê-lo, sentir o ar gelada da madrugada invadindo os pulmões, deixando para trás o rastro de uma pequena dor gelada pelo nariz.
Acordar não pode ser só abrir os olhos e fazer, mecanicamente, os mesmos movimentos, ter os mesmos pensamentos. É algo que tem que retirá-lo da monotonia de um sonho, ou simplesmente da escuridão do sono profundo e o jogue-o para toda a vida que pode ainda estar dormindo quando seu maior instrumento despertar.
Por que não acordar na madrugada?
Por que dormir rotineiramente no mesmo horário, perdendo tudo o que o silêncio e o verdadeiro início da manhã tem para oferecer?
Acorde!
Olhe para a vida e diga-lhe sobre tudo o que se passa, sem perder nenhum detalhe. Desligue tudo e caia em si, com o ar frio do começo de mais um dia?
Não. Assim como cada noite, os dias não podem ser mais um. Mas o dia em que tudo dará certo, ainda que  de uma maneira incompreensível.
O dia vai acabando. A noite estar por vir. Depois a madrugada. E gastará todas as oportunidades com a rotina?

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