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O antibiótico para o defunto

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Tem dias que parece que estamos em uma novela tragicômica que somente a literatura brasileira pode produzir e que sai da criatividade do semiárido baiano. Hoje mesmo a rotina estava naquela tranquilidade das terças-feiras invernais que não sabe o limite da realidade  quando, lá para o fim da manhã, no minuto exato quando o almoço de alguns esfriava no prato e outros passavam a fome do meio-dia devido ao sistema massacrante do capital financiador do bolsonarismo, repentinamente, fotos de coroas de flores chegam no aplicativo de mensagens instantâneas.  Quem morreu?  Ninguém sabia! E nem tão rápido quanto o recebimento das mensagens, descobriu-se. Lá para as bandas de Irecê um defunto esperava, putrefazendo-se, suas coroas de flores e sua roupa fúnebre para que os curiosos pudessem dar a última escarrada verbal em sua face antes que se transforme em adubo orgânico. No meio da madrugada, porém, uma pessoa agoniada e que perdeu a hora, foi lá e pegou a última reverência ao mo...

A força insolente

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Eu poderia dizer, ébrio como os amantes da madrugada, tal qual o poeta, que a casa é sua. E, recordando fantasias que só existem na deturpada lembrança de tempos idos, poderia invocar uma realidade descabida e órfã. Mas a infernação acabou.  Não existe mais delírios amantes ou fantasiosas realidades. O amor, que nunca existiu, deixou o espaço livre.  Os quadros de vulva, da mesma ordinária vulva, deram lugar a falos de todos os tipos.  Agora é a madrugada boêmia, desejos pululantes que tomam conta da rua, palavras que surgem depois dos atos (nunca mais o contrário).  E posso ver seu sangue pulsando de ciúme e ira a quilômetros de distância como se eu fosse um tubarão sempre faminto e você, destituída de toda a humanidade, um animal sangrando em mar aberto. Eu vivo em mim e para mim em meio a xerófilas, negros costados, fortes pernas. Eu tenho em mim a força da semiaridez e o timbre do vento nas folhas secas. Eu sou o desejo encarnado e a própria tormenta ...