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Distração temporal

Quando o tempo decide passar nós não nos damos conta. Ele passa vagarosamente quando queremos que vá rápido. E rápido quando não prestamos atenção nele. O perigo reside justamente nessa desatenção. Quando vê as semanas correram, as estações mudaram, feridas cicatrizaram e cicatrizes sumiram. E no silêncio de tudo aquilo que se resume sob a alcunha de 'coisa' deixamos de, sem esforço e sem notar, de nos importar com a mesquinhez de outrora, ou por que ela se transformou em histeria ressentida ou ira contra tudo o que não é nossa caricatura. Os outros deixam de ser corpos e tornam-se espaço. Flores morrem. Cinzas espalham memórias. E o tempo não pára, como cantou o poeta. O tempo, cruel em sua marcha sem descanso, segue restituindo nossa única saída - a distração.

Malandragem para nós!

Quantas chances desperdiçam todos os dias com diminutas e desvalorizadas manias! E o mundo é um amontoado de manuais: para escrever, para falar, para comportar-se bem, para não fazer isso ou aquilo. E de que vale tantas folhas vazias de vida? Por acaso tem feito algo mais que ler e tentar entender o que é permitido e o que é proibido para a nobre opinião de um e outro que pode, não raro, se julgar mais sábio? Sabedoria é ir passando e dando sorrisos, irônicos, sinceros, despreocupados e mostrar a si que não importa o que digam ou o que façam: a graça pé a surpresa! E em mais um dia foram todos trabalhar, brigar com o trânsito, fazer intrigas nos setores de trabalho e planejar a vida medíocre de mais uma noite rotineira. E no meio disso, onde está aquela descontração de desviar-se do caminho habitual, entrar em um cinema, ou ir a uma praia qualquer, ou simplesmente entregar-se à preguiça voluptuosa? Aos que provocam o mundo, como o inesquecível Nelson Rodrigues, que...