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Condomínios sempre são favelas

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Obra: 1886. Perkins Harnly. Metmuseum.  Prédios, por mais sofisticados que possam parecer, é apenas uma releitura dos barracos de papelão e sucata que outrora fizeram os morros ocupados indevidamente serem chamados de favela. Se nos barracos de tijolos, papelão e sucata que vemos nas periferias de grandes metrópoles não há privacidade, dignidade e vida digna não é em sofisticados barracos que esses critérios de sobrevivência são encontrados.  É bem verdade que quanto mais você gastar em um barraco sofisticado, comumente chamado de apartamento, mais terá um distanciamento do seu vizinho da frente, de cima e de baixo e poderá viver em um submundo psicodélico em que quanto mais alto for o seu barraco mais "rico" será entre os seus pares. Doces ilusões criadas pelas imobiliárias e incorporadoras para justificar o empilhamento de seres humanos a preços altíssimos e com pouquíssima liquidez do dito imóvel. Nas favelas os vizinhos se conhecem, sabem o que acontece nas imediações...

Vizinha(s)

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Cond. Eucaliptus Do outro lado do quarto, no quarto do prédio vizinho, a vizinha troca de roupa. Tira calça e blusa. Refresca-se do calor. Faxina o quarto. Excita os homens do último andar do prédio de frente e irrita as mulheres do andar de baixo. Mistura a vida íntima à publicidade de celulares, fotos, sonhos e hormônios. A vizinha olha pela janela, abana-se com a mão, tenta decidir se veste a blusa branca ou a jeans. Decide tirar o sutiã. Vira-se. Revira-se. Veste-se e despe-se de novo. A vizinha é promiscua sendo natural. É gordinha com o vidro da janela, dela, fechado, e engraçada com ele aberto. Todos os dias a vizinha chega, tira a roupa e anda nua pela casa. Ela oferece água, lanche. Convida para uma tarde tórrida, com entrada pela janela do terceiro andar. A TV sempre ligada para abafar os ruídos da avenida, não os de dentro do apartamento. Sempre os de fora. A vizinha, de baixo, é sempre muito simpática, muito bonita, mas ela não anda nua. Ela não tem chance. A viz...