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Mostrando postagens com o rótulo Pablo Picasso

23:47 - Traição*

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Quadro: Seated Harlequin. Pablo Picasso. 1901. Metmuseum Falar é o começo de qualquer bar cheio de bêbados sem casa, agitando a animada conversa no outro lado da rua sem o pudor da intromissão em particular discussão de ex-amados. Na gesticulação de palavras ofensivas estão os casos segredados jogados ao chão como coisas sem valor certa vez ganhadas. E assim enganam os dois em frente a um bar no subúrbio presente do adeus querer bem. Sons são ouvidos entre quentes deslocamentos de ar entre mãos e braços no evitar de um escândalo ainda maior que destrua de uma vez por todas seus últimos resquícios de respeito e bem querer. Para nem mesmo resguardar sua dignidade, não mais una, ser vista no esgoto abaixo, indo embora com o respeito próprio de dois seres em descomunhão está outra história desfeita em outra cama desconhecida na porta frágil de um bordel contemporâneo à moda antiga da rua sem asfalto no endereço do acaso. Vai mais uma vez outra forma de trair encorajada pelo inst...

22:22 - Espera*

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Quadro: At the Lapin Agile. Pablo Picasso. 1905. MetMuseum. Abrir a porta é um gesto mecânico, involuntário. E quando o denso material abre trazendo a luz de fora, que inunda recantos e paredes, a alegria de uma visita me enche de alegria e de uma satisfação incomensurável, distinta, linda. Alegria transpira pela minha pele e chega em um sorriso escancarado para alguém que não veio e que parece não vir. A porta abriu-se para uma esperança. A luz entrou sem licença e trouxe consigo só mais um estado de espera cuja alegria desvaneceu-se nos tantos momentos de expectativa. Mas você não veio, nem mandou avisos de impedimentos. Por que você faz isso? Quando a noite vai chegando e o ocaso aparece para trazer o descanso de um dia intenso, ou preguiçoso, espero para contar-lhe todas as minúcias que ocorreram no trabalho, ou nos sonhos. Faço café para uma boa conversa. Compro o pão quente na padaria lotada antes de chegar e peço para que nada aconteça nos minutos do fim de tarde, par...

Falta-nos excentricidade

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Harlequin. Pablo Picasso(1881 - 1973) A matemática é cheia de grandes nomes e muitas das facilidades que desfrutamos são oriundas de estudos e perturbações no espírito de indivíduos que existiram e que não se conformaram com o mundo do jeito que era. Nem sempre o mais célebre gênio era, ou é, o mais feliz e bem resolvido. Alan Turing, precursor da Inteligência Artificial e a mente brilhante que destruiu o mistério da Enigma, tinha seu quê de amor não correspondido e terminou seus dias tal qual a Branca de Neve. Wronski (1778-1853)era mais filósofo que matemático e sua contribuição para a matemática foi o chamado Wronskiano, teorema que fornece a condição suficiente para definir se uma Equação Diferencial é ou não linearmente independente, e tinha crises de insanidade. Insanos e excêntricos, a matemática está repleta deles. E nós, não menos excêntricos e insanos, esquecemos como o devaneio e as asas da imaginação podem criar o impossível. Pode-se até argumentar que a s...

Reflexão enganosa

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Self-Portrait. Pablo Picasso (1881-1973) Vez ou outra cometemos pequenos enganos. Enganamos o cérebro errando na escrita e em suas muitas regras (que na verdade não são tantas assim, nós é que não estudamos direito e gostamos de reclamar). Enganamos os olhos olhando para coisas distantes e inalcançáveis como se tudo o que está próximo fosse irrelevante (esse ledo engano!). Enganamos o paladar queimando-o com refrigerantes. Enganamos as vidas com visões de mortes que escapam dos muitos amores que sequer chegam a acontecer. Enganamos a memória tentando esquecer. Essa “vez ou outra” é tão recorrente que é uma perda de tempo tentar acreditar que tudo isso é fantasia para um post de um dia qualquer. No entanto, quantas datas são insensíveis ao esquecimento? Quantas formas de depreciar a si e a outrem desenvolveu hoje? Quantas maneiras de errar foram sugeridas e cometidas? Nossas fantasias são frutíferas se empregadas para o bem comum, traduzido em arte, literatura e cinema. Fa...

Eroticamente

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Erotic Scene (Know as "La Douler"). Pablo Picasso. O erotismo é essencial! Morremos por amores que se desfalecem em camas, lençóis, curvas e estados de espírito. Morremos em braços alheios para acordar em uma realidade nua e crua onde os cheiros do suor e da vida não perdoam o exercício das palavras e das vidas que se revelam simples e pequenas diante de uma imensidão de problemas e simplicidades. Precisamos do erotismo para imaginar, desejar o que não vemos e realizar proezas. O mundo é movido pelo erotismo e por sua consumação que debilmente chamamos de sexo. Ato sexual. Dane-se o sexo! A essência é fantasiar e lembrar, relembrar e lembrar mais uma vez até que a perfeição seja atingida, elevada ao nível mais alto do ideal. E então, caindo na realidade em que as cores não brilham tanto, percebe-se que o alto é longe demais e o que está mais próximo é só uma questão de saber como utilizar.

Questão fundamental

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Quadro: Woman in White. Pablo Picasso. Há uma pergunta existente entre o cérebro, os olhos e as veias que definem tudo aquilo que fazemos, ou possamos realizar um dia. Um questionamento tão forte e persistente, quando deixamos que ele se manifeste, que é quase impossível saber onde começa o presente e termina o futuro. Tal pergunta também é perigosa, altamente destrutiva quando não se sabe onde se pretende chegar ou em que direção seguir e, por essa razão, respondê-la é uma honra, mesmo sendo desorientado pela resposta, que muitas vezes está à espreita. Você é feliz? Essa simples e pequena oração é a questão fundamental para qualquer ser humano. Para satisfazê-la criamos poemas, procuramos em outrem a solidez de uma certeza, estabelecemos conexões com a arte e com a ciência e nem sempre conseguimos obter uma boa resposta. Sempre queremos dizer que sim. E dizemos sim mesmo sabendo que é uma das maiores mentiras já contadas. Queremos, ansiamos desesperadamente, ser felize...